Com seu trabalho artístico, Ai Weiwei disse querer
lembrar as vítimas da violência. "O autoconhecimento é baseado na
memória", disse o artista de 61 anos. "O vazio é um insulto à
dignidade do ser humano e pode ser a fonte de raiva e violência."
O mural é acompanhado por uma videoinstalação com
entrevistas de parentes, policiais e autoridades mexicanas.
O sequestro dos estudantes provocou uma avalanche de
indignação em todo o mundo. Os 43 alunos de uma faculdade em Ayotzinapa, no sul
do país, desapareceram em setembro de 2014 quando queriam viajar para
participar de uma manifestação na Cidade do México.
De acordo com a Procuradoria-Geral mexicana, o grupo foi
levado para o estado de Guerrero, no sul, por policiais corruptos e entregues à
gangue de drogas Guerreros Unidos. Eles teriam sido considerados membros de uma
facção hostil pela gangue, que os matou num depósito de lixo e depois queimou
os seus corpos.
Peritos independentes da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos duvidam dos resultados das investigações oficiais, que foram
marcadas por negligências e tentativas de encobrimento. O governo foi criticado
internacionalmente devido ao tratamento lento dado ao caso. Os críticos também
veem uma conexão entre o Estado e o crime organizado.
Na abertura da exposição, Ai Weiwei
disse que o tema o comoveu não apenas como artista, mas também como ser humano.
"Quando se ouve que alguém está sendo maltratado, que o filho do seu
vizinho nunca mais voltará, e depois de quatro anos, o governo ainda não
esclareceu o caso – que tipo de governo é esse? Em que tipo de sociedade
vivemos?", indagou Ai.
Em seu país de origem, a China, Ai se posicionou
repetidamente de forma crítica ao governo em Pequim, o que o levou à prisão por
certo tempo. Em relação à escolha do material para o seu mais recente trabalho,
ele disse que sempre entendeu o Lego como um meio "democrático".
"Qualquer um pode usá-lo, todo mundo reconhece", disse o artista.
Além disso, Ai Weiwei afirmou que lhe agrada o fato de as
peças individuais de seus retratos o lembrarem de pixels de computador.
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