Em evento de comemoração dos dez anos de governo petista no País, Luiz Inácio Lula da Silva lançou na quarta-feira, 20, a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. O ex-presidente exaltou a sucessora e afilhada política, fez desafios ao PSDB e se referiu diretamente o pré-candidato do partido adversário ao Palácio do Planalto, Aécio Neves, que horas antes havia discursado no plenário do Senado.
Lula também criticou seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, por ter reclamado das recorrentes comparações petistas com o governo tucano – a mais recente feita numa cartilha distribuída à militância.
"A resposta que o PT deve dar a eles é dizer que eles podem se preparar, podem juntar quem eles quiserem, porque, se eles têm dúvida, nós vamos dar como resposta a reeleição da Dilma em 2014", disse Lula, ao lado da presidente, às cerca de mil pessoas que participaram do evento realizado à noite num hotel da zona norte paulistana. Foi a primeira vez que o presidente citou abertamente a reeleição de Dilma após os rumores de que ele poderia voltar a disputar o Planalto no ano que vem.
"Gente, descobri que só o fato de passar oito anos dizendo 'nunca antes na história', 'pela primeira vez', comparando com eles, perturbou-os. Nós queremos comparar", afirmou Lula.
O ex-presidente, que optou por uma gravata verde e amarela em vez da vermelha, cor do PT, afirmou que os tucanos estão "sem valores, sem discurso e sem proposta". "Todas as coisas que eles pensaram em fazer, nós fizemos mais e melhor. Por isso queremos fazer esse debate com eles, com a opinião publica, com a imprensa", disse ele, que há meses evita os repórteres. Assim como os demais oradores, Lula não fez menção ao mensalão – condenados no caso compareceram ao ato. Contudo, afirmou não temer debater a corrupção. "Não temos medo de comparação. Inclusive em debate sobre corrupção."
Dilma, que falou depois de Lula, não mencionou a questão eleitoral. Mas embarcou nas críticas à oposição. Falou em "timbres do atraso", no uso de "jogo estatístico" para atacar os números de seu governo e no "jogo do desprezo" de quem defende a "estatística da miséria". Ela enalteceu a gestão Lula: "Ele fechou a porta do atraso para escancarar a porta da oportunidade para milhares de brasileiros". Também elogiou sua política econômica, ao falar que o País voltará a crescer com estabilidade monetária. Atacou ainda "previsões tendenciosas", entre as quais a de uma crise energética, rechaçada por ela.
'Do povo'. Orientados pelo marqueteiro do PT, João Santana, que criou o lema oficial "do povo, pelo povo e para o povo" usado na celebração, Lula, Dilma e o presidente do PT, Rui Falcão, priorizaram as questões sociais em seus discursos na festa.
Dilma também defendeu o PT ao dizer que o partido é o "mais perseguido por aqueles que nunca tiveram compromisso com o povo". "A gente jamais abandonou os pobres", disse a presidente.
Santana criou toda a iconografia do ato e apresentou o jingle que marca as comemorações dos dez anos, cujo refrão repete várias meses a expressão "meu PT, meu PT, meu PT" e encerra com "uma história de amor pelo Brasil".
Com a voz ainda falha, em razão da recuperação do tratamento de combate a um câncer na laringe, Lula enalteceu sua ação política em questões como a economia e a reforma agrária e afirmou que foram elas, junto com a ampliação do arco de alianças do PT, que proporcionaram aos petistas chegarem ao poder e se manterem nele pelos dez anos.
"Passei dez dias sem querer aceitar a Carta ao Povo Brasileiro. Porque eu tinha que mudar parte da história", disse Lula, lembrando da carta na qual se comprometeu a manter os fundamentos econômicos do País e não romper contratos. "Foi a teoria do Lulinha 'paz e amor' que fez com que a gente criasse a base aliada com partidos que pensam diferentes de nós.
Sabemos o quanto e importante manter uma base aliada com gente que a gente até não gosta. Ora, não é pra casar! Eu casei foi com a Marisa", afirmou.