O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), voltou a defender nesta terça-feira, 14, a realização de prévias no partido para escolher o candidato a presidente nas eleições de 2018.
Um dos tucanos que disputam dentro do partido a indicação ao Palácio do Planalto, Alckmin afirmou que fazer prévias remonta ao que o PSDB fez desde o início.
Depois de admitir que tem interesse em ser candidato a presidente, o governador ainda não confirmou que vai disputar as prévias no partido para concretizar o desejo.
Durante a visita a uma escola no bairro Jardim das Esmeraldas, na zona oeste da capital paulista, Alckmin disse que o PSDB tem duas opções: escolher o candidato entre quatro ou cinco pessoas ou abrir para a militância a eleição do presidenciável. "A democracia começa dentro de casa. A prévia não divide, a prévia escolhe. Você pode escolher na mesa, com quatro ou cinco pessoas, ou pode escolher ouvindo os que participam da vida partidária, 20, 30 mil pessoas", disse. "Quanto mais você ouve, menos você erra." Ele lembrou que o partido adotou o sistema de prévias na primeira eleição presidencial que disputou. "Quando o PSDB nasceu já era assim, o primeiro candidato a presidente do PSDB foi Mário Covas, em 1989, ele era candidato único e o partido fez prévia", citou.
Para Alckmin, o maior exemplo de democracia dentro dos partidos está no modelo norte-americano, pois tem apenas duas legendas e realiza primárias para escolher os candidatos. "Não existiria um Obama sem primária. Ele não era do establishment, só chegou lá porque os Estados Unidos têm um modelo democrático, que é o das primárias. Então eu defendo prévia para tudo, prefeito, governador e presidente", afirmou.
Perguntado se admitia concorrer às prévias no PSDB, Alckmin desconversou. "Não porque este ano não tem eleição. Estamos em ano ímpar e eleição é em ano par. Este ano só se for presidente do Santos Futebol Clube", disse.
Histórico. Em janeiro deste ano,
o governador de São Paulo reagiu à manobra do senador Aécio Neves (MG), que prorrogou o seu mandato no comando do PSDB até maio de 2018. As prévias são, na verdade, um elemento de pressão sobre Aécio e o senador José Serra (SP), que também está na fila. Ex-adversários internos, Aécio e Serra se uniram para barrar ao avanço do governador paulista, que saiu politicamente fortalecido das eleições municipais.
No atual cenário partidário, o senador mineiro tem ampla maioria na executiva do PSDB e mais influência nos diretórios estaduais. Para reverter esse quadro, Alckmin contará em 2017 com uma força-tarefa multipartidária que será responsável por nacionalizar sua agenda, ampliar a relação com o Congresso, construir pontes com dirigentes regionais e atrair governadores para o projeto de uma candidatura presidencial independente do governo federal.
Lula. Nesta terça, Alckmin afirmou que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 2018 é inviável. Após saber de parte do conteúdo do depoimento do petista à Justiça Federal em Brasília, Alckmin disse que o nível de rejeição de Lula faz com que o petista não se eleja em um eventual segundo turno.
Durante o interrogatório feito pela Justiça Federal na manhã desta terça-feira, 14, na ação em que é réu, o ex-presidente disse que, apesar do volume de notícias de cunho negativo a seu respeito, seu desempenho em sondagens eleitorais continuará incomodando opositores. "Vou matar eles de raiva, porque em todas as pesquisas vou aparecer na frente",
declarou.
O tucano, que já enfrentou Lula em uma eleição presidencial, perdendo para o petista no segundo turno, em 2006, disse que a provocação de Lula e o desempenho do petista nas pesquisas não trazem nenhuma preocupação. "Com o nível de rejeição que ele tem, num segundo turno não tem possibilidade. Então não tenho menor preocupação em relação a isso", afirmou o governador. Em 2006, Lula foi reeleito presidente com 60,83% dos votos válidos no segundo turno, contra 39,17% de Alckmin.
De acordo com o levantamento CNT/MDA
divulgado em fevereiro, no entanto, Lula apresentou 30,5% das intenções de votos contra 11,8% de Marina Silva; 11,3% do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).