Caraguatatuba, no litoral norte, é a cidade com maior número de mortes causadas por arma de fogo dentre os 46 municípios do Vale do Paraíba e região bragantina, segundo dados do Mapa da Violência 2013 do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), divulgado nesta quarta-feira (7).
A cidade litorânea ocupa a posição 125 no ranking nacional de mortalidade com média de 41,3 mortes - a taxa nacional é de 20,4 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes.
O levantamento tem como base os dados do Ministério da Saúde referente ao período entre 2008 e 2010. Os dados consideram homicídios, suicídios e acidentes, pela ação de armas de fogo.
Na região são 17 cidades entre as mil primeiras do país no levantamento que abrange 5.565 municípios. Foram ranqueadas apenas cidades que tinham mais de 20 mil habitantes em 2010, caso de 19 dos 46 municípios do Vale do Paraíbae região bragantina.
Nazaré Paulista e Joanópolis, ambas na região bragantina, assim como Caraguatatuba, também apresentam índices acima ou iguais à média nacional. Elas contabilizam média de 25,3 e 20,4 mortes por arma de fogo a cada grupo de 100 mil habitantes, mas como a população é menor, não foram ranqueadas.
Aparecida, no Vale do Paraíba, contabilizou média de 19,3 mortes a cada lote de 100 mil habitantes e ficou na 448ª colocação do país. Foram 20 homicídios com armas de fogo entre 2008 e 2010.
As duas maiores cidades da região, São José dos Campos e Taubaté, contabilizaram índices menores, respectivamente 10,3 e 16,4.
A média de óbitos por arma de fogo no Estado de São Paulo é considerada baixa, de 9,3. A capital paulista está na colocação 788 com taxa de 11,4 mortes. As duas cidades com maiores índices no Brasil foram Simões Filho (BA) com 141,5 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes e Campina Grande do Sul (PR) com 107.
Análise
O sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa, atribui os altos índices de violência à facilidade de adquirir armas de fogo e à impunidade. "Temos uma quantidade enorme de armas privadas em circulação. O número é estimado em 15 milhões, sendo que destas, 8,5 milhões não são registradas. Além disso, a cultura da violência está enraizada, a maioria dos homicídios no país são cometidos por motivos fúteis", disse o especialista ao G1.
Sobre a impunidade, ele destacou que o índice de esclarecimento de homicídios em todo o país é baixo, em média 6%. "Nos países desenvolvidos, este mesmo índice varia de 60% a 80% e isso inibe os criminosos", explicou o sociólogo.
Litoral
Sobre o elevado índice em Caraguatatuba, o delegado seccional do litoral norte, León Nascimento Ribeiro, defendeu que apesar de elevados os índices são de 2010 e estão atualmente em queda. "Tivemos oficialmente 33 homicídios em 2010, 42 homicídios em 2011 e 29 crimes deste tipo em 2012. Estamos em uma ofensiva constante para baixar ainda mais os índices de criminalidade", disse o delegado, no comando da seccional desde março de 2012.
Entre as ações estariam o aumento de diligências, parceria com a Polícia Militar, principalmente no combate ao tráfico de drogas, um dos crimes que ajudam a impulsionar os índices de criminalidade. Ele destacou ainda que em 2012 foram apreendidas 143 armas de fogo no litoral norte, a maioria delas irregulares.
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