A ONU afirmou neste sábado que se um tribunal estabelecer que o ataque hoje contra um hospital da ONG Médicos Sem Fronteiras na cidade afegã de Kunduz tiver sido deliberado constituiria um crime de guerra.
Esta madrugada, bombardeios aéreos afetaram gravemente um hospital administrado pela organização humanitária independente Médicos Sem Fronteiras (MSF), matando nove membros da equipe da ONG e deixando feridos também entre os pacientes.
"A gravidade deste incidente é reforçada pelo fato de que, se for considerado como deliberado por uma corte de justiça, o bombardeio de um hospital pode ser um crime de guerra", disse o responsável de direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein.
O alto comissário assinalou que este fato é "trágico, indesculpável e possivelmente criminoso".
"A aviação militar afegã e internacional tem a obrigação de respeitar e proteger os civis o tempo todo, e as instalações médicas e seu pessoal são objeto de proteção especial", reiterou.
Zeid lembrou que esta obrigação se aplica a qualquer força aérea envolvida, independentemente da localização do ataque.
O governo afegão admitiu o ataque contra o centro médico, mas argumentou que ali se escondiam membros do grupo dos talibãs, que recentemente tomaram o controle de Kunduz e que agora enfrentam uma contra-ofensiva do exército afegão, com apoio aéreo dos Estados Unidos.
A MSF destacou que tinha comunicado às forças pró-governo a localização exata de suas instalações e que o ataque continuou por mais meia hora depois de Caul e Washington terem sido avisados dos danos que estavam causando.
O hospital era o único com serviços de traumatologia e cirurgia em toda a região, aonde trabalhavam 80 membros da MSF, que atendia a uma centena de pacientes no momento do bombardeio.