Marcando as comemorações do Dia da Baixada (30 de abril) e da Semana do Trabalhador, o EXTRA promoveu um encontro entre os prefeitos de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB); de Magé, Rafael Tubarão (PPS); de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PR); e de São João de Meriti, Dr. João Ferreira Neto (PR), para discutir os rumos da região. Questões que afetam diretamente o dia a dia dos moradores, como segurança pública e saúde, foram os assuntos dominantes no evento.
Durante toda a manhã de ontem, no auditório do Museu da Ciência e da Vida, em Duque de Caxias, os prefeitos apresentaram propostas e soluções para a Baixada Fluminense e seus 3,73 milhões de habitantes. O evento, fechado para convidados, foi mediado pela jornalista Berenice Seara, colunista do EXTRA. Após apresentarem suas principais propostas, os quatro prefeitos responderam às perguntas da plateia.
Um dos assuntos comentados por todos os prefeitos foi a dificuldade em regularizar a folha de pagamento do funcionalismo público. Caxias, São João de Meriti e Nova Iguaçu iniciaram a nova administração já com um rombo no orçamento. Em Magé, o desemprego preocupa, e a criação de novas fontes de renda para o cidadão entrou na discussão.
Na saúde, um consenso: faltam hospitais que prestem atendimento de emergência na Baixada Fluminense e, com isso, os moradores precisam fazer uma verdadeira peregrinação rumo aos hospitais de referência, como o da Posse, em Nova Iguaçu. Confira abaixo os principais pontos levantados por cada prefeito.
Rogério Lisboa (PR) está em seu primeiro mandato como prefeito de Nova Iguaçu
Com salários ainda em atraso, deixados pela antiga gestão, a nova administração já quitou o 13º e pagou metade dos salários de novembro de 2016. Além disso, foram tomadas decisões para melhorar os serviços públicos, como nas escolas do município:
– A gente precisa acabar com a politização dos serviços públicos. Não dá para vereador indicar diretor de escola. Decidimos devolver à comunidade escolar a decisão de quem vai dirigir a escola. A volta de eleições para diretor dá maior autonomia.
A saúde é uma área delicada da cidade. O Hospital Geral de Nova Iguaçu, conhecido como Hospital da Posse, referência na região, antes administrado pelo governo federal, foi cedido ao município em 2002. Rogério Lisboa cobrou mais repasses do Ministério da Saúde:
– Muitos pacientes atendidos vêm de outros municípios. É um hospital da Baixada. Precisamos de R$ 96 milhões a mais para o Hospital da Posse por ano. Esse valor representa 0,001% do orçamento da União. Isso porque o Ministério da Saúde chega a devolver 10% do orçamento por não ter onde gastar. É uma covardia.
Rafael Tubarão é prefeito de Magé desde abril de 2016, quando a Câmara cassou o então prefeito Nestor Vidal (PMDB)
Com uma receita de R$ 8 milhões a menos que o governo anterior, o prefeito disse que foi necessário fazer mais com menos. A saúde e a educação são as prioridades da gestão de Rafael Tubarão.
– Reformamos as escolas com manutenção própria. Gastava-se cerca de R$ 3 milhões por mês com merenda. Baixamos o valor para R$1,9 milhão com alimentos de melhor qualidade, feitos pelas merendeiras. O déficit de creches diminuiu e estamos abrindo a décima unidade, com 1500 crianças assistidas.
O prefeito acredita que o futuro de Magé, que completa 452 anos em junho, está tanto na agricultura como na indústria:
– O Rio de Janeiro é o segundo maior consumidor de alimentos do Brasil e produzimos muito pouco, só 0,3%. Magé tem uma área agrícola extensa e ociosa, que pode tornar-se produtiva. Já sediamos a primeira fábrica têxtil da América Latina, e hoje não temos mais grandes indústrias. Precisamos de incentivos para que seja atraente produzir na cidade.
Washington Reis (PMDB) está no seu segundo mandato como prefeito de Caxias, o anterior foi de 2005 a 2008
Washington Reis vê a saúde como a maior prioridade da cidade. O prefeito apontou medidas para sanar as deficiências no setor, como a abertura do Hospital do Olho até o final de maio. O centro terá salas para cirurgias e poderá fazer mais de cinco mil procedimentos por mês.
– Quando assumi o cargo, alguns pacientes aguardavam há mais de três anos por uma cirurgia eletiva. Conseguimos zerar esse gargalo, e hoje ninguém espera mais de um mês para ser operado. Levantamos o Hospital Municipal Dr. Moacir Rodrigues do Carmo, que em maio chega ao marco de 4 mil cirurgias realizadas. Vamos inaugurar o Hospital do Olho mais moderno do Brasil, com equipamentos vindos da Alemanha, e ainda estamos reerguendo um centro de fisioterapia e reabilitação em Sarapuí.
Washington ressaltou ainda os investimentos na infraestrutura:
– Pegamos a cidade completamente esburacada. Iniciamos a operação “Tapa-Buraco” e já usamos 10 mil toneladas de asfalto para o conserto das vias. A iluminação pública também era um problema. Hoje já acendemos mais de 20 mil pontos de luz.
Dr. João Ferreira Neto (PR) está em seu primeiro mandato como prefeito de São João de Meriti
Ao assumir, Dr. João Ferreira Neto ouviu que o município era “o pior do Brasil”, com problemas graves em saúde e segurança e 10 folhas de pagamento em atraso. Ele apontou as ações que vem tomando para mudar isso.
– Duas das principais emergências tinham sido fechadas. Reabrimos o Posto de Atendimento Médico de Meriti, que tinha em média 80 atendimentos por dia, e hoje conseguimos chegar a 800, com pico de 1200 no fim de semana. O PAM do Éden, que estava fechado, hoje tem uma média de 450 atendimentos. Reinauguramos ainda o posto da Vila São João, que funciona com horário estendido até 21h.
Para reduzir a criminalidade, o prefeito articula, junto com Nilópolis e Nova Iguaçu, a criação de um cinturão de segurança:
– Somos a primeira cidade da Baixada a assinar o Programa Estadual de Integração na Segurança (PROEIS), permitindo que policiais militares trabalhem espontaneamente, em horário de folga, mediante gratificação. Revitalizamos ainda a Praça dos Três Poderes, antes dominada por bandidos. Queremos que as pessoas voltem a ter orgulho de morar em Meriti.