O ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, 42 anos, será candidato ao cargo de governador do Estado de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT). De acordo com informações da revista "Veja", governar São Paulo é, declaradamente, uma obsessão para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 1982, ainda na ditadura militar, ele foi o primeiro candidato do Partido dos Trabalhadores, então recém-fundado, ao Palácio dos Bandeirantes. O PT nunca atingiu o objetivo, e, há quase duas décadas, Lula amarga derrotas para os tucanos no Estado.
Alexandre Padilha disputará uma eleição majoritária pela primeira vez em outubro – a exemplo dos candidatos inventados por Lula em 2010, a presidente Dilma Rousseff, e em 2012, o prefeito paulistano Fernando Haddad – o que lhe rendeu o apelido de "terceiro poste" de Lula. Na largada, o cenário não é animador: a última pesquisa de intenção de voto do Data folha mostrou que os presidenciáveis de oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) venceriam Dilma em um eventual segundo turno em São Paulo. Haddad, por sua vez, terminou seu primeiro ano de mandato com aprovação de apenas 18% dos paulistanos – à frente apenas dos ex-prefeitos Gilberto Kassab e Celso Pitta, ambos com 15% em igual período de avaliação.
A baixa popularidade de quem poderia figurar como cabo eleitoral de Padilha preocupa o comando da campanha. Ainda não se sabe qual será o papel de Haddad. A cúpula do PT paulista prevê um "período adverso" para o ex-ministro até que comecem as inserções e os programas no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, o que só ocorrerá na segunda quinzena de agosto. Por enquanto, Padilha marca apenas 3% das intenções de voto – e deve permanecer sem guinadas significativas nas pesquisas até a propaganda ganhar o palanque eletrônico. O problema é que estrategistas de diferentes partidos preveem uma disputa equilibrada no tempo de exposição: entre 4 e 7 minutos para os três principais candidatos.
A seu favor, pesa o fato de ainda ser um candidato desconhecido (e, portanto, com potencial de crescimento) e com perfil mais carismático e descontraído, oposto ao de Dilma e de Haddad. O ex-ministro faz parte da tendência interna Construindo um Novo Brasil (CNB), a corrente majoritária que controla a sigla. Médico infectologista formado na Unicamp e pós-graduado na USP, Padilha ocupou cargos estratégicos na articulação política do governo Lula e chegou a comandar o Ministério das Relações Institucionais antes de ir para a pasta da Saúde no governo Dilma. A passagem pela pasta lhe rendeu proximidade com diversos prefeitos. Padilha também se mostra muito mais à vontade na costura de alianças políticas do que os correligionários escolhidos por Lula antes. No fim de maio, ele posou para fotos de mãos dadas com o deputado e mandachuva do PP paulista, Paulo Maluf, um histórico adversário do partido em São Paulo. Seguia à risca uma recomendação pragmática de Lula: formar alianças com o maior número de partidos à direita do PT e não buscar apoio apenas nos parceiros tradicionais da esquerda brasileira.
Mas essa estratégia de Lula ainda não vingou. Dois partidos da base de Dilma, PDT e Pros, fecharam com o pré-candidato do PMDB, Paulo Skaf, cuja candidatura foi formalizada em convenção neste sábado. Padilha conseguiu atrair para sua coligação apenas o PCdoB e o PP, de Maluf. As últimas cartadas do partido são para o PR, do mensaleiro Valdemar Costa Neto. A vaga de vice na chapa de Padilha segue aberta para composições. É um ativo fundamental, uma vez que o senador Eduardo Suplicy disputará – mais uma vez e à revelia de setores do PT – mais oito anos de mandato no Senado. Para piorar o cenário, o ex-prefeito Gilberto Kassab, cuja candidatura favoreceria a divisão de votos e poderia enfraquecer a liderança de Alckmin, demonstra disposição em abandonar o voo solo para ocupar o posto de candidato a vice-governador na chapa do tucano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário