Paula Lavigne está em crise. Com o trabalho que realiza, apenas, mas está. A mulher que há pouco mais de dez anos realizou uma bem-sucedida transição da carreira de atriz para a de produtora cinematográfica (e que, no caminho, casou-se, descasou-se e teve dois filhos com ninguém menos que Caetano Veloso) pretende agora se deslocar do mundo das telas para o dos palcos, onde já tem um pé bem fincado. Não irá abandonar por completo os filmes (“porque esse é um espaço que conquistei”), mas quase.
“Em cinema, o business é muito grande. Já cheguei a produzir três filmes em um único ano, quase fiquei maluca. É uma atividade pesada, exigente. A coisa mais parecida com fazer cinema é o Exército, a hierarquia militar”. Ela ainda está no ramo – no momento, faz um filme de seu amigo Cacá Diegues –, e se orgulha dos 13 longas produzidos que tem nas costas. Mas para esta carioca de 43 anos o mundo da sétima arte, cada vez mais, ficará para trás. À sua frente, o universo dos shows e dos DVDs musicais.
“Essa é uma área muito mais leve, que te dá muito mais retorno, e de forma rápida. É algo bem mais prazeroso de se trabalhar. E o legal é que artistas jovens, como Criolo e Emicida, têm conseguido construir um novo modelo de negócios, rentável, que não depende das gravadoras”, conta ela. Em fevereiro foi lançado um vídeo do show de Criolo no Circo Voador, no Rio de Janeiro, com direção de Paula e Fernanda Young. Toda a equipe aceitou trabalhar sem receber, para ser paga posteriormente. É justamente esse espírito desinteressado que existe no metiê da música que mais lhe agrada.
Paula iniciou sua carreira como atriz aos 14 anos de idade. Apareceu em novelas, minisséries de TV e filmes; foi, por exemplo, a Marly de “Anos Dourados” (1986), na Globo, e a Daniela de “Vale Tudo” (1988). Atuou também na muito comentada (e pouco vista) incursão de Caetano Veloso atrás das câmeras, o longa “O Cinema Falado” (1986). Mas, assim que pôde, passou a trabalhar apenas na parte gerencial dos projetos, seu grande talento. Mesmo quando resolve dirigir, ela o faz por motivos práticos: não quer correr o risco de algum profissional “autoral” arruinar a gravação de um musical com maneirismos de filmagem. “Um bom DVD se resume à gravação do melhor do show, ponto. Não há segredo nisso”, garante Paula, elegantemente vestida de negro.
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