Não é segredo que o avanço tecnológico, a acessibilidade cada vez mais facilitada e a ampla divulgação de informação e materiais que temos contato diariamente trouxeram inúmeros benefícios para o desenvolvimento da sociedade. Porém, como Nicholas Carr defende em seu livro, “The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains”, a velocidade e bombardeamento de informação constante estão nos fazendo perder a capacidade de concentração e nos tornando menos reflexivos.
O que, em outras palavras, significa dizer que estamos nos tornando verdadeiras "esponjas" que absorvem informações de todos, numa velocidade tão alta, que estamos perdendo nossa capacidade crítica e analítica. Nossas mentes se habituaram a catalogar, arquivar e pesquisar informações, como verdadeiros computadores, e isso tem nos tornado cada vez mais desfocados, distraídos e superficiais em nossas relações, inclusive, e principalmente, conosco. Vivemos em um ritmo tão acelerado, sendo demandados em tantas funções e sob diversos tipos e níveis de pressões, que muitas vezes não temos condições de pensar e avaliar sobre cada ato que estamos realizando. Estamos entramos em modo automático, de raciocínio lógico e prático, para conseguir cumprir com nossas obrigações.
Provavelmente, você já deve ter ouvido de alguém ou lido algo como “A tecnologia aproxima quem está longe e afasta quem está perto”, mas e quando essa tecnologia acaba contribuindo para descuidarmos de nossa saúde mental e nossa conexão mais profunda com o nosso interior?Quando foi a última vez em que você parou para se cuidar ou prestar atenção em você mesmo? Em que você parou para ouvir seus pensamentos, avaliar sua satisfação em relação a seus atos e suas atividades, colocar em prática suas vontades e aspirações mais profundas (e por que não, malucas)? Quando foi a última vez em que você ficou em silêncio, sozinho e relaxou? Sem pensar no que tem que fazer logo após ou no dia seguinte, sem se preocupar com o próximo horário a cumprir, nas contas mensais ou o prazo do próximo relatório do trabalho? Quando foi a última vez em que você limpou suas gavetas e caixas e se permitiu surpreender com as enormes lembranças de pessoas queridas e momentos insubstituíveis contidas nelas, em forma de objetos ou de fotos, e o melhor, se você parou para comparar o que mudaram daquela época para hoje? Para melhor ou para pior, sim. A auto-avaliação, de tempos em tempos, é absolutamente benéfica e necessária para acertarmos o que achamos que não está em conformidade e caminharmos em direção ao que almejamos.
Não há fórmula mágica para nos conectarmos com nossas mentes, cada pessoa é única e responde melhor a estímulos completamente diferentes. Mas existem alguns caminhos que nos auxiliam no processo. Comumente elas são associadas a técnicas de relaxamento, por produzir a sensação de bem-estar e alívio de stress e tensões, que são perfeitamente válidas. Abaixo, seguem sugestões:
ü Defina quais as atividades em que você acha que poderia relaxar, e escolha atividades que você realmente goste.
ü Não tenha medo de tentar algo novo e diferente (o cérebro agradece). Estará dando oportunidade a si mesmo de descobrir novas formas de se relacionar com o seu corpo e assim usufruir das riquezas intermináveis que ele pode produzir.
ü Verifique a existência de atividades de lazer onde vive e provavelmente que pouco frequenta (cinemas, praias, clubes, atividades culturais, exposições parques, etc).
ü Procure praticar exercícios leves como caminhar, andar de bicicleta, dançar, nadar, praticar jardinagem, etc.
Por exemplo: sinta o peso do seu corpo ao caminhar, sinta a respiração, sinta a sensação do ar entrando e saindo dos seus pulmões, o cabelo ao vento, os músculos que usa, a sensação do vestuário…entre muitas outras coisas.
ü Caso tenha interesse, procure praticar algumas técnicas de relaxamento mental para criar a sensação de paz e tranquilidade de corpo e mente.
ü Outras técnicas de relaxamento mental incluem a leitura de um bom livro ou deixar-se envolver na tranquilidade de uma música suave, ou concentrar-se na contemplação.
ü Atividades criativas como pintura, desenho, cerâmica, carpintaria, tricô e mesmo arte culinária, por prazer, podem lhe dar também um sentido de realização, paralelamente ao tranquilizante relaxamento de se concentrar em algo que você deseja fazer.
ü Você também pode aliviar o cansaço do dia-a-dia do trabalho com um banho bem demorado, logo que chegar em casa. Este pode ser considerado um exercício excelente de estimulação dos sentidos. Aprecie a água a cair no seu corpo, o som que faz, a temperatura que sente, o impacto das gotas do chuveiro, o estado de relaxamento que consegue atingir, sinta isso e contemple o prazer que está presenciando, foque-se nas sensações e perceba o nível de bem-estar que sente.
ü Procure atentar para os pequenos detalhes do seu dia-a-dia. Por exemplo, reparar nos prédios ou na paisagem do caminho feito para o trabalho/escola/faculdade; tente traçar novas rotas e descobrir alternativas para o destino que frequenta rotineiramente, você pode se surpreender com o caminho ou acabar conhecendo algo interessante.
Sabemos que nossas realidades, muitas vezes, não nos permitem fazer tudo o que queremos a todo o tempo. Nem todos nós temos o emprego que sonhamos ou exercemos a profissão que almejamos. Temos responsabilidades, obrigações e deveres que pode não ser condizente com as nossas expectativas. Não temos que nos acomodar com o que não nos agrada, pelo contrário, devemos procurar evoluir e mudar o que nos convém, porém, para encontrar alternativas e soluções para essas questões, é fundamental que estejamos em dia com a nossa saúde mental.
Portanto, não se esqueça de tirar alguns momentos do seu dia ou da sua semana para se desconectar do mundo ao seu redor e se dedicar a você, ao que você realmente deseja, prestar atenção em você, sua mente, seus pensamentos, relações e avaliar seus sentimentos, ações e aspirações.