Mais de quatro anos após um helicóptero da Polícia Militar ser abatido por traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, pelo menos dez criminosos transferidos para presídios federais fora do Rio sob suspeita de terem participação no episódio continuam em unidades de segurança máxima, mesmo depois de terem se livrado das acusações.
Investigados por participação na guerra entre facções rivais e o ataque à aeronave, os bandidos não foram sequer denunciados pelo Ministério Público estadual.
Nessa mesma situação, Marcio Batista da Silva, o Dinho Porquinho, e Levy Batista da Penha, o Baby, conseguiram, após recursos no Superior Tribunal de Justiça, deixar as unidades federais. Suas defesas alegaram que as suspeitas de participação deles no episódio não foram comprovadas. Os advogados de Dinho, na defesa de outros cinco presos que ainda estão fora do Rio, tentam estender a decisão do STJ para os outros clientes. Ainda não houve, no entanto, decisão.
- Eles foram transferidos por suspeitas que nunca se confirmaram. É um absurdo. Está havendo abuso. Não há critério de análise pela Secretaria de Segurança e Vara de Execuções do Rio - protesta a advogada Cristina Rissi Pienegonda, que defende dois dos presos.
Os presos
O grupo que permanece fora do Rio pelo episódio: Edgar Alves de Andrade, Fabio Pinto dos Santos, Nei da Conceição Cruz, Ocimar Nunes Robert, Wilton Carlos Rabello Quintanilha, Marcelo Fonseca de Souza, Marcos Marinho dos Santos, Bruno da Silva Loureiro, Odir dos Santos e Edilson Lourenço de Azevedo.
Quatro traficantes serão levados a Júri Popular pelo caso: Luiz Carlos Santino da Rocha, o Playboy, Magno Fernando Soeiro Tatagiba de Souza, o Magno da Mangueira, Fabiano Atanázio da Silva, o FB (foto), e Leandro Domingos Berçot, o Lacoste. Todos estão presos, mas só três em unidades federais. Em 17 de outubro de 2009, a aeronave Fênix 3, da PM, foi abatida por criminosos que estavam em guerra pelo controle do Morro dos Macacos. Três policiais morreram na operação.
Segundo a Justiça, presos são perigosos
As idas dos dez presos para unidades federais foram pedidas pela Secretaria de Segurança do Rio. Os prazos para permanência nas unidades duram 365 dias. No fim do período, a Vara de Execuções Penais do Rio, com base em informações de inteligência, pede a renovação nas penitenciárias.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio disse que os dez presos são perigosos, respondem a processos e já foram condenados em outros. Por isso, mantê-los fora do estado é essencial para manter a ordem pública. Já a Secretaria de Segurança disse pedir a permanência dos presos quando identifica que eles são de alta periculosidade ou exercem influência na região onde vivem. O órgão não falou sobre a situação de cada um dos dez presos, alegando que se tratam de informações de inteligência.