O dólar voltou a subir nesta quarta-feira, pela quinta sessão seguida, e ultrapassou a barreira dos 3,50 reais — algo que não acontecia há quase dois anos. Só neste mês, a moeda acumula alta de 5,2% em relação ao real.
O comportamento da moeda norte-americana nos últimos dias — que, na visão de analistas, deve durar mais algumas semanas — é infuenciado pela alta dos Treasuries de 10 anos. Só ontem, o rendimento dos títulos subiu 3%, uma barreira que não era superada nos últimos quatro anos.
A atual disparada do rendimento dos títulos está relacionada aos temores de uma inflação maior nos Estados Unidos diante da alta dos preços das commodities, em particular a do petróleo. Se isso de fato acontecer, o esperado é que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, intensifique o ritmo do aumento dos juros.
Quando os Estados Unidos aumentam suas taxas, investidores do mundo todo reavaliam suas posições e tendem a migrar seus recursos para o país, visto como a economia mais segura. Com isso, a oferta de dólares diminui e a moeda norte-americana se valoriza em relação às demais.
Somente a expectativa de que tudo isso aconteça já provocou a derrocada da maior parte das moedas do mundo. Segundo um ranqueamento feito pelo Estadão, 33 moedas acumulam perdas em relação ao dólar desde o começo do mês. O real é a terceira com pior desempenho, atrás apenas do bolívar venezuelano, que derrete com a crise humanitária, e o rublo russo, que sofre com a incerteza geopolítica.
No Brasil, o movimento de alta foi intensificado devido a problemas domésticos, como o clima de incerteza em relação às próximas eleições. “As reformas econômicas ainda não saíram e o quadro eleitoral está longe de ser definido”, explica Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
O mais provável, segundo Silveira, é que a volatilidade do dólar aumente até outubro. “O caminho vai ser de fortes altas e baixas”, diz ele. “Os fatores que provocaram a alta atual vão continuar existindo pelos menos nas próximas semanas.”
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