A principal causa de morte entre adolescentes no Brasil é a violência. Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (13) faz uma estimativa de que mais de dois mil jovens na cidade do Rio não vão chegar até o fim da adolescência nos próximos quatro anos. E os números são preocupantes em outros municípios fluminenses, conforme mostrou a reportagem do RJTV.
Os homicídios representam quase metade, 45,2%, das mortes de jovens no Brasil. Na cidade do Rio, 1.960 adolescentes devem ser assassinados até 2016. É o que revela o Índice de Homicídio na Adolescência, feito pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Unicef, Observatório de Favelas, e Laboratório de Análise da Violência da Uerj.
índice em Caxias tem dobro da média nacional
A pesquisa mostra que Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, está entre os municípios mais perigosos do país.
O índice de Caxias é de 6,35, mais do que o dobro da média nacional, 2,98. Isso quer dizer, que 689 jovens entre 12 e 18 anos deverão perder a vida nos próximos quatro anos.
Jovem morto por PMs
Igor Cordeiro Manhães, de 13 anos, foi morto com quatro tiros de fuzil, no bairro Centenário, em Caxias, em março deste ano. Quatro PMs já respondem na justiça por homicídio doloso.
Um parente, que não quis se identificar, lembra que o menino era estudioso e nunca teve envolvimento com criminosos.
Além de Caxias, Itaguaí, Niterói, na Região Metropolitana, e Cabo Frio, na Região dos Lagos, também apresentam índices elevados de jovens que não vão chegar até o fim da adolescência.
Índices na capital ficam estáveis
Os números da capital ficaram praticamente estáveis e os do estado pioraram em 2010, comparados aos do ano anterior.
“A gente avalia que há uma subestimação dos dados de morte no estado do
Rio de Janeiroem 2007, pelos dados da saúde, que costumam apresentar dados consistentes, mas no caso do Rio a saúde desde 2007 apresenta problemas”, diz Ignácio Cano, sociólogo do Laboratório de Análise da Violência, da Uerj.
De acordo com o estudo, jovens moradores de favelas, do sexo masculino e negros correm mais risco de serem assassinados. Regiões onde há crescimento econômico e populacional têm uma tendência maior a se tornarem violentas para os adolescentes. É o caso, por exemplo, de Macaé, no Norte Fluminense.
“A violência persegue a desigualdade. A gente faz um alerta sobre um número, uma tendência de número de que a gente precisa reverter”, diz a especialista em direitos e proteção do Unicef, Helena Oliveira.