Por Fátima Lacerda e Marcos Gomes, da Comissão pela Igualdade Étnico-Racial da ABI
Nove anos depois da violenta desocupação da Aldeia Marakanã (2013), no Rio, o desejo de preservação do território se mantém, acompanhado do sonho de instalar, no prédio do antigo Museu do Índio, uma universidade voltada para a preservação da cultura dos povos indígenas. Dispostas a resistir, em 2016 algumas etnias voltaram a ocupar a Aldeia, enquanto aguardam o desfecho das ações jurídicas que correm nos tribunais há mais de 15 anos, na disputa travada com o governo do Estado.
O velho casarão, construído no século XIX, foi transferido ao Serviço Nacional do Índio em 1910, na época do Marechal Rondon, sendo a sua primeira sede. Mais tarde também abrigaria o Museu do Índio, até a década de 1970, quando seu acervo foi para Botafogo. Permaneceu abandonado até ser reivindicado pelos povos indígenas que alimentavam o desejo de manter uma aldeia urbana, onde indígenas poderiam se hospedar na passagem pelo Rio de Janeiro, e onde as questões indígenas poderiam reverberar, alcançando maior repercussão nacional e internacional. Os sonhos viraram pesadelo quando o governo Sergio Cabral decidiu por abaixo o patrimônio, para em seu lugar construir um estacionamento. Apesar do abandono, o prédio continua de pé, mas as querelas judiciais parecem longe do fim.