Depois de Luiza, que estava no Canadá, ter virado questão da prova de
conhecimentos gerais para o cargo de técnico em nutrição da Prefeitura
de Jaboticabal (SP), muito se tem discutido a respeito dos exames de
atualidades nas seleções públicas. Naquela prova, os candidatos tiveram
que responder qual o estado em que a jovem nasceu. Mais recentemente,
outras questões polêmicas caíram em concursos: sobre o cantor sertanejo
Michel Teló e o programa Zorra Total, da TV Globo. Diante dos fatos, o
Boa Chance procurou professores de atualidades dos cursos preparatórios
para comentar o assunto.
Para o professor da Academia do Concurso,
Alex Mendes, assuntos como os listadas acima são um desserviço à
população em geral, além de um desrespeito ao candidato que busca
intensamente conhecimentos que, de fato, farão diferença na sua função
—
Para a disciplina de atualidades, em particular, o candidato deve
manter-se a par das realidades econômicas, sociais e políticas que lhe
permitam exercer no serviço público uma ação de qualidade para o cidadão
de acordo com as realidades locais e globais. Quando a banca utiliza
esse tipo de pergunta, não está avaliando nada. Temas como esse do
Michel Teló não representam algo relevante para cultura do brasileiro, é
um grande desrespeito ao candidato — ressalta Mendes.
O professor
de atualidades Rodrigo Jerônimo, do Curso Maxx, se mostra menos
radical. Na sua opinião, dependendo do tipo de concurso, estas perguntas
de âmbito geral podem ser relevantes, pois cultura de massa também é
cultura e, dependendo do cargo em questão, tais perguntas podem auxiliar
nas tarefas do dia a dia.
Já Orlando Stiebler, professor do
Concurso Virtual, embora admita que estas questões chamam a atenção
pelos conteúdos abordados, não considera que irá se tornar uma tendência
dos concursos e das bancas mais importantes.
— Na era atual de
tantas informações e facilidades de acesso a todas elas, não me parece
conveniente priorizar estes temas, principalmente se for em detrimento
de questões mais valiosas.
Segundo ele, as bancas mais
tradicionais e os concursos mais relevantes, com exceção da prova do
Senado, não vêm cobrando em seus certames tais questões.
— A
disciplina de atualidades normalmente é pautada por temas de política,
economia, sustentabilidade, conflitos, enfim, notícias atuais mescladas,
dependendo da banca, com conhecimentos de história e geografia. Em
casos como estes, especialmente bancas como o Cespe, o candidato deve
ter a capacidade de associar a notícia revelada ao fundamento
histórico-político-econômico do objeto, bem mais complexo que questões
sobre a dupla sertaneja, o programa de televisão, a atriz famosa.
Alex
Mendes ressalta que, além de não ajudar a medir a capacidade
intelectual do candidato, denigre a imagem da banca. Quanto à disciplina
de atualidades, ele acredita que esta perde na medida em que o
candidato fica sem referencial para o conhecimento que precisa adquirir,
ficando cada vez mais desvalorizada.
Segundo os professores, para
o candidato ter um bom desempenho neste tipo de prova, leitura é
fundamental, e não só após a divulgação do edital. Jornais e revistas
são imprescindíveis, além da elaboração de exercícios e questões de
provas anteriores. Além disso, é importante acessar sites com conteúdos
voltados para atualidade na internet.
Stiebler aconselha que o
candidato priorize as questões feitas pela banca do concurso que irá
prestar, utilizando-se das facilidades da internet na obtenção de
respostas e pesquisas.
Entre os temas mais recorrentes hoje nas
provas de atualidades, os professores citam : Rio+20; crise na Europa,
em especial Grécia e Espanha, e problemas na zona do euro; eventos
esportivos que serão sediados no Brasil; eleições brasileiras e
americanas; novo Código Florestal, Lei da Transparência, Comissão da
Verdade, desdobramentos da CPI do Carlinhos Cachoeira, Lei da Ficha
Limpa e a reforma política; Síria e a Primavera Árabe; prorrogação do
protocolo de Kyoto; ultranacionalismo na Europa (atirador de Toulouse
etc).