Um velho conhecido do eleitor paulistano arrumou novas companhias para voltar à cena política como candidato a prefeito em 2012.
Depois de 15 anos ao lado de Paulo Maluf, o ex-deputado Celso Russomanno, 55, rompeu os laços com o padrinho e deixou o PP para se filiar ao PRB, sigla nanica controlada pela Igreja Universal.
À primeira vista, a aproximação pode causar estranhamento. O apresentador de TV cresceu numa família católica e tem um perfil distante do estilo de vida pregado pelos bispos: namorou capas da "Playboy" e começou a carreira vendendo fitas com cenas picantes do carnaval.
De perto, o casamento parece ser "bom para ambas as partes", como dizia o bordão que o alçou dos programas populares à política. O PRB buscava um puxador de votos, e Russomanno percebeu que o malufismo parou de render dividendos nas urnas.
Russomano (à esq.) dá as mãos para o Bispo Jean Madeira, presidente estadual do PRB em evento da sigla |
"A melhor coisa que eu fiz foi mudar de partido. Você não sabe o que é ter que carregar nas costas o peso de um Paulo Maluf...", suspirou, ao deixar um ato do novo partido no fim de novembro.
Faltavam quinze minutos para a meia-noite e Russomanno saía de um encontro com cerca de 300 jovens fiéis, numa faculdade particular em Santana (zona norte).
"Este evento tem o intuito de apresentar o nosso pré-candidato a vocês", disse na abertura o bispo Marcos Pereira, homem de confiança de Edir Macedo que há sete meses trocou a cúpula da TV Record pela presidência do PRB.
Atribuindo o número 10 da legenda a "uma bênção de Deus", ele pediu votos para o novo aliado e disse que, no cenário sem Marta Suplicy (PT), ele dividia com José Serra (PSDB) a liderança da primeira pesquisa Datafolha, divulgada em setembro.
"E quando tiram o Serra, que ninguém sabe se vai ser candidato, o Celso fica em primeiro lugar!", completou, tentando animar a plateia.
Dos oito cenários pesquisados, Russomanno lidera três, com até 21% das intenções de voto. Mas ele sabe que a posição inicial se deve ao recall da campanha para governador no ano passado, ainda sob as asas de Maluf.
Num partido pequeno, terá que atrair outras siglas para suportar a pressão do ex-presidente Lula, que quer o apoio dos bispos a Fernando Haddad (PT), e não despencar rápido nas pesquisas.
O pacote do PRB incluiu a promessa de um programa na Record, que deve estrear nas próximas semanas. "O convite da TV foi anterior ao do partido", diz o ex-deputado.
"Mas isso não tem mal nenhum. A única coisa que o Celso Russomanno fez a vida inteira foi televisão", afirma, falando de si na terceira pessoa. "Vou sair do ar na data em que a lei eleitoral exigir."
O pré-candidato diz que a amizade com os bispos precedeu a política. "Fui o primeiro funcionário contratado depois que o bispo Macedo comprou a Record da família Machado de Carvalho."
Sobre as ligações do PRB com a Universal, ele afirma: "Não é um partido que só aceita quem é da igreja."
No último dia 18, a sigla convocou seus dirigentes e parlamentares paulistas para traçar as metas da campanha à prefeitura.
Além do presidente Marcos Pereira, participaram o deputado federal Antonio Bulhões, os deputados Gilmaci Santos e Sebastião Santos e o vereador Atílio Francisco.
Os cinco, sem exceção, são bispos ou pastores da igreja.
Gilmaci Santos, que preside a sigla no Estado, é autor de um projeto de lei que tenta livrar os templos religiosos do pagamento de ICMS.
O plano da Universal para Russomanno é claro: usar sua popularidade para repetir em São Paulo seu sucesso no Rio com o senador Marcelo Crivella, reeleito em 2010.
Bispo licenciado da igreja, Crivella costuma contar com a militância espontânea de fiéis da igreja, como os que se reuniram para ouvir o pré-candidato paulistano.
"Eu adoraria ter um batalhão de jovens do meu lado", disse Russomanno no fim do encontro. "Já estou aqui com vocês, agora quero que vocês também estejam comigo."
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