Apressada para participar da gravação do clipe do cantor Naldo, Adriana Bobom trocou de roupa no meio da rua na tarde desta sexta-feira. A repórter do “Tv fama”, não se fez de rogada e saiu do carro só de maiô. Em seguida, pegou um shortinho jeans e vestiu ali mesmo, do lado de fora do automóvel.
Quando os jovens iniciam o ensino médio, eles começam a ansiar por um bonito bronzeado… É também neste mesmo momento que a maioria dos pais “repassa aos filhos” a responsabilidade de aplicar o protetor solar diariamente.
Entre a vontade de filhos e o desejo dos pais, é registrada uma tendência preocupante entre os adolescentes: nesta fase precoce da vida muitos se expõem a um elevado risco de desenvolver cânceres de pele mortais, mais tarde na vida.
O alerta vem de pesquisadores do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center in New York, que publicaram o estudo Prospective Study of Sunburn and Sun Behavior Patterns During Adolescence na revista Pediatrics.
Para descobrir o quanto a fotoproteção era relevante na adolescência, os pesquisadores, em 2004, entrevistaram 360 adolescentes, entre 10 e 11 anos, em Massachusetts, visando registrar quanto tempo eles ficavam expostos ao sol, quantas vezes usavam proteção solar e outras atitudes sobre bronzeamento, como experiências com queimaduras solares, por exemplo.
Três anos depois desta primeira etapa, em 2007, os pesquisadores registraram que o uso do protetor solar havia caído pela metade entre os jovens. A constatação causou alarde, pois os danos do sol registrados em idade precoce têm sido associados a um risco maior de melanoma, no futuro.
Segundo Stephen Dusza, um dos autores do estudo, “os adolescentes são bombardeados com imagens e mensagens veiculadas pela mídia que associam uma aparência saudável a estar bronzeado, sem levar em conta os danos precoces causados à pele. Quando lidamos com adolescentes entre 11-14 anos, há uma série de forças que promovem o bronzeamento a qualquer custo”.
Como funciona a cabeça do adolescente
“Percebo diariamente que os adolescentes associam o bronzeado à uma boa aparência. Mas é preciso esclarecê-los: o bronzeado é a resposta do corpo à exposição UV e revela que houve danos à pele. Ou seja, houve uma inflamação cutânea como resposta à queimadura solar, independente do grau de exposição”, afirma a dermatologista Cristine Carvalho, diretora do CDE – Centro de Dermatologia e Estética.
Para a médica, os dados revelados pela pesquisa norte-americana refletem a falta de campanhas de saúde pública sobre a prevenção do câncer de pele. O número de casos de melanoma nos Estados Unidos tem aumentado, nas últimas três décadas, e cerca de 70.230 novos casos serão diagnosticados este ano, segundo a Sociedade Americana do Câncer. Por aqui, segundo dados do INCA, Instituto Nacional do Câncer, em 2012, 6.230 novos casos de melanoma serão registrados, sendo 3.170 homens e 3.060 mulheres.
“O melanoma é uma forma grave de câncer de pele, pois pode se espalhar para outras partes do corpo. Dependendo do tipo de melanoma, se diagnosticado e tratado precocemente as perspectivas são boas, mas as chances de cura são baixas se o câncer for diagnosticado numa fase tardia”, informa a médica.
Equilíbrio na exposição ao sol
“Apesar da exposição ao sol, sem os devidos cuidados, acarretar em risco de desenvolver câncer de pele, ela é fundamental para prevenir a deficiência de vitamina D entre as crianças e adolescentes”, defende a dermatologista, que também é chefe do Departamento de Fototerapia do Curso de Pós-Graduação em Dermatologia da Fundação Pele Saudável, Instituto BWS.
As ações mais conhecidas da vitamina D ocorrem no sentido de promover a mineralização óssea e um balanço positivo de cálcio. Somente através dela é que conseguimos absorver o cálcio dos alimentos que ingerimos e depositá-lo eficientemente nos ossos. Esse efeito garante o crescimento das crianças e dos adolescentes e ossos fortes e ricos em cálcio em todas as idades.
“Daí, podemos imaginar, que quando os estoques de vitamina D se tornam insuficientes na criança, ela não cresce, passando a apresentar ossos e dentes sujeitos a fraturas e ossos amolecidos que vão se deformando ao longo da vida. Trata-se de uma doença chamada raquitismo. Nos adultos, a mesma doença é chamada osteomalácea e as queixas são de dores ósseas generalizadas com a evidência laboratorial de osteopenia e osteoporose, quando se realiza a densitometria óssea”, diz a médica.