Apesar do prejuízo, a noiva que teve o vestido manchado de tinta rosa pela ex-namorada do noivo na porta da igreja, Adiliane Faria de Mattos, não pretende processar a jovem de 29 anos responsável pelo ataque. O caso ganhou repercussão após a publicação da foto da noiva nas redes sociais. Mesmo com o vestido manchado, ela surpreendeu a todos e subiu ao altar em Pirapetinga (MG) no último sábado (16).
Por ela, o caso não tem sequência. "Melhor deixar isso de lado. Meu esposo tem um filho com ela. As pessoas acham que eu tenho que processar, mas não vou tocar o caso para frente", disse.
Depois, o problema da recém-casada foi outro, resolver a situação do vestido que era alugado. "Eu procurei a loja e contei a história. A lojista comentou que não sabia o que me dizer porque nunca aconteceu uma coisa dessas com vestidos deles", explicou Adiliane.
O vestido foi alugado por R$ 600 em uma loja em Santo Antônio de Pádua (RJ). A solução foi um acordo. "A loja afirmou que não tinha como aceitar de volta. O vestido já estava com aluguel previsto para outra noiva. Eles me disseram que fariam um novo modelo para substituir. Paguei mais R$ 1.600 e agora está comigo. Vou deixar guardado aqui", contou.
No entanto, o caso não vai ficar parado. A ex-namorada registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Militar (PM) alegando que, durante o ataque à noiva, ela sofreu uma agressão. A Polícia Civil da cidade está apurando a situação.
O casamento se tornou o mais falado da cidade da Zona da Mata de Minas Gerais depois que uma prima de Adiliane postou uma foto em uma rede social. "Quando ela perguntou se podia publicar, eu achei que não teria problema. Meu esposo até ficou receoso. Eu não imaginava tanta repercussão", disse Adiliane.
Já a ex, que não quis se identificar, disse que a culpa é do noivo, André Inocêncio, de 35 anos. “Ele quer dar uma de bonzinho, mas a gente tem um filho, e [ele] nos abandonou para ficar com ela. Ela que se casou sem saber quem ele é”, justificou.
O casamento
“Eu estava na porta da igreja quando o rapaz que me ajudou a arrumar estava ajeitando os últimos detalhes. De repente surgiu uma mulher do nada com um balde de tinta e jogou em mim. Não me machuquei, apenas sujou o vestido”, contou Adiliane Faria, que só entrou na igreja de Santana sob o incentivo dos convidados, conduzida pelo pai. “Pensei comigo: vou casar assim mesmo. Estava tremendo, fiquei com medo de passar mal, mas meu pai e todos me deram força”, acrescentou.
Quem testemunhou a agressão foi o maquiador e cabeleireiro Rodrigo Magalhães Pereira. Ele foi o responsável por preparar a noiva e estava ao lado dela. “Foi muito rápido. Eu levo todas as minhas noivas até a igreja. Já tinha a ajudado a sair do carro e a Adiliane estava em pé ao lado do pai. A agressora me empurrou e lançou a tinta. Acho que ela queria acertar no cabelo, mas pegou no vestido”.
Em seguida Rodrigo contou que correu atrás da agressora para impedi-la de fugir. “A minha reação foi ir atrás dela e pegá-la pelo cabelo, até que aparecesse alguém para segurá-la. Quando chegaram outras pessoas, eu fui socorrer a noiva. Voltei ao salão e peguei materiais para retocar a noiva. Na igreja mesmo tem um escritório e refiz meu trabalho”, lembrou.
Depois que ela subiu ao altar, segundo ele, foi um momento de emoção para todos os presentes. “Ela estava bonita, como sempre quis para o casamento. Fiquei abalado, e na hora da confusão todos saíram para ver o que estava acontecendo, mas quando Adiliane entrou todo mundo ficou emocionado”, disse.
Adiliane e André se casaram depois de dois anos de namoro.
A versão da agressora
Sobre o ataque à noiva, a ex-namorada de André disse que o alvo foi o tempo inteiro colocar o comportamento do noivo na berlinda. “Não foi vingança contra ela, não tenho nada contra ela. Foi uma retaliação contra ele. Ele é culpado por eu ter chegado a este extremo”, justificou.
Segundo a jovem, ela e o noivo têm um filho, e ela foi abandonada. Desempregada, disse que cuida da criança de um ano e seis meses, fruto do relacionamento de três anos. “Quando o filho nasceu, ele nem foi ver. Durante este tempo, cheguei a conversar com ele para não entrar neste extremo. Ele sabe por que eu fiz isso”, reforçou a ex.
Ela também disse que vai acionar a Justiça contra o ex. “Estou tomando providências para garantir a pensão do meu filho. Eu sei que ele tem condições de pagar uma pensão digna, mas diz que não, que não ajuda porque não pode”, concluiu.
Caso de polícia
De acordo com a assessoria da 6ª Companhia da Polícia Militar em Leopoldina, responsável pela região onde está Pirapetinga, a ex-namorada procurou a PM na cidade e confessou que jogou tinta de cor rosa na noiva quando ela se preparava para entrar na igreja. Segundo a agressora, quando estava sendo contida pelos convidados após o fato, um homem puxou os cabelos dela e, por isso, quis registrar a ocorrência. "Eu vou até o fim. O cabeleireiro não tem o direito de colocar a mão em mim", afirmou.
O maquiador e cabeleireiro Rodrigo Magalhães Pereira, suspeito da agressão, compareceu à delegacia. “Ela me acusou de agressão e eu também fiz uma ocorrência contra ela. Afinal, ela também me sujou de tinta e eu ainda tinha mais três noivas para cuidar no sábado. Nem deu tempo de almoçar. Trabalhei o dia inteiro com as roupas sujas de rosa”, disse.
O resumo do BO informa que os noivos não quiseram registrar ocorrência contra a agressora. De acordo com a assessoria da PM, caso eles mudem de ideia, podem fazer até seis meses após o fato para que as providências sejam tomadas. A ocorrência foi encaminhada para apuração na Polícia Civil da cidade.
A assessoria do 4º Departamento de Polícia Civil informou que a jovem (ex-namorada) procurou a delegacia para registrar a ocorrência da agressão do cabeleireiro e que, em depoimento, disse que estava chateada porque o ex não estava dando atenção ao filho.