O nome do ex-candidato ao governo do estado Acre Tião Bocalom (DEM-AC) é um dos que aparece em planilhas da construtora Odebrecht como beneficiário de possíveis doações de campanha feitas pela empreiteira.
De acordo com as tabelas, os repasses foram feitos pela empreiteira para as campanhas municipais de 2012 e para as eleições de 2010 e de 2014. As planilhas foram apreendidas pela PF durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, que teve como alvo principal o marqueteiro João Santana, que trabalhou em diversas campanhas do PT.
Não é possível, porém, afirmar que se tratam de doações legais de campanha ou feitas por meio de caixa 2, já que os documentos não detalham se os valores, de fato, foram repassados e se foram pagos em forma de doação oficial.
A lista, divulgada na quarta-feira (23), foi apreendida na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, que foi preso temporariamente pela Lava Jato e liberado posteriormente pela Justiça.
Em nota, Bocalom diz querer que o caso seja esclarecido. Ele ainda nega ter sido beneficiário de qualquer recurso enviado pela Odebrecht.
"Tenho pressa que o MPF e a PF, esclareçam logo esta história. O Democratas Nacional me informou pessoalmente ontem à tarde [quarta-feira, 23], através de seu tesoureiro, que não recebeu nenhum recurso carimbado da Odebrecht para o Tião Bocalom. O que eles repassaram, R$ 300 mil, era deles, Democratas Nacional", afirma.
O ex-candidato disse ainda que está a disposição dos órgãos fiscalizadores para prestar esclarecimentos. "De uma coisa, tenho certeza: Este dinheiro, nunca chegou em nossas mãos (...) Apesar de meus 17 anos de mandato, orgulho me de nunca ter respondido sequer, a um processo por malversação do dinheiro público.", diz.
Tião Bocalom já foi eleito prefeito do município de Acrelândia por três vezes, a primeira em 1993, a segunda em 2000 e por fim, em 2004. Em 2010, ele se candidatou ao governo do Acre pela primeira vez. Nesse período ele estava no PSDB. Dois anos depois, Bocalom foi candidato a prefeito de Rio Branco. Nas eleições de 2014, ele concorreu novamente ao governo do estado, dessa vez pelo DEM.
Sigilo
Nesta quarta-feira (23), após as planilhas terem sido divulgadas na imprensa, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, determinou o sigilo sobre os documentos.
"Aparentemente, na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, foram apreendidas listas com registros de pagamentos a agentes políticos. Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos", diz o juiz no despacho.
"De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do MPF para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", conclui Moro.
Confira a íntegra da nota de Bocalom:
Queridos amigos Acreanos!
Com relação ao meu nome ter aparecido na lista de projeções 2014 da Odebrecht, com o suposto repasse de R$ 400, 00 (devem estar dizendo mil) à minha campanha, venho informar a cada um de vocês, que:
QUEM NAO DEVE, NAO TEME!
Tenho pressa que o MPF e a PF, esclareçam logo esta história.
O Democratas Nacional me informou pessoalmente ontem à tarde, através de seu tesoureiro, que não recebeu nenhum recurso carimbado da Odebrecht para o Tião Bocalom. O que eles repassaram, 300 mil Reais, eram deles, Democratas Nacional.
Estou à disposição imediata destes dois órgãos fiscalizadores e sérios, que tanto estão contribuindo para um futuro mais limpo e transparente na condução da gestão pública no Brasil, para dirimir quaisquer dúvidas.
De uma coisa, tenho certeza: Este dinheiro, nunca chegou em nossas mãos.
Todos os que acompanharam nossa campanha em 2014, puderam ver que nossos recursos eram escassos, ao ponto de mantermos o nosso único comitê na própria sede do partido, na avenida Nações Unidas, e um escritório de gestão num local cedido pelo nosso candidato a senador, na avenida Getúlio Vargas.
Devo esclarecer também, que estou perplexo, como o meu nome foi aparecer no meio das grandes figuras nacionais, pois sou apenas um professor que luta para sobreviver, e trava uma luta desproporcional com o PT Acreano desde 2002, carregando sempre a Bandeira de uma gestão pública mais transparente, eficiente e sem corrupção, o que na prática já demonstrei, quando fui vereador no Paraná, prefeito por 3 vezes de Acrelândia, e secretário de Estado entre 1999 e 2000. Apesar de meus 17 anos de mandato, orgulho me de nunca ter respondido sequer, a um processo por malversação do dinheiro público.
Mantenho firme minha fé nas instituições que lutam por um Brasil mais sério e humano, e que, ao final de tudo, minha inocência ficará provada.
Tião Bocalom
Presidente estadual do Democratas e candidato a governador em 2014.
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