Aumento do preço do tomate: monocultivo e latifúndio desempregam o povo do campo e acabam com as roças voltadas para a produção de alimentos
No último ano, o preço do tomate subiu cerca de 150%. A imprensa culpa o clima e os custos de transporte para esse fato. Mas estaria aí a explicação? Vejamos alguns dados, tirados do último IBGE.
70% dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar. Realizada em pequenas propriedades, em geral pelas próprias famílias, diferentemente da agricultura patronal. Essas pequenas propriedades representam cerca de 84,4% do total, mas ocupam apenas 24,3% da área agricultável no Brasil. As outras 15,6% de propriedades ocupam 75,7% da área agricultável nacional, são os latifúndios.
Esses latifúndios, produzem apenas 30% do consumo nacional agropecuário. Apesar de suas enormes dimensões eles não estão voltados para alimentar o povo brasileiro. Sua orientação maior é para o lucro e o que tem dado mais lucro a eles é a produção de soja para fazer, por exemplo, ração para os porcos na Europa.
Além disso, a agricultura familiar reponde por 74% do emprego de toda mão-de-obra formal no campo, enquanto o agronegócio emprega apenas 26%.
No entanto, a prioridade do governo não é garantir a alimentação de seu povo com qualidade e a um preço barato. Atualmente, a agricultura familiar, também conhecida como agricultura camponesa, recebe apenas 14% de todo crédito disponível para o setor agrícola, enquanto os 86% restantes ficam com a agricultura e a agropecuária de extensão, também classificados como agronegócio.
Portanto, o elemento central para a alta dos preços dos hortifrutis e do tomate (que tem sido tão falado) não é São Pedro. O responsável é o monocultivo e o latifúndio, que desempregam o povo do campo e acabam com as roças voltadas para a produção de alimentos, substituindo-as por plantações de soja. E o pior, o governo é cúmplice dos latifundiários, pois financia essa expansão.
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