O novo presidente assumiu a camara depois de uma eleição turbulenta e diz que não ficaram ressentimentos contra os opositores
Ricardo Hiar
Há duas semanas a Câmara de Caraguatatuba deu inicio às sessões ordinárias de 2011. Apesar disso, desde o último dia 1º de janeiro o Legislativo municipal conta com uma mudança, definida em dezembro do ano passado: a nova presidência. Quem assumiu o comando da Casa de Leis foi o vereador Wilson Agnaldo Gobetti, PDT, que ocupa essa função pela terceira vez em sua carreira política.
Em dezembro do ano passado a disputa pela cadeira de presidente gerou um clima mais tenso no Legislativo, principalmente a partir de um pedido na justiça, por parte da vereadora Vilma Teixeira de Oliveira Santos (PSDB), para que a chapa de Gobetti fosse impugnada. A justiça não acatou o pedido, a eleição ocorreu normalmente e com exceção da vereadora Vilma e vereador Celso Pereira (DEM), todos os demais vereadores compareceram ao plenário e votaram favoráveis para eleger Gobetti o novo líder.
Agora, quase dois meses a frente do Legislativo, Gobetti diz que não há ressentimentos e que não pretende fazer oposição ao Executivo. Em entrevista ao Imprensa Livre, falou sobre o andamento da Câmara, suas primeiras ações à frente do Legislativo e seus principais projetos para o biênio 2011 e 2012. Ele fez questão de frisar a importância da população buscar mais contato com os vereadores e participar ativamente das sessões.
Imprensa Livre (IL) – Como o Senhor encontrou o Legislativo quando assumiu a presidência, em 1º de janeiro. Já dá para fazer uma análise?
Wilson Gobetti (WG) – O presidente que me antecedeu foi um grande presidente, dentro das limitações que a Câmara de Caraguatatuba impõe. O Omar fez um belo mandato e nós encontramos a Câmara totalmente em ordem. Evidentemente que a cada retomada você tem novas atitudes.
IL – A Câmara de Caraguatatuba pode ser considerada uma das mais tranqüilas do Litoral Norte ao se tratar do relacionamento entre Poderes Legislativo e Executivo. Porém, a situação ficou um pouco tensa no ano passado com sua candidatura, que não seria apoiada pelo prefeito. Com a sua eleição, esse quadro de “harmonia” pode mudar? O senhor acredita que haverá oposição nesse biênio?
WG – Não acredito em oposição, até mesmo porque oposição feita de forma inconseqüente só vem prejudicar o município. Essa não é nossa intenção. Nós entendemos e respeitamos a opinião do prefeito, as suas necessidades, mas na realidade quem elege o presidente da Câmara são os vereadores e não o prefeito. Os colegas entenderam que nosso nome era o mais adequado para assumir o Poder Legislativo nesses dois anos e fomos eleitos pela unanimidade dos presentes na data. Não existe nenhum tipo de rancor ou pensamento de retaliação quanto à vontade do prefeito ou outras atitudes. Nós queremos uma cidade bonita, crescendo. Torcemos para que o prefeito faça uma boa administração, até porque fazemos parte desse mandato. Estamos em instituições diferentes, porém, sempre existe a necessidade de uma harmonia entre os poderes. A gente vai continuar dando o apoio que demos até agora ao prefeito. O Poder Legislativo é totalmente independente do Executivo, mas se não houver diálogo e proximidade e bom relacionamento, as coisas ficam ruins para a cidade.
IL – E quais seriam suas primeiras medidas como presidente da Casa?
WG - O quadro de funcionários, a meu entender, precisava de reestruturação. De imediato já fizemos uma prévia normatização, mas existe já uma empresa contratada que fará areestruturação total do quadro funcional da Câmara para não haver desvios de funções e termos condições de dar ao funcionário da casa a devida condição de trabalho. Queremos que cada um esteja em suas funções e setores, por isso é uma reestruturação muito grande que precisa ser feita. Foram realizadas ao longo dos mandatos alterações sem se preocupar com essa reestruturação. O quadro de funcionários hoje é relativamente grande, que precisa de cuidados para não prejudicar um ou outro. A intenção é dar condições de trabalho iguais a todos.
IL – Isso quer dizer que a Câmara tem mais funcionários do que deveria? O senhor prevê cortes?
WG – Eu acho que o quadro de funcionários da Câmara é o suficiente, o necessário. Além disso, é preciso entender que o próximo mandato terá um aumento significativo de vereadores na casa, onde talvez tenha que se criar novos cargos. Então queremos deixar o Legislativo em ordem, para que não se pare os trabalhos na próxima gestão, enquanto se cria cargos ou se adequa o quadro de funcionários. Temos a grande responsabilidade de manter o Poder Legislativo funcionando e funcionando bem até 2012. Quero deixar para a próxima legislatura uma estrutura para que os vereadores sejam bem recebidos e tenham condições de dar continuidade ao trabalho.
IL – Além dessa reestruturação, o que a comunidade pode esperar de Wilson Gobetti a frente do Legislativo?
WG – Um dos pontos primordiais de todas as minhas gestões como presidente da Câmara é a questão do atendimento, tanto em relação as condições para os funcionários atenderem bem, quanto dos munícipes serem bem atendidos aqui. Queremos dar essa condição para que haja essa proximidade com a comunidade. A idéia é que os munícipes tenham essa facilidade para falar com seus vereadores, com os funcionários da Câmara. É desburocratizar por completo o Poder Legislativo da cidade e deixar que os moradores de Caraguatatuba e pessoas que nos visitam tenham esse acesso.
IL – Muito já foi dito sobre a construção de um novo prédio para o Legislativo. O senhor pensa em fazer algo a respeito?
WG – Sempre tivemos a vontade de construir uma nova Câmara, um novo prédio, para que pudesse dar até mais condições para um bom atendimento aos munícipes. Mas sabemos que nossos recursos são limitados. Temos um repasse feito pela Prefeitura que é suficiente apenas para manter a Câmara funcionando e pagar folha de funcionários. Não teremos condições de construir esse novo prédio dessa forma. Seria a vontade do presidente Gobetti e acredito que de qualquer outro presidente, já que temos um prédio arcaico que foi sofrendo modificações ao longo do tempo. Vejo até que para próxima legislatura esse prédio será inadequado para acolher todos os vereadores. Por isso pretendemos elaborar um projeto para a construção do novo prédio, a fim de deixar para o próximo presidente dar continuidade ou até mesmo iniciar algo, caso entrem no orçamento os royalties em 2012. Por enquanto ainda é apenas um sonho, mas quem sabe dê certo.