Por Angelo Cavalcante (*)
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), por meio do seu Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG) acaba de elaborar o documento Balanço das Greves de 2021.
É estudo panorâmico acerca das greves realizadas pelo conjunto dos trabalhadores no penoso e árido ano de 2021.
O estudo serve para mostrar que SIM, há muita e inteligente resistência dos trabalhadores ante aos abusos de Bolsonaro e correlatos e; em seguida, demonstra e revela que o movimento sindical segue se reinventando, se atualizando e, estamos a ver, em meio a muitos obstáculos e dificuldades ainda é importante instrumento de luta da classe trabalhadora.
Segundo o estudo tivemos no ano passado, 721 movimentos de greve; destes, 250 se deram na esfera pública; 468 aconteceram na esfera privada e; 03 na esfera pública/privada.
Somadas, tais greves envolveram 32.534 horas paradas.
A esfera pública envolveu 16.330 horas de “paro”; no setor privado foram 16.184 horas e; no “público/privado”, 20 horas de paralisação.
Das 721 greves, 65% delas mobilizou e reuniu ATÉ 200 grevistas.
No item “esfera pública/nível administrativo” as greves se deram da seguinte forma: federal, 6; estadual, 59; municipal, 129; multinível, 2.
Ainda na esfera pública, para mais de 60% desses eventos eram assim denominados de “greves de advertência”; o caráter das articulações grevistas visava, de acordo com a pesquisa, “defender” os parcos e miúdos direitos ainda restantes e; 55,1% foram identificadas como greves “propositivas”.
Das greves dos servidores públicos em seus distintos níveis, as principais reivindicações foram: reajuste salarial (40,3%); condições de segurança, EPI’s (26,5%); condições de trabalho (24,5%); plano de cargos e salários (21,9%); melhoria nos serviços públicos (17,3%); alimentação (12,8%); realização de concursos públicos (11,7%) e; abertura de negociações (9,2%).
O curioso e positivo das reivindicações desses trabalhadores é que suas demandas foram, no geral, atendidas.
Com esse estudo, ao menos dois mitos são lançados, arremessados em terra e chão pedregoso.
O primeiro é que os “trabalhadores brasileiros são mansos, quietos e passivos”. NÃO mesmo… Por sinal, esses trabalhadores queimaram pneus, ergueram barricadas, enfrentaram as sanguinárias polícias brasileiras, bloquearam ruas, passagens, prédios e avenidas e alguns líderes foram presos.
Repara… Fizemos mais greves, paralisações e levantes por aqui do que em qualquer país europeu ou mesmo nos Estados Unidos.
O segundo mito a ser destronado, moído e feito pó é que “sindicato, luta e greve não surtem efeitos”.
Olha… Ao contrário, fazem todo – TODO – sentido!
Vejam a pesquisa aqui
(*) Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.
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