Caraguatatuba: caraguatá, gravatá, carauatá, cruatá, coroá, croatá, croá, planta bromeliácea, uma das mais características da flora brasileira. Das 1600 espécies conhecidas, cerca de 1000 são nativas do Brasil. É de aceitar-se com maior convicção o dizer de João Mendes de Almeida, no Dicionário Geográfico da Província de São Paulo, que a palavra é corruptela de Curaá Guatatybo, que significa "enseada com altos e baixos", em razão de ter esta enseada parcéis e cômoros de areia em vários lugares.
Fundação de Caraguatatuba
A fundação de Caraguatatuba tem suas origens nos anos de 1653/1654, quando João Blau, capitão-governador da Capitania de Nossa Senhora de Itanhaém (1653-1656) da qual era donatário a Condessa de Vimieiro, fundou a Vila de Santo Antonio de Caraguatatuba. Não conhecendo de sua longa existência, por volta de 1770, o governador da Capitania de São Paulo, determinou ao comandante do destacamento da Vila de São Sebastião que fizesse erigir uma povoação na paragem chamada Caraguatatuba, juntando para ela todos os moradores que puder, delineando o lugar para a Casa de Câmara, cadeias e mais edifícios públicos, visto que já existia a Igreja para a invocação a Santo Antonio. Em 1806, graças a uma correição pelas Vilas Marinhas e a dar-se crédito ao administrador da Capela, a Vila de Santo Antonio de Caraguatatuba ficou conhecida como "Vila que Desertou", mudando-se seus moradores para outros lugares. Após a correição, a Vila não só resurgiu como progrediu tornando-se freguesia pela Lei nº 336, de 16 de março de 1847, elevando a categoria de município com a promulgação da Lei nº 581, de 20 de abril de 1857. O município foi instalado em 23 de novembro de 1857. Em 30 de novembro de 1947, através da Lei nº 38, Caraguatatuba foi elevada à categoria de Estância Balneária. A Comarca foi criada em 1959 pela Lei nº 5.282, e instalada em 23 de setembro de 1965.
Fazenda dos Ingleses
Abrigando famílias de estrangeiros instaladas em casas de alvenaria, dentro de uma área inicial de 4.020 alqueires, a Fazenda de São Sebastião era conhecida por Fazenda dos Ingleses. Em 1927, a Fazenda dos Ingleses provocou mudanças no quadro geral da situação de Caraguatatuba. Sob certos aspectos essas mudanças foram por ela mesmo administradas, sob outros, foram por elas provocadas:
Aumento significativo da população do município
Especialização da mão de obra na agricultura
Aumento representativo da atividade artesanal comercial
Incremento do comércio dentro e fora da região
Expansão dos meios de comunicação rapidamente
Respeitável aumento da Receita Pública Municipal, Estadual e Federal
Para seu divertimento, os ingleses fizeram construir quadras de tênis, campos de golf e pólo. Também jogavam cricket. No campo de futebol chegaram a disputar campeonatos com 30 times. Jogavam ping-pong e assistiam documentários no cinema da fazenda. A Fazenda dos Ingleses foi o principal fator de desenvolvimento da cidade até a chegada dos turistas. Era uma das três maiores do gênero na América do Sul. Uma via férrea interna, que chegou a ter 120 quilômetros de extensão, transportava as frutas para o porto, no Rio Juqueriquerê, onde havia um cais de 100 metros. Dalí elas seguiam para os navios atracados no canal de São Sebastião que as levavam até Londres. Por volta de 1946, no final da II Guerra Mundial, a fazenda retomou a produção de cítricos, voltando ao mercado inglês e sobreviveu mais 20 anos dessa cultura, apesar da decadência paulatina. Com a catástrofe de 1967, metade da fazenda ficou debaixo da lama. A retomada das atividades só ocorreu na década de 90, quando a Pecuária Serramar instalou um projeto pecuário de alta tecnologia no mesmo local.
Tromba D'água
Caraguatatuba ficou mundialmente conhecida pela dramática catástrofe ocorrida em 18 de março de 1967, quando uma tempestade de poucas horas provocou centenas de deslizamentos nas vertentes escarpadas da Serra do Mar. A serra avançou sobre Caraguatatuba despejando milhares de toneladas de lama e vegetação. Mais de duas décadas após a maior tragédia já ocorrida no Litoral Norte Paulista, Caraguatatuba recuperou-se e cresceu. A dor deu lugar ao esforço de reconstrução, os turistas retornaram, a vida voltou ao seu curso normal. A cidade é hoje o centro mais populoso e importante comercialmente em todo Litoral Norte. Apesar dos desentendimentos entre os políticos, o povo de Caraguatatuba realizou um esforço de reconstrução e marketing turístico. Um bom exemplo é o texto publicado pelo jornal "Folha de São Paulo" em 2 de fevereiro de 1968: "Caraguatatuba volta a sorrir. A cidade já esqueceu a catástrofe do ano passado e experimenta nesta temporada, um movimento desusado de turistas, superando até mesmo as espctativas dos mais otimistas hoteleiros e comerciantes".