Eu Meditava esta semana na vida de José do Egito, ele tem uma história muito interessante, sem levar em conta aqui todo um lado teológico, mas sim pedagógico. O que podemos aprender com ele e sua caminhada.
O pai de José sendo já velho teve um filho, só quem nunca conheceu um pai já velho tendo um filho não conhece o resultado disto. É muito mais paparicado, tem mais liberdade de brincadeiras e palavras com o pai. Já que o mesmo está com paciência, sem a correria para ganhar a vida, pois está com ela mais tranqüila, os filhos mais velhos já encaminhados na vida.
Assim o filho tendo mais intimidade com o pai, passa a falar ao mesmo o que os mais velhos fazem escondidos, até para conquistar uma confiança maior “José trazia a seu pai más notícias a respeito deles.” (Gênesis 37: 2b). No caso de José seu pai comete um erro gravíssimo que se qualquer um de nós o cometermos terá um resultado desagradável. – Ter preferência por um filho. Isso gera na família um sentimento de vazio, discórdia e competição desnecessária em casa. “Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores. Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam falar pacificamente.” (Vv.3-4) Para complicar mais a mãe do rapaz era a amada do pai.
A cabeça dos outros filhos não dava conta de resolver isso dentro em si. O garoto não precisava aprender serviços pesados como os irmãos. Ele lia, estudava o livro sagrado, ganhou uma roupa especial. Fora que deveriam ver o pai bajular a mãe de José e as outras não receber o mesmo carinho e cuidado.
Quando os irmãos de José resolvem acabar com aquela situação, não era nenhum sentimento novo no pedaço. É um sentimento que temos oculto em nossos corações. Quando lemos sua história nos tornamos juizes de seus irmãos. Achamos um absurdo o que desejaram fazer-lhe. Mas pense no que sentiria se isso fosse na sua família? Não duvido o que sentiria escondido em seu coração.
Daí começa uma história de superação. Desanimo em algumas ocasiões e um outro fator interessante. Tudo que ele se dispôs a aprender com o pai e a mãe serviu-lhe de serviço na casa real.
O texto bíblico conta que José era um homem formoso (Gênesis 39:6), mas era muito inteligente também, afinal Potifar entrega em suas mãos tudo o que tinha. Porém esqueceu da mulher que havia em sua casa. “E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse: Deita-te comigo.” (Vv.7) Imagino o quanto José deve ter recebido de cantada, palavras macias, ofertas de dinheiro, bens e delicias. Esta é a parte que mais ele foi provado. Para um jovem bonito, inteligente sem os pais por perto, sem apoio da família não cometer a loucura de se entregar aos desejos da carne. Foi um suportar a maior adversidade.
Ele quando disse não a mulher, não ficou ali sendo tentado para mostrar a si mesmo a força interior que tinha. Saiu correndo, a pegada da mulher não foi de palavras apenas, ela o agarrou de tal forma que até suas roupas ficaram para trás. “Então ela, pegando-o pela capa, lhe disse: Deita-te comigo! Mas ele, deixando a capa na mão dela, fugiu, escapando para fora.” (Vv.12) Quando éramos pequenos brincávamos de pega e quando éramos pego de surpresa tirávamos a camisa por trás e o que pega ficava só com a camisa nas mãos e nós longe.
Isso que aconteceu com José. Ela o pega de jeito, sua carência emocional era visível. Todos sabiam que ele não era um rapaz qualquer, suas mãos eram macias, não conhecia o sol escaldante do trabalho rural.
O desejo daquela mulher havia se tornado louco, obcecado a levá-la ao desrespeito de seu lar e marido. José por sua vez, não esquecia do que havia sido ensinado a ele por seus pais. Estava longe na presença, mas seus ensinamentos ainda eram fortes em seu coração.
Ao ser ensinado sobre Deus guardou as palavras em seu coração. Ele poderia ter aproveitado aquela oportunidade que lhe era dado. Mas escolheu ser fiel a Deus. Escolheu sofrer pelo não cometido a negar sua fé e respeito ao seu Servo Potifar.
A adversidade vem em nossas vidas para nos provar, nos ensinar um caminho diferentes daquele que estamos acostumados a viver. Como um terremoto, tudo balança sai do lugar, mas não podemos desistir de continuar a caminhada.
Na adversidade aprendemos que nossos dons e talentos não são para guardarmos em uma gaveta e usá-los quando desejarmos. Mas ele tem que estar à disposição de Deus. Pois é a porta para sairmos de tamanhas lutas que nos afligem. Quando conseguimos enxergar na adversidade a oportunidade de transpassar barreiras estamos enxergando muito além do impossível. Assim foi José. Ao chegar à prisão se abateu é claro, quem não se abateria. Mas não deixou ser dominado por este sentimento, viu ali uma oportunidade de mandar seu recado ao rei.
Interpretando os sonhos dos colegas de cela ele não apenas usou seu dom, como também disse ao copeiro que não esquecesse dele, ou seja, diga que eu estou aqui. Que ainda estou vivo e pronto para voltar. Como os planos são nossos e o executar vem de Deus, ele teve que esperar dois anos.
Outro fato interessante na vida de José é que ele poderia ter deixado levar pelo ódio dos irmãos e se prostrar, ficar doente de amargura e tristeza. Para ser chamado ao trabalho, o carcereiro viu em José sua falta de culpa, sua honestidade, uma confiança fora dos padrões normais. Mostrou serviço, zelo pelas tarefas e ganhou a confiança. Não ficou parado ali na prisão esperando o tempo simplesmente passar. Foi a luta pela vida, não desanimou, não entregou os pontos nem ficou ali só reclamando e perguntando o que será de mim?
Novamente é usado seu dom de interpretação de sonhos. Deus vê em José um homem maduro, que o amava mesmo na luta e adversidade, não deixou se dominar pela amargura de espírito.
Interpreta mais um sonho, ganha mais um voto de confiança. Faraó o coloca como Governador do Egito. Não precisou de uma carreira política para o posto, foi provado na vida, no trabalho. Ao saber usar um dom, mostrou que sabia governar. “Esse parecer foi bom aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos. Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus? Depois disse Faraó a José: Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu.” (Gênesis 41:37-40)
Mesmo se tornando Governador não cresceu-lhe orgulho, foi fiel na prisão e no palácio e tudo que punha em suas mãos prosperava. Não vingou o acontecido como sempre desejamos em nosso coração.
A recompensa por ser obediente fiel e ter um coração limpo de todos os sentimentos inflamadores de contendas Deus lhe restitui a família, o pai tão amado. Desejo de vingança José provavelmente tenha tido quando vê seus irmãos. Quando mostrou seus irmãos quem ele era chorou feito criança. Suas lágrimas foram compensadas por Deus, que todas elas recolheu e as transformou em alegria e sorriso.
Está também passando por adversidades? Imagino o quanto está sendo dolorido, mas não feche seus olhos para o que de bom pode acontecer neste período. Ai pode estar sua chance de crescer, mostrar seus talentos e sabedoria.
Precisamos do banco de reservas muitas vezes para provar nosso caráter, fidelidade a quem servimos. Prova nosso amor para com Cristo e o quanto estamos prontos para ouvir e entender sua voz que nem sempre é doce.
Fiquemos atentos ao que Deus em Cristo Jesus está nos ensinando para que não perdamos de vista cada oportunidade que está surgindo em nossa caminhada.
Até a próxima...
Por: Silvia Leticia Carrijo de Azevedo Sá