Depois da série de reportagens "A Esquina do Medo", Gutemberg Santos de Souza, o Berg ou Berguinho, de 29 anos, foi indiciado pela 21ª DP (Bonsucesso), por ter sido identificado por duas testemunhas, em uma das fotos publicadas. A imagem mostra dois bandidos portando armas, em uma moto, no cruzamento das avenidas dos Democráticos e Dom Hélder Câmara. Foi expedido um mandado de prisão contra Santos, mas o caso teve uma reviravolta. Na Justiça, a testemunha indicada pela polícia não reconheceu o acusado como o homem da foto. Assim, a juíza Cláudia Pomarico Ribeiro, da 33ª Vara Criminal da Capital, revogou a prisão preventiva e Gutemberg, sem dever nada nos tribunais, voltou às ruas. A investigação continuou e os policiais conseguiram fotos do verdadeiro Berg, que ainda não foi, completamente, identificado, mas está sendo procurado como traficante da Esquina do Medo, com intensa participação no comércio de drogas da Favela de Manguinhos.
— Trabalhamos com elementos concretos e, na delegacia, dois moradores da comunidade identificaram a pessoa da foto como o Berg. Ele foi indiciado, mas teve o direito de se defender e mostrar que não estava naquela moto. Continuamos o trabalho e levantamos a foto do bandido, que está sendo procurado. Nós contamos com o apoio da população, que pode nos ajudar a chegar até ele — afirmou o delegado Felipe Curi, que comandou a investigação.
A confusão teria começado por causa da semelhança entre nomes, fotos e apelidos. As pessoas da comunidade levadas à DP viram todas as imagens feitas pelo EXTRA e apontaram um dos bandidos como Berg. Os investigadores lançaram o apelido no sistema de informações da Polícia Civil e encontraram a ficha de Gutemberg Santos de Souza, que já foi preso e condenado por roubo, mas cumpriu a pena e está livre há cinco anos. Com o "aval" dos colaboradores, ele acabou sendo indiciado. Perante à juíza, ao olhar o preso frente a frente, uma das testemunhas de acusação disse que aquele não era o mesmo que aparece, na fotografia, transportando um fuzil.
— O reconhecimento do réu se deu com base na fotografia publicada, não sendo tal elemento de prova repetido em juízo, o que enfraquece a certeza de sua participação nos fatos descritos na denúncia — proferiu a juíza da 33ª Vara.
Morador de Marechal Hermes, Gutemberg alegou que é mais conhecido como Berguinho e que nunca esteve em Manguinhos. De acordo com sua advogada, uma tatuagem ajudou a provar que ele não tem envolvimento com os criminosos desta favela.
— Como um homem de bem, meu cliente se apresentou, espontaneamente, à Justiça e provou sua inocência. Conseguimos mostrar que o rapaz da motocicleta (o verdadeiro Berg) tem uma enorme tatuagem no antebraço esquerdo, sinal este que o Gutemberg (Berguinho) não possui — afirmou Fernanda e Silva Neiva.
Investigação na madrugada
A série de reportagens "A Esquina do Medo" foi produzida, em fevereiro de 2010, a partir de quatro madrugadas de monitoramento em um local dominado pelo terror imposto por traficantes de drogas. Foram 32 horas de vigília no cruzamento das avenidas dos Democráticos e Dom Hélder Câmara, entre as localidades da Feirinha, no Jacarezinho, e da Coreia, em Manguinhos. No inquérito que investiga os fornecedores para a facção destas comunidades, a 33ª Vara Criminal expediu 43 mandados de prisão contra bandidos
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