Na região, o reajuste nas bombas dos postos de combustíveis tem sido observado ao longo da última semana
O valor do etanol hidratado voltou a subir em todo o Estado de São Paulo, maior produtor do Brasil, já tendo acumulado um aumento de 28,8% desde o dia 13 de maio, quando a alta teve início este ano. Em nove anos, este é o maior aumento, em plena safra.
O reajuste nas bombas dos postos de combustíveis da região tem sido imediato e foi observado ao longo da última semana pelos motoristas. Em São Sebastião, em uma rápida volta entre o bairro de São Francisco e o Centro na tarde de ontem, entre os diversos postos de combustível do trecho era possível encontrar o litro do etanol variando entre R$ 1,89 e R$ 2,08.
Em Caraguatatuba e Ubatuba, o preço mais barato encontrado em alguns locais foi R$ 1,79. Em todo o Estado de São Paulo, no mesmo período, os preços alcançavam R$ 2,06.
“Aumentamos o valor do litro para 1,99 por dois dias na semana passada, mas logo abaixamos novamente para R$ 1,89 e o movimento tem aumentado bastante”, diz o frentista Flávio Alexandre Pinto, de um posto no Bairro de São Francisco, um dos poucos da cidade que manteve a média de preços praticada nos últimos dois meses.
Já Rafael Santos, gerente do posto no Pontal da Cruz, afirma que, há um mês, o valor só vem aumentando. “Aumentou a última vez no sábado, e bastante. Estávamos vendendo a R$ 1,99. Tentamos ao máximo não repassar para o consumidor”, comenta. “Estamos em plena safra, o certo seria abaixar o valor, mas não temos nenhuma notícia de que isso vá acontecer. Não dá para entender”, continua o gerente. De acordo com ele, a mão de obra para se fazer a gasolina é muito maior. “O álcool é tão simples. E o que vemos é quase o mesmo preço, uma diferença de apenas 75 centavos entre um e outro”, analisa Santos. “A demanda aumentou e os donos quiseram faturar mais que o justo. Deveria ter acontecido o contrário”.
Quando o etanol compensa?
A diferença entre os preços da gasolina e do álcool confundem os proprietários de veículos Flex na hora de abastecer. “Praticamente 90% das pessoas que possuem carros Flex têm abastecido com gasolina, especialmente nesta última semana”, diz o gerente Rafael Santos.
Afonso Escudero, proprietário de um carro bicombustível, acredita que ainda compensa abastecer com etanol. “Mas esse aumento deu uma ofendida grave no orçamento. Sei que faço quase a mesma quilometragem todo mês porque pago meu combustível a cada 30 dias. Neste último pagamento, senti um aumento de uma média de 30%”, conta.
O gerente de um posto no Porto Grande, Antonio Salles, já acha que hoje está compensando a gasolina. “É uma orgia esse aumento de preços do etanol, uma piada. Aumenta toda hora”, declara. “Vem aumentando desde o início de agosto, é uma bagunça. E agora vão importar álcool! Nós, que inventamos o Proálcool, agora vamos importar álcool, imagina”, reclama.
Menos álcool na gasolina
Desde ontem, o percentual de álcool anidro que é misturado à gasolina caiu de 25% para 20%, segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A medida – que irá durar por tempo indeterminado – é uma precaução por causa da incerteza sobre a futura safra de cana-de-açúcar, que não se sabe se será melhor que a atual.
Em 2010, o governo também reduziu o percentual da mistura de 25% para 20% por três meses, por causa do aumento do preço do álcool combustível aos consumidores e de problemas de abastecimento em alguns estados. O corte representou cerca de 100 milhões de litros de etanol a mais disponíveis no mercado por mês.
A diminuição da proporção de álcool na fórmula vai obrigar a Petrobrás a comprar mais gasolina no exterior.
Dica
Alguns especialistas no assunto chegaram a uma fórmula simples que ajuda a resolver se é mais vantagem abastecer com álcool ou gasolina.
Basta pegar o preço da gasolina e multiplicá-lo por 0,7 ou 70%. O resultado será um valor de referência. Se a gasolina custar R$ 2,65, ao fazer o cálculo será obtido o resultado de 1,85. Isso quer dizer que se o valor do etanol for superior a R$ 1,85, vale a pena abastecer com gasolina.