Entre os três últimos presidentes brasileiros das últimas duas décadas, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, foi o que menos combateu a corrupção no Brasil. Ficou, assim, atrás da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores.
Pesquisa realizada pelo instituto de opinião Vox Populi coloca Lula como líder do ranking no quesito “presidente que mais combateu a corrupção”, com 31% das manifestações favoráveis. Dilma vem em segundo, com 29%.
Na lanterna, ficou FHC, com apenas 11% dos votos. O resultado corrobora a impressão geral de que, durante os mandatos do tucano (1995-2002), a corrupção foi colocada para debaixo do tapete, em boa medida por conta do então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
Nomeado por FHC e por ele mantido no cargo por oito anos, Brindeiro ganhou o apelido de “engavetador-geral da República”, justamente, por não investigar nada contra os tucanos.
Para Coimbra, a mídia evita fazer pesquisas sobre a crise de corrupção na Petrobras. A única conhecida foi realizada pelo instituto Datafolha, no início deste mês, e mereceu do jornal “Folha de S. Paulo” leitura no mínimo “extravagante”, de acordo com o pesquisador. A manchete do jornal foi: “Brasileiro responsabiliza Dilma por caso Petrobras”. No mesmo levantamento, contudo, o dado mais importante era exatamente o ranking de luta contra a corrupção, no qual FHC aparecia por último, atrás de Dilma e Lula.
“Nenhum outro levantamento foi encomendado, como se aquele resolvesse a questão e o resultado bastasse; como se não fosse tão questionável que até a ombudsman do jornal criticaria a despropositada matemática usada pelos editores ao noticiá-la”, estranha Coimbra.
“Feitas as contas, 60% escolheram um governante do PT, enquanto FHC nem sequer atinge um quarto do eleitorado que votou no PSDB, em outubro”, avalia. Aécio Neves teve menos de 51 milhões de votos e a quarta parte disso significa pouco mais de 12,5 milhões de eleitores.
Em contrapartida, a pesquisa indica haver na população a crença de que o maior número de denúncias de corrupção nos governos petistas se deve à autonomia concedida pelos governantes às instâncias de fiscalização do Estado. Tal cenário permitiu que os esquemas fossem descobertos, os integrantes identificados e presos.
A pesquisa ouviu 2,5 mil pessoas entre os dias 5 e 8 de dezembro, em 178 municípios e procurou saber, também, o grau de conhecimento da população sobre o caso de corrupção na Petrobras, revelado pela operação Lava Jato, da Polícia Federal. Os dados indicam que apenas 13% dos entrevistados não tinham ouvido falar das denúncias de irregularidades na empresa.
Ou seja, 86% da população as conhecia, sem variações significativas, segundo os níveis de escolaridade, na análise do Vox Populi. Dos que disseram ter ouvido falar no assunto, 69% acreditam que as irregularidades na Petrobras vêm de antes do PT chegar ao governo federal.
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