Um manifesto suprapartidário intitulado "Judeus e judias com Lula e Alckmin", lançado no início deste mês e assinado por intelectuais, políticos e advogados, causou incômodo na gestão da Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Em junho deste ano, a entidade reuniu 14 federações em torno de um outro manifesto em que os signatários afirmavam, categoricamente, que a comunidade judaica brasileira não tem candidatos oficiais. O documento, que tem como mote a defesa da pluralidade de ideias, condena discursos de ódio e a banalização do holocausto.
O presidente da Conib, Claudio Lottenberg, diz que já esperava por "movimentos dessa natureza", mas discorda do tom adotado. "Quando você cria um movimento que não é de apoio, mas de ser contra, no momento de escolha de um presidente...", diz. "Acho que não há necessidade de a gente hostilizar, ser contra ou ser a favor de um candidato. Prefiro uma sociedade que seja mais tolerante e de respeito, não ser contra ninguém", continua.
Lottenberg pondera que a comunidade judaica tem pontos de divergência, assim como ocorre na sociedade, de um modo geral. E diz ver com preocupação episódios como o assassinato do petista Marcelo de Arruda por um bolsonarista em Foz do Iguaçu, no Paraná.
"O processo eleitoral é um processo saudável, devem vigorar posições antagônicas. Não dá nem para entender o que aconteceu [em Foz do Iguaçu]. De repente alguém aparece e mata uma outra pessoa porque ela tem identidade com outra liderança política. Acho que é um extremismo. Fico preocupado que vá se repetir", afirma.
Cotado para assumir o Ministério da Saúde após a saída de Luiz Henrique Mandetta, em 2020, Lottenberg diz não ter relações estreitas com a gestão Bolsonaro. "Não falo com o presidente há mais de um ano", afirma. "É bom manter interlocução com todos. Com o presidente, com grupos de oposição, com a sociedade política", contemporiza.
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