O empresário Eike Batista fechou acordo para vender mais 24,5% de sua empresa de energia elétrica, MPX, para a alemã E.ON, numa operação de cerca de R$ 1,5 bilhão e que prevê ainda uma capitalização de R$ 1,2 bilhão na companhia.
A venda da fatia, que eleva a participação da E.ON na MPX de 11,5% para 36,2% e reduz a de Eike de 54% para cerca de 24%, ocorre num momento em que o empresário busca recursos para financiar os projetos de suas empresas, em meio à desconfiança de investidores diante de atrasos de execução de empreendimentos e resultados operacionais abaixo do esperado.
Procurada, a holding EBX, controlada por Batista, não pode comentar de imediato o destino dos recursos da venda da participação na MPX.
Pelo acordo, a E.ON comprará a participação adicional na MPX equivalente a 141,54 milhões de ações da empresa, a um preço base de R$ 10 por papel, que poderá ser ajustado para até R$ 11. A ação da MPX encerrou a quarta-feira cotada a R$ 9,69.
Após a conclusão da aquisição, o conselho da MPX vai avaliar uma oferta pública primária de ações para captar recursos, o que fará o capital social da empresa subir em pelo menos R$ 1,2 bilhão. O valor da operação foi definido em R$ 10 por ação.
A E.ON se comprometeu a subscrever o equivalente a R$ 366,72 milhões das novas ações a serem emitidas e o BTG Pactual, recentemente tornado assessor financeiro das empresas de Eike, vai organizar a operação.
Enquanto isso, o BNDESPar, braço de participações do banco de fomento BNDES, afirmou após o anúncio que está avaliando se participará do aumento de capital.
A instituição tem 10,34% do capital da MPX e afirmou que a "operação é positiva para a MPX, uma vez que a oferta pública permitirá captar novos recursos que contribuirão para melhora da estrutura de capital da companhia e consecução do plano de investimentos".
O presidente da MPX, Eduardo Karrer, disse a analistas em teleconferência que os recursos obtidos com o aumento de capital serão reinvestindos em projetos de crescimento da companhia e não para pagamento de dívidas. A MPX fechou 2012 com dívida líquida de R$ 5,4 bilhões.
Karrer afirmou que a MPX está preparando projetos para submeter a leilões de energia térmica que devem ocorrer entre julho e agosto deste ano.
"Em gás e carvão estamos preparando vários projetos para termos uma potencial participação (...) Ouvimos de autoridades que haverá 4 a 5 leilões este ano, com o primeiro sendo de gás e carvão", disse o executivo, que continuará no comando da empresa após o acordo com a E.ON.
A expectativa de Karrer é que a conclusão da compra da participação na empresa pela E.ON ocorra nos próximos 30 a 40 dias, com o aumento de capital ocorrendo por volta de junho.
Além da capitalização, o acordo de Eike com a E.ON prevê a incorporação pela MPX de uma joint venture entre a empresa e o grupo alemão, de modo que todos os projetos entre ambos os grupos ficarão sob a estrutura da empresa brasileira.
Parceria entre MPX e E.ON
A MPX Energia, controlada pelo empresário Eike Batista, e a alemã E.ON anunciaram a formação de uma joint venture em 11 de janeiro de 2012. Na época, o empresário disse que pretendia criar a maior empresa privada de energia do país, para projetos térmicos e renováveis no Brasil e no Chile
A parceria foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 14 de março do ano passado.