Grampo telefônico, feito com autorização judicial, flagrou o PM Júlio Cesar Fialho, da milícia Águia de Mirra, combinando com outro miliciano a tomada da favela da Coreia, na Zona Oeste, com o apoio de caveirões e de um helicóptero da Polícia Civil. A informação consta do depoimento prestado, no dia 14, na Corregedoria de Polícia, pelo delegado Cláudio Ferraz, da Draco.
Segundo o depoimento, Ferraz contou o que ia acontecer para a chefia do Departamento de Polícia Especializada, que em seguida comunicou o fato para o então chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowiski. Depois disso, as delegacias especializadas acabaram não participando da incursão à Coreia. A operação aconteceu dia 20 de maio do ano passado e foi feita pelo 14º BPM (Bangu), com apoio de seis caveirões e da 34ª DP (Bangu).
Na ocasião, foram apreendidos uma espingarda calibre 12, seis pistolas, mais de 6 mil pedras de crack, uma motocicleta, cinco carros roubados e dois fuzis. Dezesseis suspeitos de ligação com o tráfico foram presos. No entanto, não se sabe se os milicianos da Águia de Mirra se aproveitaram do aparato.
Segue o diálogo do PM Júlio César Fialho — preso na Operação Leviatã III, da Draco, em maio de 2010 — com outro policial, em 05 de abril do ano passado.
Júlio: Fala, padrinho.
H: Irmão, olha só, aquele garoto daí, eu quero ele esses dias. Já montei no nome dele, operação com blindado, aéreo, a porra toda, entendeu, justamente pra trabalhar. Então eu quero ele pra gente sentar e conversar francamente, botar tudo no papel, vai ter dois helicópteros, vários blindados na terra entendeu pra gente trabalhar.
Júlio: Pô, não saiu nada aqui.
H: Falei o seguinte, esse garoto aí, o Cadu, Cadu não, esqueci o nome dele. Segura ele aí que eu vou dar um pulo aí mais tarde, eu vou conversar com ele pessoalmente. Eu já peguei folga amanhã justamente pra gente sentar e conversar, já falei do trabalho que tem que ser feito lá na Coreia, e já foi montada a operação baseado nisso aí, se ligou?
Júlio: Mas já fez o aparato todo aí?
H: Já. Dois helicópteros, blindado aéreo, blindados terrestres, a porra toda já, tá tudo na direção.
Júlio: Positivo. Que horas você vai aparecer aqui?
H: Lá pras (sic) seis horas, sete horas eu tô chegando aí, seis, sete horas.
Júlio: Positivo, vou te aguardar, então.
H: De antemão, você procura ele aí e deixa eu falar com ele no teu rádio aí. Eu to só querendo falar com ele não esquece e, quando montar a operação, você não fala nada não, fica na tua e você vai.
Júlio: Tranquilo, já é.
H: Tranquilo, vê se a gente pega umas pecinhas pra fortalecer os amigos aí.
Júlio: Já é.
H: Irmão, de antemão vai lá no garoto lá e não deixa ele escapar hoje não, nem hoje nem amanhã. Eu tenho que conversar com ele hoje, amanhã no mais tardar. Tu firma isso aí e manda ele falar comigo no rádio mesmo que eu falo com ele pra ele não meter o pé.
Júlio: Já é, tá tranquilo. Ele foi levar as crianças na escola quando ele voltar eu falo com ele.
H: Eu vou falar com ele, porque o papo que ele me deu naquele dia eu senti a maior força no trabalho dele. Você também não vai me dar direção errada, entendeu? Então, tá tudo esquematizado, tudo no papel, tudo legalizado, a porra toda, é só arrebentar aquela porra, tá tudo certo.
Júlio: Então já é, tô aguardando.
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