Os dois homens flagrados atirando com armas de fogo durante a manifestação de terça-feira, 15, nas imediações da Cinelândia, no centro do Rio, seriam seguranças de uma instituição privada de ensino superior, segundo denúncia investigada pela Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar (PM).
As imagens, divulgadas pela TV Globo, mostram os dois atirando atrás de uma banca de jornal. Outro vídeo, do jornal A Nova Democracia, mostra PMs fardados atacados com pedras disparando para o alto com armas de fogo na Rua México.
"Eu vou largar o aço", ameaçou um dos PMs, antes do disparos. Perto dali, na Rua Santa Luzia, o manifestante Rodrigo Gonçalves Azoubel, de 18 anos, foi baleado nos dois braços. Advogados recolheram pelo menos 13 cápsulas de balas após os protestos.
A PM afirma que os três atiradores sem farda não foram identificados como integrantes do serviço reservado da corporação. "Não temos (informação de) de que sejam policiais. A PM informou preliminarmente que não havia policiais armados escalados para aquele serviço. Temos a obrigação de saber quem são. Sejam policiais ou não, vão responder", disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Azoubel foi baleado por volta de 20h30. Ele foi operado e não corre risco de morrer, segundo a clínica onde está internado. De madrugada, foi procurado por policiais da Corregedoria da PM. "O objetivo claro era recolher o projétil. O que querem ocultar?", questionou o advogado Marcelo Chalréo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ. A secretaria confirmou que PMs da corregedoria estiveram no hospital, mas afirmou que o objetivo era apurar o envolvimento de policiais, e não recolher o projétil.
"Ele não soube informar de onde veio o disparo. Disse que não ouviu nem sequer barulho, sentiu uma dormência no braço e foi atendido. Sem os primeiros socorros prestados por estudantes de Medicina, poderia estar morto" disse o delegado Orlando Zaccone. "Quem participa de manifestações não pode ser tratado à bala", completou Chalréo.
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