E SE VACCARI OU DELÚBIO TIVESSEM CONTA NO HSBC?
Num novo capítulo do caso Swissleaks, o jornal O Globo revelou que "políticos estão na lista do HSBC", assim, de modo superficial e genérico; o nome mais importante da lista é o do tucano Márcio Fortes, que foi o pai das privatizações, no BNDES, além de tesoureiro de FHC, de José Serra e secretário-geral do PSDB; na lista, ele aparece com US$ 2,5 milhões; se isso não bastasse, Fortes foi também o maior doador individual de campanhas tucanas; o Globo, no entanto, decidiu diluir sua participação no caso, misturando-o com prefeitos e vereadores com contas zeradas; seria esse o comportamento se, de repente, aparecessem contas de tesoureiros petistas, como Delúbio Soares e João Vaccari?
Dias atrás, uma reportagem da agência Reuters revelou como funciona a blindagem ao PSDB em parte da imprensa brasileira. No rascunho de uma matéria, que foi ao ar por engano, o jornalista sinalizava ao editor que poderia retirar uma menção negativa ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, referente ao escândalo da Petrobras
Nesta quinta-feira, o jornal O Globo deu mais uma demonstração desse fenômeno de proteção seletiva. Ao noticiar que “políticos” estão na lista do HSBC, a publicação dos Marinho escondeu bem mais do que revelou ao público. A descoberta mais importante, por qualquer critério, é a presença de um ex-presidente do BNDES, que depois se tornou secretário-geral do PSDB e tesoureiro das campanhas de Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Ele mesmo, o ex-deputado Márcio Fortes, que apareceu com US$ 2,4 milhões numa conta numerada, ou seja, secreta.
Márcio Fortes, secretário-geral do PSDB, é o maior doador do partido
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-geral do PSDB, deputado Márcio Fortes (RJ), é a pessoa física que mais dá dinheiro ao partido. Segundo a prestação de contas de 2000, ele doou R$ 245 mil ao PSDB. Neste ano, o próprio Fortes admitiu que já deu ao PSDB R$ 60 mil.
Do total doado ao PSDB em 2000 -R$ 1,125 milhão-, a contribuição do deputado representa 21%. As contas do ano passado ainda não foram apresentadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os partidos têm até o dia 30 deste mês para entregar ao tribunal o balanço de 2001.
Segundo Márcio Fortes, 57, o dinheiro repassado ao partido vem de seu patrimônio, de sua poupança. Ele é empresário da construção civil no Rio de Janeiro e já ocupou cargos públicos como as presidências do Banerj (banco estadual privatizado) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Estadual).
“Essa pergunta [sobre a origem das doações” deveria ser feita ao Everardo Maciel [secretário da Receita Federal”. Está tudo na minha declaração do Imposto de Renda”, afirmou o tucano.
Márcio Fortes afirmou que estabelece uma relação de troca com o partido: ele doa o dinheiro e recebe apoio da estrutura partidária (vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais e senadores).
“Eu sou um político. Ao ajudar, estou enriquecendo o partido, que vai me enriquecer quando eu precisar de sua estrutura. Não é cifra. São votos. Eu gosto de dar para o partido”, disse.
Na administração do dinheiro do PSDB, Márcio Fortes é considerado “pão-duro” pelos colegas. Ele mesmo disse que não é “perdulário” e que exige comprovação da necessidade de cada um dos gastos sugeridos pelos tucanos. “O dinheiro não é meu. Se fosse, eu gastava”, afirmou. (LD e AM)