Aisha Kadafi fugiu para Argélia após a tomada de Trípoli pelos então rebeldes líbios no em agosto
Um advogado da filha de Muammar Kadafi disse na quarta-feira que escreveu ao procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI) perguntando se as mortes do pai e de um irmão dela estão sendo investigadas. A Reuters teve acesso a uma cópia da carta, que diz que Kadafi e seu filho Motassim foram "assassinados da forma mais terrível, com seus corpos posteriormente exibidos e grotescamente abusados, em completa violação da lei islâmica".
"As imagens dessa selvageria foram transmitidas no mundo todo, causando forte perturbação emocional à minha cliente", disse a carta assinada por Nick Kaufman, advogado de Aisha Kadafi. "Até a presente data, nem a sra. Gaddafi nem qualquer membro da sua família foram informados, por parte do seu gabinete, do início de uma investigação sobre as circunstâncias que cercam os brutais homicídios", diz a carta.
Muammar e Motassim Kadafi foram capturados em outubro na cidade natal deles, Sirte, após passarem dois meses foragidos das forças rebeldes que tomaram o poder na Líbia. Eles foram mortos logo depois de serem detidos, quando já estavam sob custódia de combatentes leais ao novo governo. As circunstâncias dessas mortes não foram totalmente explicadas. Em um vídeo muito difundido na época, Kadafi aparece sujo e desnorteado, mas sem ferimentos graves aparentes, sendo intimidado pelos inimigos.
Aisha e outros parentes de Kadafi fugiram para a Argélia em agosto, quando os rebeldes tomaram Trípoli, a capital. O TPI, com sede em Haia, expediu meses atrás um mandado de prisão contra Muammar Kadafi e outro filho dele, Saif al Islam, e contra o ex-chefe de inteligência Abdullah al-Senussi - todos acusados de crime contra a humanidade na repressão à rebelião na Líbia.
Na carta, o advogado também pede ao TPI que pressione o novo governo líbio a investigar a morte do ex-governante e de seu filho, e que examine relatos de que a Otan teria bombardeado o comboio de Kadafi momentos antes da sua captura. "O seu gabinete está investigando o ataque supostamente realizado pelas forças da Otan a fim de determinar se a responsabilidade criminal individual deve ser imputada a um ataque militar ilegal?", pergunta o advogado.