“Eu estava superfeliz, fazia um mês que estava trabalhando”, lembrou Maria Beltrão. “No elevador, fui atacada por um homem. Foi horrível, claro. Aquilo foi tão forte para mim, eu era muito novinha. Foi como se tivesse colocado um muro na minha frente, cerceando minha liberdade de ir e vir. Por quê? Não tive coragem de voltar a trabalhar porque não encontraram esse agressor.”
Maria chegou a se perguntar se não estava mesmo errada ao escolher um determinado figurino e se sentiu quase imobilizada pela experiência. “Tive um bloqueio tão grande que quis parar de usar aquele vestido, como se a culpa tivesse sido minha ou do vestido. Fico imaginando as mulheres que ainda não conseguiram transpor esses muros, essas barreiras que, naquele dia, há mais de vinte anos, tive ali na minha frente, me paralisando.”
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