Prováveis candidatos ao governo do Rio, o deputado federal Anthony Garotinho (PR), o senador Lindbergh Farias (PT) e o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) estão aproveitando as eleições municipais para colocar o pé no acelerador com o objetivo de largar na frente na corrida para o Palácio Guanabara em 2014. Cada um a seu estilo, eles estão por trás das campanhas dos candidatos de seus partidos e lançaram mão de estratégias para fixar a imagem junto ao eleitorado.
Era 23 de junho quando Garotinho percorreu nada menos que nove cidades para prestigiar as convenções de aliados. A vida de andarilho é apenas uma das faces da estratégia que o ex-governador montou para aumentar sua influência e eleger prefeitos que podem dar palanque daqui a dois anos. Em um dia, vai a várias cidades de uma mesma região. Além da campanha nas ruas, o parlamentar aparece na fotografia que estampa os santinhos de aspirantes do PR e estará nos programas de rádio e TV da maioria deles.
O ex-governador não quis falar ao GLOBO sobre sua participação neste processo eleitoral.
— Garotinho está dando prioridade a alguns nichos. Está de olho grande em São Gonçalo, Itaboraí, São João de Meriti e Nova Iguaçu — diz um aliado.
Seus aliados dizem que, como presidente do PR no Rio, foi o responsável por aprovar cada nome que está na disputa. Fez isso não só para analisar as chances de seus pares, mas também para evitar possíveis traições. O parlamentar se movimentou ainda para ampliar a militância do PR, com cursos e palestras. Numa tentativa de polarizar a eleição de 2014 desde agora, a orientação do parlamentar é que os candidatos centrem fogo no governo de Sérgio Cabral (PMDB), mesmo que a disputa seja municipal.
Pezão, interiorano de fala mansa, come pelas beiradas. Não aparece explicitamente nas campanhas, salvo em poucas carreatas e caminhadas. Mesmo assim, esta cena será comum apenas nas cidades em que a disputa não tiver mais que um aliado. Pezão não quer azedar a relação com partidos amigos e correr o risco de perdê-los em 2014. Segundo o pensamento do peemedebista, que pode se tornar governador em 2013 se Cabral deixar o cargo, é melhor inaugurar obras no estado que bater perna em campanhas.
A participação do vice-governador do Rio tem sido mais acentuada nos bastidores. Ele recebe candidatos, os aconselha e participa de reuniões internas. Ainda assim, a estratégia do PMDB é que Pezão faça campanha nas áreas com obras do Programa de Aceleração do Crescimento, reforçando a imagem de “pai do PAC” que o ex-presidente Lula lhe atribuiu. Pezão aparece em santinhos ao lado de Cabral, para fixar sua imagem na cabeça do eleitorado.
— Ando nesses locais, tenho muitas amizades com as associações de moradores. As pessoas me apresentam as necessidades desses locais — diz Pezão.
Lindbergh planeja gastar sola para pedir votos nas ruas aos 35 candidatos a prefeito do PT e aos aliados. Além disso, terá fotos em santinhos e participará dos programas de rádio e TV. De recesso no Senado, visita pelo menos uma cidade por dia. Região dos Lagos e São Gonçalo são áreas onde passa mais tempo. Para ele, campanha estadual não se faz em três meses, é preciso começar a trabalhar na eleição anterior. Ele admite que foi escolhido pelo PT para ser garoto-propaganda nesta eleição:
— É o Lula nacionalmente, e eu em nível estadual.
Lindbergh passou a participar mais da articulação de alianças. Consolidou contato com caciques de outros partidos, possíveis aliados em 2014. Após as eleições, lançará a “caravana da cidadania” pelo estado. O projeto se inspira na caravana de Lula, quando era candidato.