O crescimento da exploração e produção de petróleo e derivados nos próximos quatro anos esbarra em uma situação que a Petrobrás, internamente, tem classificado de dramática. O déficit de profissionais para o período 2011-2015 é de 200 mil. Pior: faltam engenheiros, carreira mais importante do funcionalismo da estatal.
O problema foi abordado pelo assessor da presidência da estatal, Sidney Granja, em palestra proferida há duas semanas no Rio em evento sobre a competitividade do setor de óleo e gás, realizado na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Assistente do presidente José Sérgio Gabrielli, Granja revelou que a Petrobrás treina, no momento, 80 mil profissionais. É pouco, afirmou. “Estamos com muitas dificuldades em termos de qualificação de mão de obra em toda a Petrobrás. Teremos que treinar 200 mil nos próximos quatro anos. Fazemos um trabalho extenso com universidades para a qualificação da mão de obra. É preciso resgatar a engenharia no Brasil”, disse.
A insuficiência de engenheiros em quantidade e qualidade não aflige só a Petrobrás. Empresas privadas do setor têm trazido profissionais de engenharia do petróleo, mecânica, civil e química, entre outras especialidades da profissão. Desde 2008, o Ministério do Trabalho registra aumentos anuais no número de engenheiros do exterior que ingressam no Brasil com ofertas de empregos no setor de petróleo.
Em 2008, vieram 2.520 estrangeiros, dos quais 43 especializados em petróleo. No ano seguinte, as ‘importações” cresceram 28,01%, passando a 3.226, com 63 profissionais específicos do setor petrolífero. Em 2010, mais um crescimento, dessa vez de 32%, com 4.256 engenheiros admitidos no país (103 de petróleo). A questão é que o mercado aquecido não requer apenas engenheiros de petróleo. Praticamente todas as especialidades da engenharia encontram abrigo nos diversos empreendimentos do setor. O ministério informou não ter como saber quantos engenheiros imigrantes foram absorvidos pelo mercado em desenvolvimento ativado pela descoberta do pré-sal e da exploração da camada.
Mas é nítida a expansão da oferta de mão de obra, pois o Brasil não forma engenheiros especializados em quantidade suficiente. Embora a questão da quantidade seja relevante, a qualidade do profissional recém-formado preocupa muito a Petrobrás e as empresas privadas. Engenheiro especializado em refinarias, Fernando Biato deixou a estatal no fim de 2010, após 36 anos de serviço. Ele conta que, nos últimos oito anos, o dia a dia no trabalho mostrou que parte dos novos engenheiros não tiveram boa formação universitária.
“Muitos projetos tinham que ser refeitos, o que custa dinheiro”, rememora ele.
Professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe (Coordenação dos Programa de Pós-Graduação em Engenharia), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio MacDowell de Figueiredo diz que a carência atual de engenheiros é reflexo do esvaziamento que a carreira sofreu “nas décadas perdidas” de 80 e 90 do século passado.
“Havia problemas de emprego e falta de obras. O país estava estagnado. Por outro lado, há o problema estrutural, histórico, muito mais grave, que é a questão dos ensinos fundamental e médio. Em termos qualitativos, é a tragédia que todos sabemos. A questão da engenharia é uma fração deste mundo”, observa Figueiredo.
Para o engenheiro naval Theodoro Antoun Neto, do Conselho de Coordenação do Curso de Engenharia do Petróleo da UFRJ, a carência de engenheiros “vai piorar muito”, pois o mercado está atraente e não há como preencher tantas vagas. Por ano, no curso, formam-se de 25 a 30 engenheiros de petróleo. Quatro turmas já se formaram.
O engenheiro mecânico André Amora, sócio da holding WD Group, analisa a questão sob outro aspecto. Para ele, ainda há poucos engenheiros de petróleo no mercado porque a especialidade é nova “Há muitas empresas vindo para o Brasil. As perspectivas da área são muito boas. A universidade tanto forma bons profissionais quanto aqueles que não sabem nada. Mas essa situação tende a se alterar nos próximos anos”, previu.
O problema foi abordado pelo assessor da presidência da estatal, Sidney Granja, em palestra proferida há duas semanas no Rio em evento sobre a competitividade do setor de óleo e gás, realizado na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Assistente do presidente José Sérgio Gabrielli, Granja revelou que a Petrobrás treina, no momento, 80 mil profissionais. É pouco, afirmou. “Estamos com muitas dificuldades em termos de qualificação de mão de obra em toda a Petrobrás. Teremos que treinar 200 mil nos próximos quatro anos. Fazemos um trabalho extenso com universidades para a qualificação da mão de obra. É preciso resgatar a engenharia no Brasil”, disse.
A insuficiência de engenheiros em quantidade e qualidade não aflige só a Petrobrás. Empresas privadas do setor têm trazido profissionais de engenharia do petróleo, mecânica, civil e química, entre outras especialidades da profissão. Desde 2008, o Ministério do Trabalho registra aumentos anuais no número de engenheiros do exterior que ingressam no Brasil com ofertas de empregos no setor de petróleo.
Em 2008, vieram 2.520 estrangeiros, dos quais 43 especializados em petróleo. No ano seguinte, as ‘importações” cresceram 28,01%, passando a 3.226, com 63 profissionais específicos do setor petrolífero. Em 2010, mais um crescimento, dessa vez de 32%, com 4.256 engenheiros admitidos no país (103 de petróleo). A questão é que o mercado aquecido não requer apenas engenheiros de petróleo. Praticamente todas as especialidades da engenharia encontram abrigo nos diversos empreendimentos do setor. O ministério informou não ter como saber quantos engenheiros imigrantes foram absorvidos pelo mercado em desenvolvimento ativado pela descoberta do pré-sal e da exploração da camada.
Mas é nítida a expansão da oferta de mão de obra, pois o Brasil não forma engenheiros especializados em quantidade suficiente. Embora a questão da quantidade seja relevante, a qualidade do profissional recém-formado preocupa muito a Petrobrás e as empresas privadas. Engenheiro especializado em refinarias, Fernando Biato deixou a estatal no fim de 2010, após 36 anos de serviço. Ele conta que, nos últimos oito anos, o dia a dia no trabalho mostrou que parte dos novos engenheiros não tiveram boa formação universitária.
“Muitos projetos tinham que ser refeitos, o que custa dinheiro”, rememora ele.
Professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe (Coordenação dos Programa de Pós-Graduação em Engenharia), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio MacDowell de Figueiredo diz que a carência atual de engenheiros é reflexo do esvaziamento que a carreira sofreu “nas décadas perdidas” de 80 e 90 do século passado.
“Havia problemas de emprego e falta de obras. O país estava estagnado. Por outro lado, há o problema estrutural, histórico, muito mais grave, que é a questão dos ensinos fundamental e médio. Em termos qualitativos, é a tragédia que todos sabemos. A questão da engenharia é uma fração deste mundo”, observa Figueiredo.
Para o engenheiro naval Theodoro Antoun Neto, do Conselho de Coordenação do Curso de Engenharia do Petróleo da UFRJ, a carência de engenheiros “vai piorar muito”, pois o mercado está atraente e não há como preencher tantas vagas. Por ano, no curso, formam-se de 25 a 30 engenheiros de petróleo. Quatro turmas já se formaram.
O engenheiro mecânico André Amora, sócio da holding WD Group, analisa a questão sob outro aspecto. Para ele, ainda há poucos engenheiros de petróleo no mercado porque a especialidade é nova “Há muitas empresas vindo para o Brasil. As perspectivas da área são muito boas. A universidade tanto forma bons profissionais quanto aqueles que não sabem nada. Mas essa situação tende a se alterar nos próximos anos”, previu.
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