Para o grego Aristóteles, o ser humano tem o desejo natural de saber
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Diz o provérbio que as aparências enganam. Enganam justamente porque não nos contentamos só com o que aparece. Aristóteles
dizia que o ser humano tem o desejo natural de saber. Quando algo
aparece para nós através dos sentidos, queremos logo saber: Como é? Para
que serve? Como funciona? Isso é assim desde que o homem é sapiens.
Nossa curiosidade se estendeu, inclusive, para outros limites. O homem está sempre se perguntando: Será que existe uma ordem por trás do que aparece? Será que o que aparece é uma mera ilusão que encobre uma verdade oculta?
Alguns povos encontraram uma resposta bastante convincente na religião. Várias mitologias falam de um passado imemorial, em que uma ou várias divindades teriam transformado o caos em um cosmos, que significa "ordem". De tal forma que, mesmo que muitas vezes as aparências digam o contrário, há uma ordem que rege todos os fenômenos do universo, como a sucessão do dia pela noite e as estações durante o ano.
Nossa curiosidade se estendeu, inclusive, para outros limites. O homem está sempre se perguntando: Será que existe uma ordem por trás do que aparece? Será que o que aparece é uma mera ilusão que encobre uma verdade oculta?
Alguns povos encontraram uma resposta bastante convincente na religião. Várias mitologias falam de um passado imemorial, em que uma ou várias divindades teriam transformado o caos em um cosmos, que significa "ordem". De tal forma que, mesmo que muitas vezes as aparências digam o contrário, há uma ordem que rege todos os fenômenos do universo, como a sucessão do dia pela noite e as estações durante o ano.
Qual o princípio de tudo?
Com a
ampliação do conhecimento em várias áreas - como a astronomia, a
matemática, etc. -, os primeiros filósofos começaram a pensar se a razão
humana não poderia ir um pouco mais longe na resposta à grande questão:
qual o princípio de tudo o que existe?
Um dos primeiros filósofos a tentar dar uma resposta, sem fazer recurso aos deuses, foi Tales de Mileto (cerca de 625-558 a.C.), muito mais conhecido por seu teorema sobre a propriedade dos triângulos do que como filósofo. Na verdade, do que Tales pensou não sobrou muito além de alguns fragmentos. Ele inaugurou a filosofia ao afirmar que tudo é água. Frase que, hoje, pode soar estranha e até mesmo absurda, mas que marca a forma propriamente filosófica de pensar, que difere tanto da ciência quanto da religião.
Difere da ciência por não se preocupar em explicar fenômenos particulares, como o comportamento de estrelas binárias ou de que maneira o colesterol pode afetar nossa saúde. A filosofia trata do geral, do que está à vista de todo mundo, do que nos é comum.
Quando Tales diz que tudo é água, por exemplo, ele quer dizer que há algo de comum a tudo o que existe, uma unidade que pode ser encontrada em meio à diversidade que nos cerca. Tal resposta também o afasta da religião, por não buscar uma explicação para esse mundo fora dele. Ao atribuir à água a origem de tudo (não podemos esquecer que a vida começou na água), Tales questiona se, através de uma investigação racional e criteriosa, não poderíamos encontrar respostas para as grandes perguntas que nos cercam.
Um dos primeiros filósofos a tentar dar uma resposta, sem fazer recurso aos deuses, foi Tales de Mileto (cerca de 625-558 a.C.), muito mais conhecido por seu teorema sobre a propriedade dos triângulos do que como filósofo. Na verdade, do que Tales pensou não sobrou muito além de alguns fragmentos. Ele inaugurou a filosofia ao afirmar que tudo é água. Frase que, hoje, pode soar estranha e até mesmo absurda, mas que marca a forma propriamente filosófica de pensar, que difere tanto da ciência quanto da religião.
Difere da ciência por não se preocupar em explicar fenômenos particulares, como o comportamento de estrelas binárias ou de que maneira o colesterol pode afetar nossa saúde. A filosofia trata do geral, do que está à vista de todo mundo, do que nos é comum.
Quando Tales diz que tudo é água, por exemplo, ele quer dizer que há algo de comum a tudo o que existe, uma unidade que pode ser encontrada em meio à diversidade que nos cerca. Tal resposta também o afasta da religião, por não buscar uma explicação para esse mundo fora dele. Ao atribuir à água a origem de tudo (não podemos esquecer que a vida começou na água), Tales questiona se, através de uma investigação racional e criteriosa, não poderíamos encontrar respostas para as grandes perguntas que nos cercam.
Sem dogmatismos
Outra
característica importante da filosofia que se inaugura com Tales é sua
capacidade de revisão e crítica interna, distanciando-se de posições
rígidas ou dogmáticas, muitas vezes de origem mítica ou religiosa, que
são impermeáveis às mudanças ou às críticas.
Anaximandro, um discípulo de Tales, considerava difícil aceitar a idéia de que um elemento como a água tivesse gerado todos os outros, pois o princípio teria que ser indestrutível e não-engendrado, do contrário, como tudo, estaria ele também sujeito à mudança e decomposição. A esse princípio, Anaximandro dá o nome de apeíron, que pode ser traduzido por infinito ou ilimitado.
Já Anaxímenes, também de Mileto, considerava que tudo teria se formado a partir do ar infinito, por um processo de rarefação e condensação. Empédocles de Agrigento achava que tudo era um composto de quatro elementos (fogo, terra, água e ar) em diferentes combinações, movidos por forças de repulsão (ódio) e atração (amor). Demócrito de Abdera achava que tudo era formado de partículas infinitamente pequenas e indivisíveis, as quais denominou de átomos (do grego, não-divisível).
De certa forma, as teorias desses filósofos, entre outros do mesmo período, aproximam-se em algum grau daquilo que hoje consideramos verdade científica. Independentemente disso, o mais importante é a forma como trataram a pergunta sobre o princípio comum de tudo e o encaminhamento da resposta que tentaram dar a ela.
Anaximandro, um discípulo de Tales, considerava difícil aceitar a idéia de que um elemento como a água tivesse gerado todos os outros, pois o princípio teria que ser indestrutível e não-engendrado, do contrário, como tudo, estaria ele também sujeito à mudança e decomposição. A esse princípio, Anaximandro dá o nome de apeíron, que pode ser traduzido por infinito ou ilimitado.
Já Anaxímenes, também de Mileto, considerava que tudo teria se formado a partir do ar infinito, por um processo de rarefação e condensação. Empédocles de Agrigento achava que tudo era um composto de quatro elementos (fogo, terra, água e ar) em diferentes combinações, movidos por forças de repulsão (ódio) e atração (amor). Demócrito de Abdera achava que tudo era formado de partículas infinitamente pequenas e indivisíveis, as quais denominou de átomos (do grego, não-divisível).
De certa forma, as teorias desses filósofos, entre outros do mesmo período, aproximam-se em algum grau daquilo que hoje consideramos verdade científica. Independentemente disso, o mais importante é a forma como trataram a pergunta sobre o princípio comum de tudo e o encaminhamento da resposta que tentaram dar a ela.
O fundamento da realidade
Os
primeiros filósofos, assim como os filósofos de hoje, estavam
interessados não sobre a forma como conhecemos este ou aquele fato em
particular, mas sobre como podemos conhecê-los em geral. Ou seja, se
existem realmente fundamentos suficientemente firmes nos quais
poderíamos edificar as bases de todos os nossos conhecimentos ou se
nossos conhecimentos não passam de castelos de areia que mal resistem às
vagas do ceticismo e do relativismo.
Para boa parte dos filósofos da Antigüidade Clássica, responder a essa questão equivaleria a responder sobre o fundamento da realidade, sem o qual nenhuma verdade poderia considerar-se suficientemente segura.
Para boa parte dos filósofos da Antigüidade Clássica, responder a essa questão equivaleria a responder sobre o fundamento da realidade, sem o qual nenhuma verdade poderia considerar-se suficientemente segura.
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