RIO - Presa pelo
assassinato de Lavínia Azeredo de Oliveira, de 6 anos, Luciene Reis Santana contou nesta quinta-feira à polícia que uma pessoa a ajudou a entrar na casa da menina. A informação é de Neide Reis, mãe da assassina, que acompanhou o depoimento de cerca de quatro horas da filha. O nome do cúmplice, porém, não foi revelado. Por recomendação da polícia, Neide prefere manter a identidade do suspeito em sigilo. Luciene era amante do pai de Lavínia.
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O cúmplice da acusada é peça-chave para desvendar o que aconteceu na madrugada de segunda-feira, em Duque de Caxias. Após ser retirada de casa, a menina, que completaria 7 anos no próximo dia 13, foi morta num quarto de hotel.
Mais de 400 pessoas foram nesta quinta-feira ao enterro da menina no Cemitério Belém, no Corte 8, em Duque de Caxias. O clima era de forte emoção e revolta. Andrea Azeredo, mãe de Lavínia, parecia entorpecida. Desesperado, o pai da menina, Rony dos Santos de Oliveira, não conseguia caminhar e foi amparado por quatro amigos. A chegada dele ao cemitério foi acompanhada de cochichos.
— Deus vai fazer justiça, mas, se fosse comigo, ia ser diferente. Eu podia pegar 50 anos de prisão, mas fazia picadinho dela com as minhas próprias mãos — disse Eliane Silva, enquanto segurava no colo um dos seus cinco filhos.
A multidão gritava “justiça!” e pedia a pena de morte para a criminosa.
— Essa mulher é um monstro! Quem pode fazer isso com uma criança dessa idade? — disse Rosângela Pereira.
Do lado de fora da capela, um cartaz com os dizeres “Atenção, Brasil: pena de morte” pedia mudanças na lei, com a instituição da pena capital.
— Vamos criar a pena de morte, a Lei Lavínia — defendeu um morador identificado como Fininho, responsável pelo cartaz. — A lei atual só serve para defender os assassinos. Vamos criar nossa lei, povão!
Luciene, que precisou passar a noite numa sala isolada na Polinter de Magé, para evitar que fosse agredida por outras presas, foi transferida na manhã dw quinta para o Complexo Penitenciário de Gericinó. Policiais disseram que a acusada é uma pessoa fria e calculista.
Segundo o delegado assistente Luciano Zahar, da 60ª DP (Campos Elíseos), a crueldade da presa é ainda maior do que havia sido apurado inicialmente.
Em depoimento na delegacia, ela contou que, depois de tirar Lavínia da casa da mãe da menina, levou a garota para a sua residência. Em seguida, Luciene vestiu Lavínia com uma das roupas de suas três filhas.
— A intenção dela sempre foi matar a criança — disse o delegado, ao explicar que Luciene não ficou mais que três horas com Lavínia até matá-la. — Foi um crime premeditado.
Luciene contou ao delegado que, depois de levar a criança para comer batatas fritas, foi a um hotel e, chegando ao quarto, cobriu a cabeça da menina com uma toalha, para que ela não fizesse barulho. Pegou então um travesseiro e sufocou a criança por quase dez minutos.
— Ela não morreu estrangulada, mas sufocada. Luciene a estrangulou com o cadarço do tênis porque achou que ela ainda estava se mexendo e queria garantir que a criança estava morta — afirmou o delegado.
Luciene então deixou o hotel e foi direto a um laboratório fazer um exame de gravidez, a fim de criar um álibi.
— Ela nos levou ao laboratório e perguntou sobre o exame e se lembravam dela — contou um inspetor da 60ª DP. — Ela é muito fria.