A menstruação atrasa e você já comemora o primeiro sinal da gravidez. Conforme os dias vão passando, a barriga começa a enrijecer e os enjoos já passam a fazer parte da rotina. Não há o que duvidar, um bebê está a caminho. Correto? Não para as mulheres que desenvolvem a chamada gravidez psicológica ou imaginária.
"Não existe uma síndrome ou uma doença cientificamente catalogada, esta é uma definição popular. Mas a gravidez psicológica existe e afeta mulheres com algum problema de ordem emocional", afirma o médico Vladimir Bernik, coordenador da equipe de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Mesmo com a ausência do bebê, os sintomas de uma gestação normal vão se repetindo.
O descompasso orgânico mexe com os hormônios a ponto de haver até o início da produção de leite. "A progesterona atinge níveis acima dos normais e a mulher passa a secretar o colostro como se realmente estivesse à espera de um filho", afirma o psiquiatra.
Muitas vezes, o problema é uma resposta do organismo à culpa por algumas atitudes de risco: fazer sexo sem camisinha ou esquecer a pílula geram o estresse que podem desencadear a gravidez imaginária. Mas os casos mais graves escondem dificuldades de origem, basicamente, psicológica.
Segundo o médico, mulheres com dificuldade para engravidar e com baixa autoestima formam os perfis mais suscetíveis à gravidez artificial. Além disso, mulheres que sentem insegurança no relacionamento também podem sofrer com a gravidez psicológica, em um esforço para manter a proximidade com o parceiro.
O problema é que, quando o problema aparece, dificilmente a mulher acredita que não há bebê nenhum a caminho. "Ela prefere ir a dois, três, quatro consultórios, ouvindo muitas opiniões. A única maneira de desfazer o mal entendido é pedir os exames ultrassom e gonadotrofina coriônica", afirma o psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
"Quando isso acontece, a mulher precisa de acompanhamento do psicólogo e de um psiquiatra que, eventualmente, pode prescrever alguma medicação. Mas os remédios são consumidos por um período muito breve", afirma o médico. Todo o trabalho é realizado para que a frustração causada pelo fim da farsa não prejudique ainda mais emocional feminino.
Corpo e emoções em transe
O psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz lembra que os impactos das emoções no organismo feminino é muito frequente. A interação psíquica e orgânica pode ser observada nas mulheres com:
- TPM exagerada: a variação hormonal leva a atitudes e sentimentos que não condizem ao comportamento habitual da mulher
- Dificuldade ou ausência de orgasmo: as oscilações e inseguranças emocionais travam uma reação orgânica e atrapalham a vida sexual
- Cólicas: o incômodo que surge durante a TPM é agravado nos momentos de estresse
- Infertilidade sem causa orgânica: a dificuldade de engravidar nem sempre é resultado de problemas no sistema reprodutor. A ansiedade e a insegurança também comprometem o sucesso da gestação.