Prefeito Antonio Carlos diz que local será exclusivo para tratamento de mulheres com dependência química
Graças a uma grande e antiga demanda na região por um local onde possa ser realizado um tratamento para dependentes químicos, a Prefeitura de Caraguatatuba deve instalar dentro de um ou dois meses, no bairro Porto Novo, na região sul da cidade, o primeiro Centro Especializado de Recuperação para mulheres com dependência química do Litoral Norte.
Para abrigar a unidade, foi desapropriada uma área no Jardim do Sindicato, onde costumava funcionar a Colônia dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. Segundo o prefeito Antonio Carlos da Silva, a casa tem capacidade para cerca de 60 mulheres dependentes de álcool e/ou drogas. Ainda de acordo com ele, o critério utilizado para a escolha do local foi o preço do imóvel. “É um prédio novo, bom, que vale cerca de R$ 2 milhões. Nós pagamos R$ 600 mil”, conta. Antonio Carlos explica que a entidade escolhida para realizar o gerenciamento do local – que deverá ser a Fundação Orsa ou a Renascer – ficará responsável pela manutenção financeira do Centro de Reabilitação, tendo o espaço em regime de comodato.
O projeto deverá contar com infraestrutura suficiente para oferecer apoio físico e psicológico às pacientes, para que não apenas se recuperem, mas também sejam reintegradas à família e a sociedade.
Ainda segundo o prefeito, o objetivo é fazer com que a cidade seja referência em políticas públicas.
Local escolhido gera reclamação de alguns moradores
Alguns moradores do Porto Novo estão descontentes com o local escolhido para o Centro de Reabilitação. O presidente da associação dos moradores do Jardim Parnaso, Jardim das Colônias, Brasil e Flecheiras, Antonio Ruiz, 66 anos, é totalmente contra a localização do espaço. “Não somos contra obras dessa natureza, que reintegram pessoas à sociedade, porém o local escolhido não é viável por ser turístico, residencial e próximo à escola e a creche do bairro”, declara. “Já existe um abrigo municipal em nosso bairro que está causando transtornos à vizinhança devido à falta de controle e organização”, complementa Ruiz.
Segundo ele, foram recolhidas mais de mil assinaturas em um abaixo assinado que está circulando nas cerca de 40 colônias e comércios dos arredores. “Ninguém está favorável”, garante.
O vice-presidente da associação e administrador da Colônia de Férias dos Metalúrgicos, Frutuoso Bispo do Nascimento, 73 anos, também está descontente. Segundo ele, cerca de 2 mil pessoas moram no bairro e aproximadamente 7 mil turistas visitam as colônias diariamente. “Não tem cabimento fazer isso aqui. O projeto é louvável, mas em outro lugar”, reclama Nascimento, que pede que o assunto seja discutido com a população.
A empresária Fernanda Priscila Bonilha Pessoto, 32 anos, também está insatisfeita. “As dependentes não serão obrigadas a ficar dentro do Centro, sairão na hora que quiserem. Lá na Casa do Menor já está dando problema. Estão pulando o muro dentro da casa dos outros”, comenta.
Sandra Sorrentino, 56 anos, vendedora, também é contra o local escolhido. “Não sou contra o projeto, mas tem várias áreas em Caraguá que poderiam ser utilizadas para fazer isso”, diz.
Reunião
Antonio Carlos informa que, assim que for definida a entidade que irá gerenciar o local, uma reunião será promovida junto à comunidade. Segundo ele, a população está reclamando sem conhecer o projeto e, até o momento ninguém havia pedido qualquer explicação a ele.
“Eu acho que esse projeto deveria ser elogiado, não criticado. O fato é que existe uma demanda muito grande na região. O Poder Público não pode ser omisso. Sou responsável pela política pública. O que estamos fazendo é raro e totalmente de graça para as pessoas pobres”, diz Antonio Carlos, que acredita que a oposição se deve à politicagem. “Vamos entrar em época de eleição agora e acho que algumas pessoas estão falando em nome de outras”, declara.
“Tenho três filhas. É preciso pensar que essas mulheres são filhas de alguém, cidadãs que precisam de atenção e cuidados públicos. Temos que recuperar suas vidas e a de suas famílias”, finaliza o prefeito.
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