Protesto fecha Rio-Santos por 5 horas em Camburi, São Sebastião

Moradores protestaram contra os estragos provocados pelas chuvas na Costa Sul de São Sebastião. Cerca de 200 famílias estão desabrigadas. Bairros inteiros foram alagados. Choveu 191,1mm em apenas 24 horas

Moradores atearam fogo em colchões e madeiras para protestar contra estragos da chuva

São Sebastião - Cerca de 300 moradores, segundo a Polícia Militar, interditaram na manhã de ontem durante cinco horas o km 167 da Rodovia Rio-Santos, na altura da Praia de Camburi, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo.

Às 10h30 eles bloquearam os dois lados da via incendiando madeiras, sofás, colchões e pneus para protestar contra os estragos provocados pelas chuvas que atingiram a região desde a madrugada de domingo, deixando dezenas de famílias desabrigadas. O protesto durou até as 15h30.

Ao menos 200 famílias estão desabrigadas (leia texto abaixo).

Polícia Militar após o protesto, para impedir novas manifestações na Rio-Santos

Diversos bairros ficaram totalmente alagados. A água da chuva chegou a dois metros de altura em alguns locais, como no bairro Baleia Verde. Em Camburi, veículos ficaram submersos.

Durante toda a madrugada de domingo, dezenas de moradores foram socorridos por equipes do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Várias famílias perderam tudo, o que teria motivado o protesto.

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, não houve congestionamentos, pois o fluxo de veículos foi desviado por dentro do bairro da Baleia. A Polícia Militar encaminhou reforços para liberar a pista. Segundo a PM, os policiais negociaram por cinco horas para evitar confrontos. A Guarda Municipal também foi acionada.

Rua Lobo Guará, em Camburi: alagada

“Construí minha casa a 90cm do solo, pois aqui sempre alaga com as chuvas. Mas desta vez, fomos pegos de surpresa, pois a alta atingiu dois metros de altura, deixando só o telhado para fora da água”, conta o barman Marcelo José da Silva, 23, apenas com a roupa do corpo. “Só sobrou a roupa para participar do protesto”.

A Defesa Civil também se disse surpresa com a intensidade das chuvas. “Não era para chover o que choveu no fim de semana. O verão terminou e com ele, o período de chuvas. Não esperávamos esse volume”, disse o chefe da Defesa Civil, Émerson Alonso.

Compromisso

Algumas famílias perderam tudo na enchente

Escolas da região sul de São Sebastião serão utilizadas para abrigar os sem-teto. “O alto índice pluviométrico, associado à topografia plana e à maré cheia ocorrida, resultaram em alagamentos nunca vistos na Costa Sul, disse o prefeito Ernane Primazzi (PSC).

Ele se reuniu com uma comissão de moradores e firmou um compromisso no qual prometeu realizar a limpeza dos rios para facilitar o escoamento das águas. O município também deverá doar cestas básicas aos desabrigados e iniciará uma campanha para arrecadar donativos.