ISTAMBUL, Turquia - Depois de ameaças do grupo turco autodenominado "Nacionalistas diferentes", vídeos com cenas de sexo, envolvendo políticos da oposição, foram postados na internet. Os vídeos mostram, de fato, oposicionistas turcos em cenas íntimas com outras mulheres, que não suas esposas. A poucas semanas das eleições gerais na Turquia, no próximo dia 12, o escândalo pode beneficiar o governo nas urnas.
Os vídeos em preto e branco são granulados, chegam até a cintilar. Mas as imagens parecem mostrar líderes do Partido da Ação Nacionalista (MHP) em cenas íntimas. Os espiões foram além de apenas instalar câmeras escondidas, eles também adicionaram legendas cheias de insultos e até trilha sonora.
O partido atingido pelo escândalo sexual luta para se firmar no cenário político da Turquia, usando um discurso de guardião dos valores do Islã, de identidade pura turca e da proteção a instituição familiar. Nas últimas eleições gerais, em 2007, o MHP obteve 14% dos votos. Neste ano, a legenda precisa obter, no mínimo, 10% dos votos para garantir sua vaga no Parlamento, senão suas vagas irão para o partido com mais votos no pleito. A perda nas urnas significaria um grande impacto para Turquia, já que ajudaria ao primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan a alcançar uma maioria de dois terços no Congresso. O partido de Erdogan já foi acusado de autoritarismo e parece se dirigir sem grandes dificuldades para um terceiro mandato.
De acordo com a BBC, seis políticos de alto escalão do MHP já haviam pedido demissão de seus cargos neste sábado em meio ao escândalo sexual. A mídia turca afirma que os seis - incluindo quatro vice-presidentes do partido - se demitiram diante das ameaças de publicação dos vídeos comprometedores.
Outros quatro líderes do partido haviam se demitido no começo do mês depois que imagens filmadas ilegalmente foram disponibilizadas na internet.
O legislador Deniz Bolukbasi, um dos seis líderes do MHP que renunciaram neste sábado, disse ter sido vítima de uma armadilha promovida pelos partidários de Erdogan.
- Estou me demitindo para poupar meu partido de danos que tais acusações podem causar -disse ele.
Membros do partido no poder, que já tentou transformar o adultério em ilegalidade, negaram as acusações e chamaram o esquema de "feio", mas não resistiram e usaram o escândalo para se aproveitar politicamente. Neste mês, Erdogan disse que "se as mulheres não são suas esposas, por que o assunto deveria ser privado?" e ainda chamou os vídeos de "indecência geral".