Nesta quinta-feira 14, o ministro da Justiça, Sergio Moro, confirmou que serão investigados os casos de candidaturas “laranjas” do PSL, sigla do presidente Jair Bolsonaro, na última eleição. No entanto, outras siglas podem ter utilizado prática semelhante em 2018.
Em reportagem publicada nesta sexta-feira 15, a Folha de S. Paulo levantou 53 casos suspeitos, de 14 diferentes partidos, mas com predomínio do Pros, PRB, PR, PSD e MDB. Nos casos do Pros, parte dos recursos vieram do diretório nacional do PT, partido ao qual o Pros aliou-se nacionalmente.
As suspeitas surgiram do cruzamento de dados da Justiça Eleitoral. Os 53 candidatos em questão receberam mais de 100 mil reais de verbas do fundo partidário para financiar suas campanhas, mas obtiveram menos de mil votos – indício de que se tratavam de “candidaturas de fachada” e o dinheiro foi desviado, não utilizado diretamente na campanha. A verba pública destinada a todos eles soma cerca de 15 milhões de reais.
Das 53 candidaturas suspeitas, 49 são de mulheres – assim como todos os casos suspeitos do PSL. A tendência aumenta a suspeita de que os candidatos possam ser “laranjas”, uma vez que uma lei eleitoral obriga que partidos invistam ao menos 30% dos recursos do fundo partidário em candidaturas femininas – o que pode ocasionar manobras para preencher a cota.
No caso que mais recebeu recursos, Sandra Mendes, candidata a deputada estadual pelo PR na Paraíba, recebeu 1 milhão de reais em recursos e teve 491 votos ao fim das eleições.
Entre as 49 candidaturas de mulheres apontadas como suspeitas pelo jornal, 12 são do Pros, 9 do PRB e 7 do PR. Na sequência, aparecem dois partidos com quatro casos (PSD e MDB), ouros quatro com dois (DEM, PP, PPS e DC) e cinco com uma candidatura suspeita, pelos critérios do alto uso de verbas do fundo partidário e baixa votação (PSL, PTB, PSC, PSDB e Podemos). Não são apresentados detalhes sobre as quatro candidaturas do sexo masculino consideradas suspeitas.
Entre os partidos procurados pelo jornal, a única resposta publicada na reportagem é do PSD, que afirma que a distribuição dos recursos nos casos apontados seguiu critérios legais.
O caso dos “laranjas” do PSL gerou uma crise no governo Bolsonaro, com suspeitas de envolvimento do hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência,
Gustavo Bebianno, nos possíveis desvios. Na época das eleições, Bebianno comandava o diretório nacional do partido.
Ele nega qualquer envolvimento e conhecimento dos casos.
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