A dificuldade de fixar médicos nas cidades mais distantes do Rio se repetiu no Mais Médicos. Dos 92 municípios fluminenses, 58 se inscreveram para receber profissionais brasileiros e estrangeiros. Setenta médicos se habilitaram - 60 formados em universidades do País e dez com diplomas obtidos no exterior -, mas se concentraram em 14 cidades da Região Metropolitana e Baixada Fluminense. Só a capital receberá 16 médicos.
Cidades do norte e noroeste fluminense, onde ficam alguns dos municípios com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, não atraíram um médico sequer. Para se ter noção do problema, de 22 municípios das 2 regiões, 18 registraram epidemia de dengue ao longo de 2013.
Sumidouro, na Região Serrana, pior IDH do Estado, estava entre as cidades que se inscreveram para receber profissionais. A 174 km da capital, tem 15 mil habitantes, e apenas dois médicos residem no município - os que trabalham ali vivem em Minas Gerais. "A proposta inicial é levar médico aonde não tem, mas isso não aconteceu. Em Sumidouro, 70% da população está na zona rural", afirma o assessor em saúde da prefeitura, Wemerson Luiz Vão.
No ano passado, um médico foi encaminhado para Sumidouro pelo Provab, programa que prevê pagamento de bolsa de R$ 8 mil para aquele que fizer pós-graduação em saúde da família. Não ficou.
Futuro. Para Lígia Bahia, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio (UFRJ), a falta de médicos só será resolvida com formação nacional de recursos humanos. "Não tem mais de onde tirar médico estrangeiro e o problema dos chamados vazios assistenciais não foi resolvido."