Ao mesmo tempo que avançam na construção de candidaturas próprias para o governo do Estado, o PMDB e o PT do Rio de Janeiro se apressaram, nos últimos dias, em garantir que não causarão problemas para a chapa de reeleição Dilma Rousseff-Michel Temer. Oficialmente, líderes dos dois partidos dizem que trabalharão pela manutenção da aliança local, que reelegeu o governador peemedebista Sérgio Cabral em 2010, mas nenhum dos dois pré-candidatos, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o senador Lindbergh Farias (PT), aceita abrir mão da disputa. Pezão e Lindbergh consideram fundamental a presença de Dilma em suas campanhas.
O senador petista diz que "é a vez de o PT liderar uma chapa no Rio de Janeiro" e oferece a vaga de vice-governador para o PMDB. Mas, no caso de ruptura da aliança local, garante que não se oporia a dividir a atenção de Dilma com o candidato do PMDB. "O cenário ideal é a manutenção da aliança PT-PMDB no Rio e queremos o PMDB na vice com a gente. Tenho o maior respeito pelo Pezão. Se não der para manter a aliança, não é o fim do mundo. Não é nenhum problema a presidenta Dilma ter dois palanques no Rio. Problema é não ter palanque", disse Lindbergh.
Em 2010, Lindbergh lançou a pré-candidatura ao governo do Rio, mas foi convencido pelo então presidente Lula a desistir da candidatura em favor de Cabral e disputou o Senado na chapa do governador. A partir desta quarta, o senador será a estrela do programa eleitoral do PT do Rio, dirigido pelo marqueteiro de Dilma, João Santana. Serão 40 inserções de trinta segundos, veiculadas durante quatro dias. O envolvimento de João Santana no programa é apontado pelos aliados de Lindbergh como um sinal de que Lula e Dilma não voltarão a trabalhar contra a candidatura do petista. No dia 1º de março, o senador começa uma "caravana" pela região metropolitana e interior.
Do lado do PMDB, é o presidente do partido no Rio, Jorge Picciani, quem prega o apoio à reeleição de Dilma Rousseff, mesmo que Lindbergh leve adiante sua candidatura. "Não concordo com esse caminho de pôr em dúvida o apoio à reeleição da presidente por causa da eleição no Rio de Janeiro. O País está no caminho certo com a aliança nacional PT-PMDB", afirma Picciani.
O dirigente peemedebista desaprova a estratégia defendida por alguns companheiros do PMDB de oferecer ao PT a única candidatura ao Senado, na chapa de Pezão, a fim de enfraquecer a candidatura Lindbergh. "Nosso candidato ao Senado é Francisco Dornelles (senador do PP que encerra o mandato em 2014)", diz Picciani. Lindbergh também oferece a vaga de senador em sua chapa para Dornelles. O PMDB reserva a vaga de candidato a vice-governador ao secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, responsável pela implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Beltrame tem resistido. "Temos que usar nossos ativos. Cabe ao governador Sérgio Cabral convencê-lo", diz Picciani.
Na hipótese de não conseguir levar adiante a candidatura ao governo pelo PT, Lindbergh teria a opção de ingressar no PSB e criar um palanque forte para uma possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência da República. Aliados de Campos, presidente nacional do PSB, dizem que as portas do partido estão abertas para Lindbergh, mas que depende do senador. Lindbergh diz que não trabalha com a hipótese de deixar o PT.