Em montagem desde quinta-feira, num dos quartos da casa de Wagner Moura, o videoclipe da canção “Te amo”, dirigido pelo ator baiano de 34 anos a convite da amiga Vanessa da Mata, deve um “muito obrigado” ao cineasta Claudio Torres, com quem o eterno Capitão Nascimento rodou o ainda inédito “O homem do futuro”.
— Embora eu faça parte da família cinematográfica brasileira, sempre achei que a minha estreia na direção seria pelo teatro. Quando a Vanessa, que ficou minha amiga, achou que seria uma ideia boa me ver na direção de seu clipe, fiquei na dúvida se ia conseguir e liguei para o Claudio. Aí, ele me disse uma coisa que fez toda a diferença: “Wagner, até um chimpanzé dirige um videoclipe” — lembra o ator, que convocou o amigo Daniel Rezende, montador dos dois “Tropa de elite”, para editar “Te amo”.
Eu me tornei um ator melhor por ter aprendido a trabalhar em sintonia com os outros profissionais. E isso pode me ajudar a dirigir. Como diretor, posso dizer coisas que, apenas como ator, eu não conseguiria
— Gravar o vídeo para o Ronaldo, que passa de 15 em 15 minutos em sua instalação, já foi uma experiência, mas era muito pessoal, familiar, com relatos dos meus pais (o sargento aposentado Zé Moura e a dona de casa Deri) sobre Rodelas, onde vivi parte da infância e que foi inundada na construção de uma hidrelétrica. Depois veio “Te amo”. Mas não me considero diretor por ter rodado o clipe. Ele é uma ação entre amigos. Uma chance de ver a Marilena, uma artista genial, dançando. Botei um grupo de gente de que gosto para ouvir “Te amo” e construí o projeto com base nas reações criativas que as pessoas tinham em contato com a música. Mas tem um longa que estou concebendo, em processo lento — diz Wagner, ocupado com a alfabetização audiovisual de seu filho mais velho, Bem, de 4 anos. — Mostrei “Os Goonies” para ele outro dia. O menino ficou amarradão.
Casado com a fotógrafa Sandra, mãe de Bem e de Salvador, hoje com 7 meses, Wagner ainda está buscando o formato do longa que vem escrevendo. Mas sabe que esse filme pode ser atropelado caso o produtor Rodrigo Teixeira (de “O cheiro do ralo”), famoso no mercado cinematográfico por adquirir direitos autorais de romances contemporâneos e levá-los às telas, tenha a autorização para filmar um livro cujo título Wagner não revela.
— Não posso falar porque não fechamos a compra dos direitos. Só adianto que é um romance brasileiro, que se passa em duas épocas diferentes, e uma delas é centrada na juventude. Se o Rodrigo fechar, eu dou uma pausa na preparação do outro roteiro e caio nesse, que me pegou. Eu posso te explicar a vontade de dirigir com um raciocínio simples, expresso numa pergunta: “Por que não?” Sou um ator rodado, com quase 20 anos de carreira, interessado em processos artísticos colaborativos. Filmando “Abril despedaçado”, eu observava o trabalho do José Dumont atuando, do Walter Carvalho na fotografia, do operador de som, dos cabomen... Eu me tornei um ator melhor por ter aprendido a trabalhar em sintonia com os outros profissionais. E isso pode me ajudar a dirigir. Como diretor, posso dizer coisas que, apenas como ator, eu não conseguiria dizer — explica Wagner, que volta às telas como ator no próximo dia 25, à frente de “VIPs”, longa ganhador de quatro troféus Redentor no Festival do Rio 2010, entre eles o de melhor filme e o de melhor ator. — Esse thriller psicológico me fez voltar às minhas primeiras experiências como ator.
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