BRASÍLIA (DF) - O PRB (Partido Republicano Brasileiro) pediu em julho que o Ministério Público da União iniciasse investigação civil e criminal contra o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, por suposto enriquecimento ilícito e recebimento de propina junto com outros dirigentes da Fifa. O autor da representação, o presidente do PRB, Marcos Pereira, afirmou que o objetivo é, "no mínimo", afastar Teixeira das decisões sobre os investimentos para a Copa em obras de infraestrutura e nos estádios, que contem com dinheiro público.
“Nós queremos que a sociedade brasileira, o telespectador, o torcedor e o brasileiro sejam protegidos das ações de pessoas como essa, que continuam se beneficiando do cargo que têm em detrimento do interesse e do dinheiro público”, afirmou à época o presidente do PRB.
Como presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Teixeira pode interferir na aplicação de recursos públicos, como ocorreu na escolha do estádio do Corinthians, o Itaquerão, para receber os jogos em São Paulo. Segundo a representação, a construção deverá custar cerca de R$ 1 bilhão, dos quais R$ 820 milhões virão de impostos pagos pelo contribuinte. O dinheiro público envolve R$ 420 milhões em incentivos fiscais da prefeitura de São Paulo e R$ 400 milhões de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A representação, endereçada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, menciona as diversas denúncias veiculadas pela imprensa mostrando que o patrimônio de Teixeira é incompatível com seu salário na CBF, estimado entre R$ 70 mil e R$ 80 mil. As reportagens mostram mansões de Teixeira em Búzios e Intanhangá (RJ), e na Flórida (Estados Unidos), além de uma fazenda de gado em Piraí (RJ).
A riqueza pessoal de Teixeira, segundo a série de reportagens, indica possível relação com uma investigação internacional, feita pela TV britânica BBC, apontava que o cartola teria recebido propinas que somariam quase R$ 15 milhões (US$ 9,5 milhões). Os depósitos, 21 no total, ocorreriam desde o início dos anos 90 e viriam da empresa de marketing esportivo ISL, em troca do direito de transmissão dos jogos e dos contratos de patrocínio para as Copas do Mundo.
Ainda segundo a BBC, o dinheiro era depositado na Sanud, empresa sediada no paraíso fiscal de Lichtenstein, na Europa, que é ligada à RLJ, instalada no Rio e que tem como sócio o próprio Teixeira. Há cerca de dez anos, o Congresso abriu duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) envolvendo as empresas em 13 crimes, entre eles lavagem de dinheiro.
O documento ainda cita recente reportagem da revista Piauí que mostra o poder de Teixeira no futebol brasileiro. Segundo texto, é ele quem "combina o valor de jogo da seleção, decide quem vai transmiti-lo e negocia quem vai patrociná-lo". Ao final da representação, o PRB alerta para o risco de deixar Teixeira à frente das decisões sobre a Copa. "Todos esses fatos merecem a apuração de possíveis irregularidades praticadas por todos os envolvidos, especialmente Ricardo Teixeira e suas empresas", afirmou Marcos Pereira