GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Acordos contra corrupção e cartel de construtoras da Lava Jato recuperam R$ 11,5 bilhões

  • O Cade é o órgão que investiga cartel em obras da Lava Jato, negocia acordos e estipula multas a construtoras
O Cade é o órgão que investiga cartel em obras da Lava Jato, negocia acordos e estipula multas a construtorasOs acordos nas esferas administrativa e criminal assinados com empresas de construção e serviços de engenharia no âmbito da Operação Lava Jato, até fevereiro deste ano, determinaram a recuperação de cerca de R$ 11,5 bilhões em recursos. O dinheiro advém de acordos contra formação de cartel, firmados com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e de acordos judiciais contra práticas de corrupção e lavagem de dinheiro, fechados com o MPF (Ministério Público Federal). De alguns acordos, também participou a Justiça dos Estados Unidos, da Suíça e do Reino Unido.
A recuperação do dinheiro não é imediata, uma vez que o pagamento de alguns valores foi parcelado. O valor do acordo judicial com a construtora Odebrecht, por exemplo, foi dividido em 23 anos.
Dos R$ 11,5 bilhões em recuperação, apenas R$ 300 milhões são oriundos exclusivamente dos acordos com o Cade. O critério utilizado para o cálculo das sanções do Cade teria gerado multas com valores muito baixos, na avaliação de um dos conselheiros do órgão.
Encarregado de fiscalizar e garantir a livre concorrência no Brasil, o Cade considera cartel a prática ou acordo feito entre concorrentes para fixar preços, dividir mercados, estabelecer cotas ou restringir produção e fraudar licitações públicas. Tem consequência grave, uma vez que gera, segundo cálculos oficiais, sobrepreço de 10% a 20% em relação a um mercado competitivo.
Essas sanções financeiras a empresas de construção envolvidas na Lava Jato dizem respeito apenas a condutas anticoncorrenciais na esfera administrativa e não têm a ver, por exemplo, com processos que correm contra elas na esfera criminal, conduzidos pelo Ministério Público Federal.
As multas se originaram de cinco acordos assinados com o Cade, denominados de termos de cessação de conduta (TCC). Por meio desses acordos, a empresa participante de um cartel assume a culpa e se compromete a interromper as práticas ilícitas e a ajudar nas investigações do caso, beneficiando-se de desconto nas multas aplicadas.
Os termos de cessação de conduta foram assinados em duas investigações do Cade: de cartel em licitações de obras continentais ("onshore") de montagem industrial em unidades da Petrobras, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), do início dos anos 2000 a 2011/2012; e de cartel em concorrência de montagem eletromecânica na futura usina nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro, em 2013/2014, pertencente à Eletrobras Termonuclear. O contrato era de cerca de R$ 3 bilhões.
Pelo TCC no processo de formação de cartel em obras de montagem industrial da Petrobras, a construtora UTC recebeu multa de R$ 129 milhões; a construtora Camargo Corrêa, de R$ 104 milhões; e a construtora Andrade Gutierrez, de cerca de R$ 50 milhões.
No processo sobre o cartel em obras de Angra 3, o acordo estipulou o pagamento de multa de R$ 10 milhões à UTC e de R$ 6 milhões à Andrade Gutierrez.
Somadas, essas multas chegam a R$ 300 milhões, valor repassado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, do Ministério da Justiça, com a finalidade de reparar danos.

Na usina de Angra 3, construtoras combinaram preços e dividiram mercado para fraudar licitação de obras de montagem, segundo a Lava Jato
Conforme a legislação em vigor, o Cade pode punir a empresa condenada por cartel a pagar multa de 0,1% a 20% do valor do faturamento bruto dela no exercício anterior ao processo. A punição também pode ser estendida aos administradores da empresa direta ou indiretamente envolvidos com o ato ilícito, com multa de 1% a 20% da aplicada à empresa.

Conselheiro criticou "baixo valor" de multa

Os valores das multas aplicadas às construtoras não são consenso dentro do próprio Cade. Para o conselheiro João Paulo de Resende, que votou contra a homologação dos TCCs da UTC e da Andrade Gutierrez no caso de cartel em obras da Petrobras, os valores de faturamento utilizados para calcular as multas resultaram em sanções rebaixadas e que não têm caráter dissuasório, isto é, não desencorajam novas práticas ilícitas. Contudo, o TCC foi aprovado em janeiro deste ano pela maioria do plenário do Cade.
Para a multa aplicada à Andrade Gutierrez, que ficou em pouco menos de R$ 50 milhões, o conselheiro avalia que o valor mais próximo da realidade seria de pelo menos R$ 620 milhões, considerando sobrepreço de 10%.
Em seu voto, Resende cita também entendimento do TCU (Tribunal de Contas da União), que avalia o sobrepreço do cartel em 17% e, por isso, levaria a multa à construtora para perto de R$ 1 bilhão.

Acordo beneficia primeira a delatar

Nos dois processos, o Cade também formalizou acordos de leniência. Nas execuções de montagem industrial da Petrobras, foi acertada com a Setal/SOG Óleo e Gás. No caso de Angra 3, o acordo de leniência foi assinado com a Camargo Corrêa.
Nos processos de investigações de práticas lesivas à livre concorrência, a leniência é negociada apenas com a primeira empresa a identificar a existência de um cartel, assumir sua participação e culpa e identificar os demais participantes dele. Para os participantes do mesmo cartel, a opção de acordo é o TCC. As empresas que assinaram os acordos de leniência com o Cade se beneficiaram de isenção da multa.
Na maioria dos casos, foi beneficiada a Andrade Gutierrez, que homologou sua delação premiada em 2015 com a força-tarefa da Lava Jato. Nela, os executivos citaram que o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) receberam propina da empreiteira. Atualmente, a empresa faz uma espécie de "recall", motivada pela delação de 77 executivos da Odebrecht, para adicionar informações aos depoimentos já relatados.
Já foram assinados pelo Cade, até fevereiro deste ano, outros cinco acordos de leniência em processos de formação de cartel com construtoras envolvidas em denúncias surgidas com a Lava Jato e em desdobramentos dela.
Há cerca de outros 30 processos de cartel relacionados com a Lava Jato em andamento no Cade, mas sobre os quais o órgão não fala "por razões legais e no interesse das investigações em curso".

Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, é levado para depor em Curitiba. Construtora acertou leniência com Ministério Público

Punição suspende novos contratos públicos

Além das sanções contra a ordem econômica no âmbito do Cade, as construtoras investigadas na Lava Jato também estão sujeitas a duas outras esferas de investigação e possível punição: do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, que pode aplicar punições administrativas e multas em dinheiro, impedindo a empresa de participar de novas concorrências públicas; e do Ministério Público e da Justiça, na esfera criminal, com penas de prisão e multas em dinheiro.
No campo da Lava Jato, pelo Ministério da Transparência, cinco construtoras já foram consideradas inidôneas e estão impedidas de participar de novas licitações públicas em todas as esferas (federal, estadual e municipal) e negociar contratos públicos por pelo menos dois anos após a publicação da decisão no "Diário Oficial da União".
"Essa pode ser a pena mais severa para uma empresa que só trabalha com grandes obras, porque essas obras são normalmente contratadas apenas por governo", contextualiza Thiago Bottino, professor da FGV Direito Rio. "Uma punição, portanto, que poderá quebrar essa empresa, tirando-a de vez do mercado."
As cinco construtoras que foram incluídas no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas são: Mendes Júnior (desde abril de 2016), Skanska (desde junho de 2016), Iesa Óleo & Gás (desde setembro de 2016), Jaraguá Equipamentos Industriais (desde dezembro de 2016) e GDK (desde fevereiro de 2017). Elas foram suspensas com decisões baseadas na lei de licitações (lei 8.666/1993), e não na lei anticorrupção (lei 12.846/2013), porque as condutas irregulares se deram antes da entrada em vigor desta última. Essas empresas não receberam multas em dinheiro. A lei de licitações não estabelece formas nem critérios de cálculo de multas.
No Ministério da Transparência, há outros 21 procedimentos administrativos de responsabilização em andamento no âmbito da Lava Jato, sobre as seguintes empresas de construção: Alumni; Andrade Gutierrez; Camargo Corrêa; Carioca Christiani-Nielsen; Construcap; Construtora Odebrecht; EIT; Engevix; Fidens; Galvão Engenharia; MPE; OAS; Odebrecht Ambiental; Odebrecht Óleo e Gás; Promon; Queiroz Galvão; Sanko; SOG (Setal); Techint; Tomé; e UTC.
Dessas 21 construtoras, 12 manifestaram interesse em fazer um acordo de leniência com o Ministério da Transparência, que garantiria que continuassem a disputar obras e contratos públicos, mantendo-se idôneas. As negociações com essas empresas continuam e ainda nenhum acordo foi fechado. Outros três processos, contra as empresas NM, Egesa e Niplan, foram arquivados por falta de provas.

Ministério Público já fechou nove acordos

Com o Ministério Público Federal, as empresas envolvidas na Lava Jato já firmaram nove acordos de leniência, que preveem penas mais brandas em troca de informações que contribuam efetivamente com as investigações. Dois dos acordos seguem em segredo de Justiça.
Para Gil Castello Branco, economista e secretário-geral da ONG Contas Abertas, que fiscaliza as contas públicas em todos os níveis de governo, as empresas envolvidas na Lava Jato "não foram multadas de forma aleatória", uma vez que se trata do maior escândalo de corrupção do mundo, em termos monetários.
"Essas empresas do cartel espoliaram os recursos públicos ao longo de muitas décadas. Para o mal que essas empresas causaram, estão pagando o preço certo. Não são vítimas."

Tábua de pedra do Templo de Salomão: fraude genial ou demonstração da verdade histórica da Bíblia?


De um lado, aqueles que acreditam tratar-se da primeira evidência da existência do Templo de Salomão, descrito na Bíblia como "A Casa do Senhor". De outro, os que veem uma elaborada falsificação.

E no meio dessa polêmica, a chamada Tábua de Joás, peça de pedra encontrada em 2001 e que até hoje intriga cientistas e autoridades de Israel.
Mais de uma década depois, especialistas ainda não conseguiram responder à dúvida: o artefato é verdadeiro ou uma elaborada falsificação?
No livro sagrado, o Templo de Salomão é o local construído para abrigar a Arca da Aliança, cofre que guardaria as tábuas de pedra dos Dez Mandamentos e que teria desaparecido após a destruição do espaço, incendiado pelo exército do rei babilônio Nabucodonosor em 586 a.C.
A Bíblia faz referências à reconstrução do templo por Joás de Judá, que reinou em Jerusalém um século depois de Salomão.
"Joás disse aos sacerdotes: Todo o dinheiro consagrado que se costuma trazer à Casa do Senhor (...) recebam-no os sacerdotes, cada um da mão de seus familiares, e consertem os postigos do Templo onde quer que se achem fendas", diz o capítulo 12 de Reis 2.
A tábua encontrada também descreve em hebreu as obras feitas pelo rei: "Reparei a construção e fiz os reparos no templo e nos muros que o rodeiam".

Autêntica ou falsa?

Após a descoberta, a Tábua de Joás foi encaminhada ao Serviço Geológico de Israel para que pudesse ser - ou não - autenticada.
Primeiro, examinaram a pátina, uma fina camada que se forma ao longo do tempo na superfície de uma rocha ou pedra pela interação de seus minerais com as substâncias químicas do ar, da água ou da terra.
Os geólogos logo notaram que a pátina era contínua na frente da pedra e nas letras da inscrição, o que significa que foram gravadas num passado distante.
Em seguida, com a técnica de datação de carbono, conseguiram precisar que a tábua tinha cerca de 2.3 mil anos.
Depois, os especialistas notaram que a composição química da pedra era a mesma das que estão presentes na região de Jerusalém.



E, finalmente, detectaram grânulos de ouro em sua superfície, precisamente o que se esperaria se a pedra estivesse no interior de um templo banhado de ouro, como descreve a Bíblia, durante um incêndio.

Em 2003, o Serviço Geológico declarou oficialmente que a tábua era genuína. O artefato foi então oferecido à venda ao Museu de Israel, que abriga boa parte dos tesouros do país.
Mas essa história não acabou aí.

O museu decidiu conduzir sua própria verificação da autenticidade da tábua. Nesse meio tempo, porém, tanto o objeto quanto o homem que o havia descoberto - cuja identidade ainda era misteriosa - simplesmente desapareceram.
A Autoridade de Antiguidades de Israel passou a investigar o caso e, nove meses depois, chegou ao colecionador Oded Golan, que é engenheiro.
Golan, por sua vez, insistiu que era apenas o intermediário de outro colecionador. Mas as autoridades suspeitaram: ele também era vinculado a outro artefato extraordinário descoberto dois anos antes, o Ossário de Tiago.

Frases modernas

No passado, judeus usavam ossários para armazenar restos mortais de familiares em cavernas e câmaras funerárias.


O ossário descoberto por Golan era especial por causa de uma inscrição que continha: "Tiago, filho de José, irmão de Jesus".
Devido a ela, foi declarado em 2002 a primeira evidência física da existência de Jesus Cristo, o que repercutiu em todo o mundo.
As autoridades fizeram buscas nas propriedades do colecionador e recuperaram tanto o ossário quanto a tábua - era hora de saber se ambas eram genuínas.
Desta vez, porém, formaram um comitê de linguistas e cientistas para examinar os objetos.

Parte dos linguistas disse ser uma falsificação. Eles encontraram na tábua anacronismos, ou seja, expressões em hebreu cujos significados eram diferentes daqueles da época do Templo de Salomão.
Mas outros especialistas afirmaram que se sabia tão pouco de hebreu antigo que era impossível definir se a peça era mesmo falsa.

O que dizia a pedra

O comitê recorreu então à geologia.
Yuval Goren, geoarqueólogo e diretor do Instituto Arqueológico da Universidade de Tel Aviv, encontrou evidências de que sofisticados falsificadores enganaram os especialistas.
Ele descobriu que a composição da pátina da parte de trás da tábua era diferente daquela da frente. Era formada de sílica, mineral não encontrado em Jerusalém, e tinha grânulos de fósseis marinhos, embora o Tempo de Salomão não estivesse próximo do mar.
Além disso, notaram que a pátina da tábua foi fabricada artificialmente - partículas de carbono antigo e grânulos de ouro foram adicionados à mão.
O ossário, por sua vez, era autêntico. Mas a inscrição nele, não.
Os cientistas confirmaram a autenticidade da primeira parte: "Tiago, Filho de José", datada da primeira metade do século 1 d.C. No entanto, a segunda parte, "Irmão de Jesus", foi adicionada pelo menos 20 séculos mais tarde.
Os resultados dessas e outras análises levaram a concluir que a tábua de pedra e o ossário eram elaboradas falsificações.
Algo que, porém, nunca chegou a ser um consenso completo.
Fraude com conhecimento de causa?
Para as autoridades, tratava-se de uma equipe de falsificadores com especialistas em várias disciplinas.
Quando a polícia prendeu Oded Golan e inspecionou suas propriedades, descobriu uma oficina com uma coleção de ferramentas, materiais e "antiguidades" sendo produzidas.
A evidência indicava que eles estavam lidando com uma operação numa escala muito maior do que pensavam.
Os investigadores descobriram que colecionadores de todo o mundo tinham pagado centenas de milhares de dólares por artefatos que vinham de parceiros de Oded Golan.
Dezenas desses objetos foram examinados por Yuval Goren - e todos eram, na sua visão, falsos.
Em seguida, surgiu o receio de que artefatos feitos pela equipe de falsificadores tivessem chegado aos grandes museus do mundo.
Alguns arqueólogos pediram à época que tudo o que tivesse chegado ao mercado nas duas décadas anteriores à revelação e que não tivesse certificado de origem claro deveria ser considerado falso.
Muitos desses objetos, como a tábua que deu início à investigação, foram fabricados aproveitando-se do desejo de muitos de confirmar os escritos bíblicos, diziam.
Em dezembro de 2004, Oded Golan foi acusado de falsificar e fraudar antiguidades e enfrentaria um julgamento que se estenderia por oito anos.
Em 2012, ele foi absolvido das acusações de falsificação e fraude, mas condenado por uma ofensa menor: a de possuir objetos suspeitos de roubo e venda de antiguidades sem licença.
Segundo o juiz, a acusação não conseguiu provar que os objetos eram falsos. E determinou que eles fossem devolvidos a Golan.

Caso não resolvido

Mas as dúvidas continuam até hoje.
Golan falou sobre a tábua de pedra ao jornal israelense Ha'aretz:
"Pode ser da época do rei Joás, do século 9; pode ser uma cópia feita mais tarde da pedra original que estava no templo; ou até uma tentativa de gravar na pedra os reparos que foram feitos; ou pode ser uma falsificação feita há apenas 100 anos. Realmente não sei."

E os especialistas continuaram dando opiniões.

Em 2016, o professor Ed Greenstein, da Universidade Bar-Ilan, de Israel, publicou uma atualização de seu artigo "A suspeita inscrição de Joás: um postmortem", no qual conclui:
"Nenhum livro das antigas inscrições em hebreu incluirá o chamado texto de Joás; nenhum historiador da antiga Israel jamais contará com a inscrição como fonte; nenhum gramático ou lexicógrafo de hebreu antigo incluirá palavras, frases ou formas que se encontrem na inscrição como dados autênticos."
No entanto, outros especialistas estão inclinados ao contrário. Chaim Cohen, da Universidade Ben Gurion, escreveu em 2009 que, se fosse comprovada a falsificação, seria "a falsificação mais brilhante de todas".
Enquanto isso, Ronny Reich, um dos fundadores da Autoridade de Antiguidades, ressaltou:
"A inscrição me parece autêntica, pois é difícil acreditar que um falsificador (ou um grupo de falsificadores) possa saber tanto de todos os aspectos - físico, palográfico, linguístico e bíblico - para produzir tal objeto."

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Água tônica
A reportagem sobre alternativas à tradicional hidroginástica (23/11) foi interessante. Pena que muitas academias prefiram subutilizar as piscinas a propor inovações. É preciso inovar!
CRISTINA MANGIA

Nem marido, nem...
Pensei no texto "Nem marido, nem namorado" (16/11). Não só as novas formas de conjugalidade precisam de outra nomenclatura, mas as novas famílias. O namorado da minha avó, o filho do ex da mamãe e até uma frase ouvida de um menino pequeno: "a minha...ah, sei lá o que ela é minha, ela toca violão também." Tudo soa estranho. Meu caso? Meu atual? E o americano "my significant other?" Meu termo favorito é "rolo".
RACHEL JOFFILY RIBA 

A expressão "significant other", traduzida literalmente, é insossa. Mas funciona nos EUA.
PAULA MATVIENKO-SIKAR 

"Meu homem" soa meio feminista, década de 80, aquela coisa "Malu Mulher" e Ivan Lins. Para os amigos, apresento só pelo nome. Mas para o porteiro, aí é meu marido mesmo. Vale qualquer coisa, desde que não seja "esposo".
ROSA AMANDA STRAUSZ 

Força no períneo
A leitora Denise Rodrigues, referindo-se à matéria que abordou o períneo (9/11), escreveu sobre um curso na Unifesp para a reabilitação do assoalho pélvico. Gostaria de maiores informações.
DAVID EMANOEL ALBERNAZ (São Paulo, SP)

Resposta - Para saber mais sobre essa especialização de fisioterapia em ginecologia ligue para (11) 5579-3321, fale com Karim. 

Do temor ao terror


A mera ameaça do tiroteio basta para nos deixar temerosos, como se fosse o tiroteio real

HÁ QUEM proteste com um simples "não gostei", ou com cartazes contra o desafeto da vez, sem causar mais transtorno do que um nó no trânsito. Outros partem para o confronto, em locais previsíveis e de consequências idem. É o que a polícia faz, por exemplo, ao reprimir ações criminosas.
E há quem resolva instalar o terror, atacando sem aviso em locais aleatórios ou, ao contrário, escolhidos a dedo para causar estragos visíveis e imprevisíveis. Como técnicas de submissão e controle, semear temor e terror funcionam muito bem, porque antecipar acontecimentos ruins para então evitá-los é uma especialidade do cérebro.
O cérebro tem seus meios de registrar quando seus feitos e previsões dão certo, ou quando coisas boas são esperadas. Esse é o papel do sistema de motivação e recompensa, sobre o qual vivo escrevendo por aqui.
Afinal, é esse conjunto de estruturas quem nos tira da cama e nos faz achar que a vida vale a pena -ainda que o final, um dia, seja o mesmo para todos.
Tão importante, contudo, é o sistema que serve de contrapeso: o conjunto de estruturas cerebrais que sinalizam quando algo dá errado ou tem chances de dar errado, e quão errado.
Esse sistema de avaliação de custos conta com a amígdala (do cérebro, não da garganta!), que detecta ameaças iminentes e nos faz responder a elas com alterações no corpo que, além de tornarem a ameaça fisicamente palpável (através de palpitações e tensão muscular, por exemplo), ainda nos deixam mais aptos a lidar com o problema; e o córtex cingulado anterior, nosso grande adivinho, que usa informações de experiências anteriores para antecipar problemas.
Dessa forma, tanto o tiroteio real quanto a mera ameaça dele bastam para nos deixar temerosos e dispostos a abrir mão das atividades usuais em nome da própria segurança.
O temor até tem seu lado bom: é o estado de antecipação de algo ruim associado a uma situação específica. Se ser preso é ameaça suficiente para impedir que alguém dirija alcoolizado ou venda drogas, ótimo. "Educativo", diriam alguns. O terror, contudo, não tem regras: ao mostrar que qualquer coisa pode explodir a qualquer momento e qualquer ato pode ser cruelmente punido, o terror ensina o cérebro a ter medo de estar vivo. Uma pena que o cérebro, capaz de tantas coisas boas, também possa gostar de ser temido.

VERÃO NA UNHA

O ato de fazer as mãos está cada vez mais complexo: são tantas cores e texturas lançadas que você vai sofrer na hora de escolher.

Fabricantes brasileiros nunca investiram tanto para dar conta da fome feminina por um verniz a mais.
As loucas por esmaltes, a julgar pelos números atuais desse mercado, não são apenas aquelas blogueiras, umas meninas que fazem convenções sobre a arte da manicure e que são capazes de passar horas discutindo a maneira de alcançar um tom.
A febre só sobe, agora já é delírio. Apenas em setembro de 2010 foram comprados 60 milhões de vidrinhos no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. "Se fosse mantida essa proporção o ano todo, alcançaríamos um total de 720 milhões de unidades vendidas em 2010", calcula o presidente da associação, João Carlos Basilio. Equivaleria ao dobro de toda a produção do ano passado.
O bom é que não vão faltar opções de cores no verão. E como as grifes do Hemisfério Norte estão fazendo seus lançamentos de inverno -rapidamente copiados por aqui- as possibilidades de escolha são multiplicadas. Esmalte é democracia.
No ano passado, a cor mais desejada foi a do esmalte Jade, da Chanel. Agora, a grife criou hits em tons cáqui. A nacional Colorama já colocou no mercado seu verde Militar, inspirado no lançamento invernal da marca francesa.
Nos Estados Unidos e na Europa, estão em alta os tons de verde e os clarinhos, que apareceram nos desfiles mais recentes de Louis Vuitton, Fendi, Oscar de la Renta e Prada.
A M.A.C. acaba de lançar a coleção Nail Trend em parceria com a "guru das unhas" Jin Soon, manicure estrelada que nasceu na Coreia e tem um dos mais sofisticados centros de cuidados com mãos e pés do mundo, em Nova York, o Jin Soon Natural Hand & Foot Spa.
A coleção da M.A.C. traz cores inspiradas na China Imperial: laranja, azul, taupe, verde, roxo e vermelho.
Já as grifes brasileiras jogaram suas fichas nos tons de rosa e coral para o verão.

NADA DE MISTURINHA
A coleção da Risqué por Reinaldo Lourenço é inspirada nos anos 60 e tem cores clássicas e novidades.
Os esmaltes são divididos em texturas foscas (coral, cinza, rosa e azul celestial), e brilhantes (como vermelho mandarim, vermelho fechado e rosa flúor.
A "beauty artist" Agnes Mamede, que integra a equipe do maquiador Daniel Hernandez para desfiles de marcas brasileiras, afirma que os tons pastel devem predominar nos próximos meses. Tom pastel é uma coisa: não significa que aquela misturinha sem cor virou "fashion".
Quem gosta de acompanhar as tendências vai enlouquecer tendo que tomar decisões entre tantos tons de rosa, laranja, verde e azul, sem falar no prata.
Não bastasse ter que optar entre tantas nuances, agora há também as texturas. "O esmalte fosco é uma sensação", afirma Agnes.

MODOS DE USAR
E é preciso variar também na forma de aplicar o esmalte. A maquiadora da M.A.C. no Brasil, Fabiana Gomes, sugere fazer as mãos com diferentes tonalidades de uma mesma cor, quer dizer: pintar cada unha de um tom, para um efeito degradê.
Cláudia Simões, 33, manicure do Studio W, diz que a pintura em meia-lua dos anos 40, com a base da unha clara e a parte superior escura, vai pegar. A diva burlesca Dita Von Teese já adotou, assim como a atriz Mayana Moura, de "Passione". O pessoal do mundo fashion, porém, acha cafona.

A NOVA FRANCESA
A adaptação da francesinha já é bastante requisitada, segundo a manicure. Vale misturar as cores do verão: azul e verde, rosa e verde, ou até cores vivas com a tradicional listrinha branca.
Outra invenção que apareceu pelo Brasil nas mãos de modelos como Isabeli Fontana é a "unha filha única".
Todas as unhas da mão são pintadas da mesma cor e apenas uma fica diferente. Segundo Cláudia Simões, conhecida também como Dá, "ainda é muito raro pedirem isso aqui no Brasil".
Ela explica que essa moda vem das japonesas, mas aparece mais nas passarelas e nas mãos das mais ousadas.

ADESIVO
Batizado de Picnicdric, a "butique de esmaltes" localizada na loja da estilista Adriana Barra, nos Jardins, em São Paulo, é a primeira no Brasil a receber os adesivos especiais de unha termocolantes da americana Minx.
Os adesivos ganharam visibilidade depois que famosas como as cantoras Beyoncé, Katy Perry, Lady Gaga e a "estilista" Victoria Beckham o desfilaram em festas e tapetes vermelhos.
Para aplicá-los é preciso ter uma lâmpada especial, que amolece e fixa os adesivos nas unhas. Os padrões podem ser de oncinha, xadrez, com caveira, bolinhas, listras e flores. O adesivo dourado "craquelado" apareceu no último desfile da grife Alexander McQueen.

O CALOR DOS CORAIS
As grifes brasileiras apresentaram unhas vibrantes nos desfiles de verão, tanto em São Paulo quanto no Rio. É claro que a temporada por aqui é pródiga em esmaltes solares, que "ornam" muito bem com uma mão mais bronzeada. Há uma boa nova fornada de alaranjados, com subtons inusitados, apagados, mas nada básicos. Bons exemplos são os tons de amarelinho e de salmão. Mas são os corais mais potentes que estão fazendo a cabeça e as mãos da mulherada.

ROSAS NADA BOBOS
Difícil resistir a um fetiche cor-de-rosa na estação mais animada do ano. Há muitas opções novas, puxadas pelos esmaltes Pop e Rosa Flúor, dois lançamentos da Risqué. Há os tons feéricos, os queimados, os que flertam com o nude e o cáqui e o rosa-bebê que, na opinião da maquiadoa Fabiana Gomes, da M.A.C. no Brasil, vai ser o hit do verão. Mas é tudo rosa mesmo, nada de misturinha, de rosinha de bobinha, OK? 

MÃOS MILITARIZADAS
Começou com o Jade, o esmalte cor de chiclete de hortelã que a Chanel desfilou em 2009. Enquanto a cor não pulou da passarela para as lojas, as loucas (por esmaltes) fizeram fila de espera tanto na Europa quanto aqui. Houve tráfico de vidrinhos e uma profusão de genéricos imitando a cor. Era raridade, agora há uma avalanche de verdes no mercado, desde os tons de verde-água aos mais fechados. É o caso do Militar, da Colorama, que não fica nada a dever para o novo hit da Chanel, o Khaky Vert, que ainda não está à venda. Junto com os verdes, os tons de cáqui estão bombando e, mais uma vez, é tudo culpa da Chanel, que começou a guerra.

VERÃO NA UNHA

O ato de fazer as mãos está cada vez mais complexo: são tantas cores e texturas lançadas que você vai sofrer na hora de escolher.

Fabricantes brasileiros nunca investiram tanto para dar conta da fome feminina por um verniz a mais.

As loucas por esmaltes, a julgar pelos números atuais desse mercado, não são apenas aquelas blogueiras, umas meninas que fazem convenções sobre a arte da manicure e que são capazes de passar horas discutindo a maneira de alcançar um tom.
A febre só sobe, agora já é delírio. Apenas em setembro de 2010 foram comprados 60 milhões de vidrinhos no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. "Se fosse mantida essa proporção o ano todo, alcançaríamos um total de 720 milhões de unidades vendidas em 2010", calcula o presidente da associação, João Carlos Basilio. Equivaleria ao dobro de toda a produção do ano passado.
O bom é que não vão faltar opções de cores no verão. E como as grifes do Hemisfério Norte estão fazendo seus lançamentos de inverno -rapidamente copiados por aqui- as possibilidades de escolha são multiplicadas. Esmalte é democracia.
No ano passado, a cor mais desejada foi a do esmalte Jade, da Chanel. Agora, a grife criou hits em tons cáqui. A nacional Colorama já colocou no mercado seu verde Militar, inspirado no lançamento invernal da marca francesa.
Nos Estados Unidos e na Europa, estão em alta os tons de verde e os clarinhos, que apareceram nos desfiles mais recentes de Louis Vuitton, Fendi, Oscar de la Renta e Prada.
A M.A.C. acaba de lançar a coleção Nail Trend em parceria com a "guru das unhas" Jin Soon, manicure estrelada que nasceu na Coreia e tem um dos mais sofisticados centros de cuidados com mãos e pés do mundo, em Nova York, o Jin Soon Natural Hand & Foot Spa.
A coleção da M.A.C. traz cores inspiradas na China Imperial: laranja, azul, taupe, verde, roxo e vermelho.
Já as grifes brasileiras jogaram suas fichas nos tons de rosa e coral para o verão.



NADA DE MISTURINHA
A coleção da Risqué por Reinaldo Lourenço é inspirada nos anos 60 e tem cores clássicas e novidades.
Os esmaltes são divididos em texturas foscas (coral, cinza, rosa e azul celestial), e brilhantes (como vermelho mandarim, vermelho fechado e rosa flúor.
A "beauty artist" Agnes Mamede, que integra a equipe do maquiador Daniel Hernandez para desfiles de marcas brasileiras, afirma que os tons pastel devem predominar nos próximos meses. Tom pastel é uma coisa: não significa que aquela misturinha sem cor virou "fashion".
Quem gosta de acompanhar as tendências vai enlouquecer tendo que tomar decisões entre tantos tons de rosa, laranja, verde e azul, sem falar no prata.
Não bastasse ter que optar entre tantas nuances, agora há também as texturas. "O esmalte fosco é uma sensação", afirma Agnes.



MODOS DE USAR
E é preciso variar também na forma de aplicar o esmalte. A maquiadora da M.A.C. no Brasil, Fabiana Gomes, sugere fazer as mãos com diferentes tonalidades de uma mesma cor, quer dizer: pintar cada unha de um tom, para um efeito degradê.
Cláudia Simões, 33, manicure do Studio W, diz que a pintura em meia-lua dos anos 40, com a base da unha clara e a parte superior escura, vai pegar. A diva burlesca Dita Von Teese já adotou, assim como a atriz Mayana Moura, de "Passione". O pessoal do mundo fashion, porém, acha cafona.



A NOVA FRANCESA
A adaptação da francesinha já é bastante requisitada, segundo a manicure. Vale misturar as cores do verão: azul e verde, rosa e verde, ou até cores vivas com a tradicional listrinha branca.
Outra invenção que apareceu pelo Brasil nas mãos de modelos como Isabeli Fontana é a "unha filha única".
Todas as unhas da mão são pintadas da mesma cor e apenas uma fica diferente. Segundo Cláudia Simões, conhecida também como Dá, "ainda é muito raro pedirem isso aqui no Brasil".
Ela explica que essa moda vem das japonesas, mas aparece mais nas passarelas e nas mãos das mais ousadas.



ADESIVO
Batizado de Picnicdric, a "butique de esmaltes" localizada na loja da estilista Adriana Barra, nos Jardins, em São Paulo, é a primeira no Brasil a receber os adesivos especiais de unha termocolantes da americana Minx.
Os adesivos ganharam visibilidade depois que famosas como as cantoras Beyoncé, Katy Perry, Lady Gaga e a "estilista" Victoria Beckham o desfilaram em festas e tapetes vermelhos.
Para aplicá-los é preciso ter uma lâmpada especial, que amolece e fixa os adesivos nas unhas. Os padrões podem ser de oncinha, xadrez, com caveira, bolinhas, listras e flores. O adesivo dourado "craquelado" apareceu no último desfile da grife Alexander McQueen.



O CALOR DOS CORAIS
As grifes brasileiras apresentaram unhas vibrantes nos desfiles de verão, tanto em São Paulo quanto no Rio. É claro que a temporada por aqui é pródiga em esmaltes solares, que "ornam" muito bem com uma mão mais bronzeada. Há uma boa nova fornada de alaranjados, com subtons inusitados, apagados, mas nada básicos. Bons exemplos são os tons de amarelinho e de salmão. Mas são os corais mais potentes que estão fazendo a cabeça e as mãos da mulherada.



ROSAS NADA BOBOS
Difícil resistir a um fetiche cor-de-rosa na estação mais animada do ano. Há muitas opções novas, puxadas pelos esmaltes Pop e Rosa Flúor, dois lançamentos da Risqué. Há os tons feéricos, os queimados, os que flertam com o nude e o cáqui e o rosa-bebê que, na opinião da maquiadoa Fabiana Gomes, da M.A.C. no Brasil, vai ser o hit do verão. Mas é tudo rosa mesmo, nada de misturinha, de rosinha de bobinha, OK? 



MÃOS MILITARIZADAS
Começou com o Jade, o esmalte cor de chiclete de hortelã que a Chanel desfilou em 2009. Enquanto a cor não pulou da passarela para as lojas, as loucas (por esmaltes) fizeram fila de espera tanto na Europa quanto aqui. Houve tráfico de vidrinhos e uma profusão de genéricos imitando a cor. Era raridade, agora há uma avalanche de verdes no mercado, desde os tons de verde-água aos mais fechados. É o caso do Militar, da Colorama, que não fica nada a dever para o novo hit da Chanel, o Khaky Vert, que ainda não está à venda. Junto com os verdes, os tons de cáqui estão bombando e, mais uma vez, é tudo culpa da Chanel, que começou a guerra.

FISCAIS DO SEXO


Mesmo com a overdose de sexo na internet e na TV, ainda tem gente que paga pra ouvir conselhos íntimos e seguir regrinhas de 'personal sex trainer'

Os paranaenses Roberto, 35, e Fernanda, 29, estavam quase se separando. A rotina corrida da médica colidia com o trabalho desgastante do advogado e os momentos íntimos do casal acabaram virando um balé sem graça debaixo dos lençóis, segundo eles. Mera necessidade.
"Ele botava a culpa em mim, na minha falta de tempo. Mas ele também não me procurava, se é que você me entende", conta Fernanda.
Um dia, aconselhado por colegas, Roberto levou para casa uma mulher que falava abertamente sobre diferentes posições sexuais e que carregava em sua mala aquela coisa toda de sempre: algemas, vibradores, você sabe.
Fernanda diz que achou estranho: "A gente estava cogitando a separação e meu marido ainda põe dentro de casa uma bonitona e que se dizia consultora sexual".
A intrusa era (ainda é) Elis Medeiros, 34, curitibana que se formou em administração de empresas e fez curso de "sex coaching" nos EUA.
As sessões com Elis, que se estenderam por três meses, rolavam três vezes por semana e duravam uma hora.
Nos primeiros encontros, ela ouviu as queixas de cada um separadamente. Depois, passou a dar dicas íntimas. Quais? Aquela coisa toda de sempre: mude o cenário, mude a roupa, você sabe.
"Somos professores, ensinamos, eles fazem a lição de casa", diz a "sex trainer".
Nem todas as lições têm sucesso. Uma noite, Fernanda foi dançar para o marido sobre a cama, como mandou a treinadora. "Acabei não vendo a beirada e caí no chão. O sexo terminou ali."
Mesmo assim, o casal pagou R$ 2.500 para descobrir aspectos multifuncionais do chuveiro e da cozinha.
"No começo, foi constrangedor, mas no fim, voltamos a ser como antes", diz o marido. E Fernanda completa: "Hoje, algema é rotina".

INSPETORES
Orientadores sexuais desse naipe não faltam na praça -se é que alguém precisa de um, tendo TV e internet.
Alguns desses fiscais da vida alheia, por sinal, se comparam aos conselheiros Tracey Cox e Michael Alvear, do programa inglês "Os Inspetores do Sexo", que até agosto esteve na grade do GNT.
No reality show, as relações sexuais do casal em crise são filmadas por câmeras instaladas na casa. Os apresentadores assistem às imagens gravadas, diagnosticam e depois passam a lição.
"A única diferença é que eu não tenho câmeras para acompanhar o casal o tempo todo. Só fico sabendo pelo que eles me contam", diz Rita Rostirolla, 45, que se apresenta como a "primeira personal sex trainer do Brasil".
Rita, que não concluiu curso superior (nisso ela é diferente dos fiscais da TV), diz que começou há 15 anos dando dicas "picantes" às amigas, no interior do Rio Grande do Sul. Hoje, cobra R$ 500, por uma hora e meia.
"Eu tenho o dom de falar abertamente daquilo que todo mundo faz, mas não fala", diz a gaúcha. Segundo ela, até 2.000 mulheres já se espremeram numa mesma sala para assistir às suas palestras, às vezes organizadas por corretoras de seguro.
E os homens, ela também treina? "Eles preferem bate-papo informal. Estão sempre interessados em modos de convencer a mulher a praticar posições diferentes", diz.
A paulista Fátima Mourah, 50, ex-professora de dança de salão, também entrou na onda de ensinar sedução para mulheres e vender conselhos sexuais a casais.
A empresária Sandra, 46, é uma de suas alunas. Casada há 30 anos, ela conta que sentia estar perdendo a intimidade com o marido. Correu, então, para aprender "dança sensual".
A instrutora Fátima resume seu trabalho: "Aqui as minhas alunas voltam a ser mulheres, para provar aos maridos que elas são a melhor opção da vida deles".

MUITA PRODUÇÃO
Esse investimento todo em agradar o homem pode ser um desperdício, na opinião da sexóloga e psicanalista Regina Navarro Lins, autora do livro "A Cama na Varanda" (Best Seller).
"O sexo tem que ser valorizado pelo prazer que ele proporciona, pela sua espontaneidade, e não a representação de um papel", afirma ela. A terapeuta acha "abominável" a mulher se fantasiar ou dançar apenas para se ajustar ao desejo masculino.
O papel de treinadores sexuais também é questionado por sexólogos, em especial quando envolve aconselhamento de casais.
"Elas dão conselhos sem ter nenhuma formação", critica Maria Luiza Macedo de Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.
"Nós lidamos com coisas muito mais complexas do que isso de "beija aqui, põe a mão ali", conselhos que qualquer amigo de bar dá", diz.
Segundo a sexóloga, muitas insatisfações sexuais podem esconder problemas que só em uma psicoterapia a pessoa vai conseguir trabalhar, como traumas, repressões e até abusos.
A psiquiatra Carmita Abdo, do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital das Clínicas, concorda.
"O trabalho de "personal" pode ser interessante para casais que têm muita falta de percepção deles mesmos, mas se o problema é uma disfunção sexual ou um conflito psicológico, daí só o terapeuta é que pode resolver."
Regina Navarro Lins dispara: "O tesão não é refém da produção".

By, GUILHERME GENESTRETI

Eles ajudam os casais religiosos a discutir sobre sexo e tabus da cama



Masturbação, sexo anal, sexo oral, brinquedos eróticos... 


Casais religiosos de algumas denominações evangélicas que quiserem conversar sobre esses e outros temas de sexualidade podem encontrar aconselhamento na própria religião com pessoas preparadas para orientá-los. Eles são de prestígio dentro da comunidade ou até mesmo reverendos especializados em atender casais.

Lucia Figueiredo, 58 anos, é uma dessas pessoas. A bióloga é devota da Igreja Batista Betel, em São Paulo, e é o contato indicado pelo pastor para quem busca aconselhamento sexual. Casada há 35 anos, ela desempenha a função há 10, buscando desmistificar o sexo e a relação que os devotos têm com o próprio corpo.
Arquivo pessoalSua atuação começou com o combate à violência contra a mulher, mas isso abriu espaço para papos sobre sexualidade e hoje atua com noivos, casais e jovens. Recentemente, ela organizou um evento chamado “Sexo se aprende na igreja”, com a presença de médicos para tirar dúvidas dos adolescentes.
Mas seu foco mesmo são os casais, já que para sua crença, o sexo fora do casamento é considerado pecado. Dentro dele, vale quase tudo que dê prazer aos dois e fortaleça a relação do casal. “Uma vez em um encontro, o pastor falou que sexo oral é algo sujo. Eu falei ´a nossa boca tem mais bactérias que um órgão genital limpo´", conta. 
O mesmo vale para acessórios sexuais usados a dois e lingeries. Mas uma coisa que ela observa é que a lingerie sexy ainda é uma questão entre os religiosos. “Uma vez, fui procurada por uma mulher que vestiu a lingerie para o marido que pensou ´se ela está vestida como uma prostituta, vou tratar como tal´, e violentou a esposa”, conta Lucia, que já teve de lidar com outros casos de violência sexual dentro de casamentos.
Outro tabu recorrente nas conversas é a masturbação. Mas para Lúcia – e na verdade para todos os demais entrevistados -, isso exige cuidado, porque fantasiar pode ser pecado. “Fantasiar com outra pessoa ou outra situação que não é real pode ser errado”, afirma. Com o sexo é algo que só pode acontecer dentro do matrimônio, é ideal que seja sempre a dois.
“A igreja não pode ir contra a ciência”
Arquivo pessoal “Pesquisas comprovam que casais que têm uma vida sexual ativa, e aqui falo de qualidade, não de quantidade, vivem mais felizes. E a Igreja não pode ir contra a ciência nesse ponto, portanto apoia esse pensamento. Vale salientar portanto, que sexo faz bem para a saúde dos indivíduos e do casal, além de ser abençoado por Deus”, quem diz isso é o reverendo da Igreja Anglicana Rogério de Assis, 40 anos.
Especializado na celebração de casamentos, ele está sempre em contato com casais a quem aconselha sobre as mais diversas questões, inclusive sexuais. Sem perder a fidelidade aos dogmas de sua igreja, ele acredita que não pode dizer que alguma prática consensual de marido e mulher seja pecado. “Afinal, são eles os senhores desses assuntos entre quatro paredes”.
Rogério atua há dez anos como reverendo, mas sua relação com a religião é bem anterior. Já na adolescência entrou para o seminário católico, em busca de se tornar padre. No caminho, porém, começou a sentir que essa não era sua vocação, pois queria formar família. Foi estudar filosofia, mas nunca perdeu a vontade de ser padre. E foi um antigo mentor do seminário que apresentou a ele a igreja Anglicana, onde o celibato não é obrigatório e ele pode se tornar reverendo sem abrir mão do sonho da família.
Sonho que realizou há seis anos, quando se casou. Mas ele prefere não falar muito da sua vida pessoal – o foco aqui é sua atuação na religião. E se o assunto é sexo, ele acredita que só é pecado o prazer pelo prazer. “O ficar por ficar, curtir a vida adoidado é pecado. No carnaval, por exemplo, passei pelo metrô e havia uma pessoa distribuindo camisinhas. Ótimo do ponto de vista da saúde, mas isso não basta. Para a Igreja, o distribuir camisinhas já é o ponto extremo de uma situação que revela a falta de amor-próprio que as pessoas têm para consigo mesmo, quem dirá para com o outro”, explica.
E usar acessórios eróticos, buscar alternativas para apimentar a relação? Ele acha que vale sim, mas é preciso ter cuidado. “Se o casal sente a necessidade de apimentar a relação, se faz bem para os dois dentro de sua fidelidade e respeito conjugal que podemos fazer? Afinal, somos seres livres. Quem sou eu para julgar? Mas é preciso ter a consciência de que quando isso acontece para dar prazer somente a um dos dois, não é mais um casamento conforme o propósito de Deus”. Para ele também, a palavra de ordem é consenso.
Os donos do sex shop para evangélicos
Arquivo pessoal
Lídia e João Ribeiro vão um pouco além da consultoria para casais. Sim, eles orientam casais e conversam sobre sexualidade, mas também são donos de um sex shop voltado para evangélicos no interior de São Paulo e lançaram recentemente um romance erótico – que tem até um personagem gay.

Lídia é terapeuta sexual formada, mas a ideia da sex shop veio meio por acaso, quando viram uma reportagem sobre como produtos eróticos podiam auxiliar casais. Há seis anos começaram vendendo alguns produtos entre conhecidos e até nos encontros da igreja, até que o volume foi aumentando e, há três anos, abriram a loja física.
Entre vendas, conversas e palestras em igrejas, eles procuram sempre desconstruir tabus e reforçar para os casais a importância da relação sexual e do prazer para o casamento. “Sexo e sexualidade são tabus em toda a sociedade, mas obviamente é mais potencializado no público evangélico”, conta João.  
No dia a dia deles, tabus não faltam e o maior e mais recorrente é o sexo anal. “90% dos homens querem fazer, 90% das mulheres se recusam. E isso é para nós uma zona de areia movediça, porque a maior parte das religiões coloca o sexo anal como pecado”, explica João.
O que eles estimulam é que o casal busque outras formas de se satisfazer. Para isso vendem uma grande variedade de produtos, menos filmes pornográficos ou outros itens para estimular a masturbação, já que ela é considerada pecado. Géis, óleos e vibradores para uso a dois, como anéis penianos, são os produtos que mais saem na loja – e a procura tem sido cada vez maior.
O cenário que eles experimentam, na verdade, não é exceção. Cada vez mais as religiões evangélicas têm se aberto para discutir sexualidade. “Há uns 10 ou 15 anos existe uma postura interessante de algumas denominações evangélicas de maior abertura para falar sobre o tema. Claro que sempre dentro dos limites do casamento, explica o doutor em sociologia pela PUC, Luis Mauro Sá Martinno.