O atentado terrorista a bomba ao prédio da ABI no Rio de Janeiro completa 46 anos nesta sexta-feira, 19 de agosto.
No dia 19 de agosto de 1976, uma bomba destruiu as dependências da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro. O ataque destruiu todo o 7º andar do edifício-sede da nossa entidade, onde funcionavam o Conselho, os serviços administrativos e a Presidência. As autoridades nunca conseguiram identificar os autores do atentado a bomba.
Horas mais tarde, outro explosivo foi encontrado na sede da seção carioca da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas foi desativado a tempo. Foram os primeiros de uma série de ações paramilitares contra entidades e cidadãos engajados na luta pela democracia, que se estenderiam até o governo seguinte e jamais foram esclarecidas pelas autoridades de segurança.
Em 1976, a ABI era uma das entidades da sociedade civil que mais se destacava na defesa das liberdades democráticas, fazendo forte oposição à ditadura militar. Entre agosto e setembro do mesmo ano, outros atentados a bomba atingiram a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a residência de Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo.
Em 1980, o processo de abertura política do então presidente João Figueiredo provocou mais atos terroristas. A secretária da OAB, Lyda Monteiro, morreu ao abrir uma carta-bomba. Outras seis pessoas se feriram.
No momento em que o Brasil enfrenta uma nova ameaça golpista, lembrar dessa data é importante para que as novas gerações saibam do que enfrentamos na luta contra a ditadura e a defesa da liberdade de imprensa e da democracia. Lembrar, para não esquecer. Para que nunca mais aconteça!
Organizações semiclandestinas de direita, como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e Movimento Anticomunista (MAC), agiam no país desde antes do golpe de 1964. Pareciam inativas a partir de 1969, quando a repressão oficial se organizou em torno do DOI-Codi. As bombas de agosto de 1976 foram assumidas por uma desconhecida Aliança Anticomunista Brasileira (AAB), título semelhante ao da Aliança Anticomunista Argentina (Triple A), que em três anos de existência havia executado cerca de 600 pessoas no país vizinho.
O retorno do terrorismo da direita no Brasil havia sido antecipado pelo comandante do 1° Exército (Rio), general Reynaldo Mello de Almeida, em janeiro daquele ano. A previsão constava de um relatório sobre a reação dos militares à exoneração do comandante do 2° Exército, Ednardo D’Ávila Mello, após a morte do operário Manoel Fiel Filho sob tortura no DOI-Codi de São Paulo. Na disputa interna da ditadura, as ações terroristas se encaixavam na resistência ao projeto de “distensão lenta, gradativa e segura” dos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva.
O envolvimento direto do aparelho de repressão nessas ações seria claramente demonstrado em 1981, quando um agente do DOI-Codi morreu e outro ficou ferido na explosão acidental de uma bomba que seria usada para criar pânico em um show no Riocentro.
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