Para os círculos imperialistas ocidentais, a 14ª Cúpula dos Brics, o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tinha tudo para ser um fracasso.
Decerto, baseavam-se nas amargas experiências que tiveram nos recentes encontros internacionais que promoveram – desde a Cimeira da “Democracia”, em dezembro do ano passado, à Cúpula das Américas, em junho corrente, passando pelas reuniões do G7, Otan e União Europeia. Estas, como as próximas das potências imperialistas ocidentais lideradas pelos EUA, resultam apenas em intensificação das tensões promovendo sanções, hostilizando países que consideram inimigos, designadamente China e Rússia, o que evidentemente põe em risco a paz e a segurança do mundo. Dentro de poucos dias terá lugar em Madri, Espanha, a cúpula da Otan, sobre a qual já se anunciam novos planos agressivos, como a adoção de um novo conceito estratégico de cariz belicista, o aumento e modernização das armas e efetivos, bem como mais um ciclo de expansão geográfica.
Mas a Cúpula do Brics, realizada no modo virtual dia 23 de junho, mostrou mais uma vez a que veio o grupo. Resiste às pressões da conjuntura mundial complexa e carregada de conflitos, em um momento em que a humanidade é assolada pela pandemia, a crise econômica, bem como por ameaças à autodeterminação dos povos e à paz mundial, com a ulterior militarização do mundo por meio do expansionismo, armamentismo e novos conceitos estratégicos da Otan sob comando dos EUA.
Assiste razão ao líder da China, que presidiu a 14ª Cúpula, quando afirmou em seu discurso que o mecanismo do Brics mostrou resiliência e vitalidade na atual crise global e quando propôs que o grupo permaneça aberto e inclusivo para que novos parceiros se juntem à “grande família Brics”. Xi Jinping também expressou firme oposição às sanções unilaterais e rechaçou os “pequenos círculos” construídos em torno da hegemonia.
O fato é que o mundo não se sente mais representado pelos velhos mecanismos de exercício de dominação econômica e política das potências imperialistas ocidentais. Os países e povos, que lutam por progresso, autodeterminação, justiça e paz, desejam uma verdadeira cooperação e desenvolvimento compartilhado, o que somente será alcançado por meio de mecanismos de integração não baseados em objetivos hegemônicos. Esse anseio empurra os países de desenvolvimento emergente a buscarem alternativas de associação a grupos e blocos que representem os interesses da maioria das nações e povos.
O Brics é um bom exemplo disso e se credencia cada vez mais a desempenhar um papel protagonista na luta por um novo ordenamento político e econômico global, o que inelutavelmente altera a correlação de forças, porquanto confronta os desequilíbrios, as desigualdades e injustiças, pondo em xeque a atual hegemonia, ao fortalecer o campo das forças do progresso social, do desenvolvimento nacional e da paz. Trata-se de uma tendência que as forças imperialistas não podem parar.
A 14ª cúpula, presidida por Pequim, evidenciou o papel fundamental que o Brics representa na luta por uma nova ordem internacional. Atualmente, os países do Brics respondem por 40% da população mundial, por 25% da economia global e 18% do comércio mundial e contribuem com 50% para o crescimento econômico mundial.
A 14ª Cúpula do Brics produziu mais um documento que aponta na direção da construção do mundo multipolar baseado em cooperação, desenvolvimento compartilhado, justiça e paz. E com sentido prático, voltado para apontar soluções factíveis aos problemas agudos e emergentes. A Declaração de Pequim do Brics 2022 abrange capítulos como “Fortalecendo e Reformando a Governança Global”, “Trabalhando em Solidariedade no Combate à covid-19, “Protegendo a Paz e a Segurança”, “Promovendo a Recuperação Econômica”, “Acelerar a Implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” e “Aprofundar o Intercâmbio Interpessoal” e “Desenvolvimento Institucional”.
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