Considerado herói pelo Partido dos Trabalhadores, o ex-ministro José Dirceu, mentor do “mais atrevido caso de corrupção e desvio de dinheiro” do Brasil, nas palavras de Roberto Gurgel, voltou a ganhar destaque na mídia. Desta vez o nome do petista é citado por Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo o doleiro, "Bob", nome que seria usado por José Dirceu, consta no registro de contabilidade do esquema que desviou bilhões da Petrobras. Dirceu tinha conhecimento de que os recursos pagos por empreiteiras para fraudar contratos na Petrobras eram repassados ao PT. A denúncia de Alberto Youssef foi noticiada hoje, 12, depois que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações em primeira instância, liberou ao acesso público ao conteúdo da delação premiada, por meio da qual o doleiro colabora com a Justiça. Além dos depoimentos de Youssef, Moro tornou público também o conteúdo das delações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, outro protagonista dos desvios na estatal. O doleiro afirmou ainda que não sabe sobre valores que teriam sido repassados a Dirceu, mas contou que o ex-ministro, depois de deixar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, utilizou o jato Citation Excel que pertence ao lobista Julio Camargo.
Em outro depoimento concedido à Polícia Federal (PF), Youssef disse que Dirceu e o ex-chefe da Casa Civil Antônio Palocci eram "ligações" do executivo da Toyo Setal Júlio Camargo com o Partido dos Trabalhadores (PT). As declarações de Youssef foram dadas em uma série de depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) em outubro do ano passado e anexados nesta quinta-feira (12) no processo da Lava Jato. "Que o dinheiro entregue pelo declarante [Youssef] em São Paulo servia para pagamentos da Camargo Corrêa e da Mitsui Toyo ao Partido dos Trabalhadores, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os recebimentos à época eram João Vaccari e José Dirceu"registrou a PF no depoimento prestado pelo doleiro em 10 de outubro de 2014.
OUTRO LADO - Dirceu contestou as declarações do doleiro Alberto Youssef sobre os supostos repasses de dinheiro de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Dirceu disse que “as declarações são mentirosas”. Para o ex-ministro, que ficou 354 dias preso e agora cumpre prisão domiciliar, a própria delação do doleiro o inocenta, por não apresentar provas. Além disso, assegura o ex-ministro, Youssef sequer soube explicar a sua “suposta participação” no esquema. "O ex-ministro José Dirceu repudia, com veemência, as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Julio Camargo, da Toyo Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Operação Lava Jato. O ex-ministro também afirma que nunca representou o PT em negociações com Julio Camargo ou com qualquer outra construtora. As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu. O ex-ministro também esclarece que, depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo."
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